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O CLIMA
CONTRA-ATACA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) Brasil
Março de 2004
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Com
o aquecimento global, a biodiversidade do
planeta corre risco e os esforços internacionais
para resolver o problema não estão
sendo efetivos
Um abrangente estudo da
Universidade de Leeds, no Reino Unido, publicado
em janeiro deste ano, constatou que 25% das
espécies animais e vegetais do planeta
poderão ser extintas até 2050.
Baseando-se em uma projeção
mediana de aquecimento da Terra que varia
entre 1,8ºC e 2ºC, das 163 plantas
do bioma Cerrado que foram incluídas
no estudo, 75 (46%) poderão desaparecer.
No caso de aumentos de temperatura maiores
que 2º C, até 52% das espécies
poderiam sumir do globo.
Especialistas da Organização
Meteorológica Mundial (OMM) — órgão
das Nações Unidas para a meteorologia
(tempo e clima) e outras ciências afins
— afirmam que |
a maior
parte do fenômeno é resultado
da ação do homem. Desmatamento,
alteração do uso do solo, construção
de represas e o consumo de combustíveis
fósseis causam um aumento das emissões
de gases responsáveis pelo efeito estufa,
elevando a temperatura média da Terra.
Em 2003, o terceiro ano mais quente da história
da humanidade, tufões, ciclones e inundações
vitimaram milhares de pessoas. Além
disso, com o planeta mais quente, a distribuição
de vetores (insetos transmissores) de doenças
como malária, febre amarela e cólera
cresce. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) afirma que o aumento
da temperatura favorece o crescimento de casos
de malária em áreas como a Amazônia,
e de dengue nos centros urbanos. |
Uma
das soluções para minimizar
o aquecimento global é a imediata entrada
em vigor do Protocolo de Kyoto (veja quadro).
Para isso, faz-se necessária a ratificação
do documento por, no mínimo, 55 países
que sejam responsáveis por pelo menos
55% das emissões totais de gases que
causam o efeito estufa. Os EUA, país
responsável pela emissão de
36,1% dos gases lançados na atmosfera,
anunciou
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em março
de 2001 a sua retirada das negociações,
dificultando a implementação
do protocolo. Até agora, 120 países
já o ratificaram, mas suas emissões
representam só 44,2% do total. A Rússia,
que adia sua decisão de aceitar o tratado,
representa a porcentagem restante para sua
entrada em vigor.
Em dezembro de 2003, durante a 9ª Conferência
das Partes (COP9) da Convenção
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (UNFCCC, veja box), na cidade
italiana de Milão, os países
participantes não conseguiram avançar
nas negociações para a implementação
do Protocolo de Kyoto. Em vez de forçarem
a ratificação do documento pelos
países mais poluidores, preocuparam-se
em formular regras para inclusão de
projetos de florestamento e reflorestamento
dentre os chamados Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo (MDL). |
Os
MDL foram originalmente pensados para ajudar
os países poluidores a modificarem
seus processos e parques industriais, deixando
assim de emitir os gases que causam o efeito
estufa. Nas negociações para
implementação do Protocolo de
Kyoto, essa idéia foi modificada, permitindo
que os países desenvolvidos venham
a compensar uma porcentagem de suas emissões,
promovendo o plantio de florestas em seu |
território
ou no de países em desenvolvimento. Muito
embora as árvores, quando em fase de crescimento,
te-nham a capacidade de remover gás carbônico
da atmosfera, o plantio de florestas (inclusive
de espécies transgênicas, como aprovado
na COP 9) é uma ação paliativa
pois seria necessário uma superfície
“verde” muitas vezes maior que a do planeta para
reverter a situação atual.
Para o Greenpeace, a solução para
minimizar os efeitos do aquecimento global está
na soma de esforços políticos, conhecimento
científico e recursos financeiros, assim
como na modificação de nossos hábitos
e padrões de consumo individuais. Só
assim será possível a transformação
da indústria poluidora em um modelo mais
limpo, a substituição das fontes tradicionais
de energia (carvão, petróleo e nuclear)
pelas renováveis, e a mudança da agricultura
para um novo modelo que conserve as florestas e
a biodiversidade.
Um bom exemplo de que essas propostas para modificar
o cenário atual são possíveis
será a grande conferência internacional
sobre energias renováveis, marcada para junho
próximo, em Bonn (Alemanha). Já chamada
de “Revolução Renovável”, essa
conferência está sendo considerada
tão importante para incentivar a adoção
das novas fontes limpas de energia quanto a Rio-92
foi para a propagação da questão
ambiental como um todo.
Fique por dentro!
O que é a UNFCCC?
Sigla em inglês para Convenção
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, que é o primeiro tratado
internacional a tratar do aquecimento global,
ratificado por 188 países. Seu objetivo
é estabilizar a concentração
de gases do efeito estufa em um nível que
não cause interferências perigosas
no clima do planeta.
O que é a Conferência das Partes
(COP)?
Órgão supremo de tomada de decisões
da convenção, reúne os países
ou grupamentos regionais dispostos a seguir o
acordo com força de lei.
O que é o Protocolo de Kyoto?
Instrumento criado para a implementação
da convenção, exige que os países
industrializados reduzam a emissão de gases
responsáveis pelo efeito estufa entre 2008
e 2012 em aproximada-mente 5%, tendo como base
os níveis de 11000.
Patagônia
O navio do Greenpeace Arctic
Sunrise esteve na Patagônia (Chile e Argentina),
durante os meses de janeiro e fevereiro, para
documentar os efeitos das mudanças climáticas
sobre as geleiras da região. As calotas
polares geladas são as áreas que
estão derretendo mais rapidamente na Terra.
As geleiras contêm 70% da água doce
disponível no planeta e, à medida
que derretem, elevam o nível dos oceanos.
Sócios em ação
Envie um cartão postal
da Patagônia aos líderes mundiais
que participarão da Conferência Internacional
de Energias Renováveis na Alemanha, em
junho, pedindo que invistam em fontes de energia
limpas em seus países. Os cartões
serão impressos e colocados dentro de um
enorme bloco de gelo, a ser entregue aos governos
participantes do encontro. Acesse www.greenpeace.org.br/patagonia
• Veja mais informação sobre os
efeitos das mudanças climáticas
em www.greenpeace.org.br/clima
(clique em Impactos regionais das alterações
climáticas no planeta).
Fonte: Greenpeace-Brasil
( www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
Foto: M .Barret/Arquivo Museu Salesiano/D. Beltra/Greenpeace |
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