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FUNAI PEDE
APOIO DA OAB NO PROCESSO DE DEMARCAÇÃO
DE TERRAS INDÍGENAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2004
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O presidente da
Fundação Nacional do Índio
(Funai), Mércio Pereira Gomes, pediu hoje
o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para
concluir o processo de demarcação
de terras indígenas do país. A meta
da Funai é conseguir, até o final
de 2005, a homologação de todas as
terras indígenas brasileiras – que chegam
a 620 em todo o país, concentradas principalmente
nas regiões Norte e Nordeste.
Atualmente, das 620 terras indígenas mapeadas
pela Funai, 440 já foram demarcadas e 430
homologadas. Em 2004, a entidade vai lutar pela
demarcação de mais 50 áreas
indígenas. Na conclusão do processo,
no ano que vem, a Funai pretende conseguir a demarcação
das áreas restantes. Com a demarcação
total das terras, os índios vão deter
12% do território brasileiro.
Na opinião do presidente da Funai, o processo
de demarcação vai permitir resgatar
a dívida histórica com os primeiros
habitantes do país. “Temos 500 anos de destruição
de áreas e de povos indígenas, e temos
pelo menos um século de consciência
de que o Brasil tem que pagar essa dívida.
E nós estamos nos aproximando da conclusão
das demarcações”, ressaltou Mércio
Gomes. Segundo estatísticas da Funai, existem
hoje 410 mil índios espalhados pelo Brasil.
Com a demarcação das terras, a entidade
calcula que, em 15 anos, serão 1 milhão
de índios no país.
O presidente em exercício da OAB, Artistoteles
Atheniense, comprometeu-se a estudar a questão
da demarcação das terras indígenas
e sugeriu que o assunto seja discutido de forma
detalhada pela Comissão de Direitos Humanos
da Ordem. “A OAB não tem compromisso com
partido político. Temos ampla liberdade de
ação. O que queremos é formar
uma compreensão para que as coisas melhorem
em todo o país”, ressaltou Atheniense.
Mércio Gomes também aproveitou o encontro
para reiterar a defesa da homologação
contínua da reserva Raposa Serra do Sol,
em Roraima. A Funai está preparando recurso,
a ser protocolado no Superior Tribunal de Justiça
(STJ), contra a liminar concedida pela desembargadora
Selene Maria de Almeida, do Tribunal Federal da
1ª Região, contrária à
homologação contínua dos 1,7
milhão de hectares da terra indígena.
A decisão diminui a reserva em quase 20%,
excluindo áreas como municípios, vilas,
plantações de arroz e um parque nacional.
O impasse sobre a demarcação da reserva
divide o governo federal, o estado de Roraima e
as várias tribos indígenas da região.
A região está demarcada e declarada
como terra indígena desde 1998. Parte dos
índios defende a demarcação
contínua das terras, mas o estado e algumas
tribos temem perder a força de sua economia
com a delimitação total das terras
- uma vez que a área da reserva é
quase do tamanho do Estado de Roraima. Cabe agora
ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir
sobre a homologação da reserva.
Para o presidente da Funai, a homologação
contínua da Raposa Serra do Sol é
um direito constitucional dos índios e vai
garantir a preservação do meio ambiente
e permitir o acesso permanente dos povos indígenas
em toda a região.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Gabriela Guerreiro