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NOVA OCUPAÇÃO
AMEAÇA ÚLTIMAS FLORESTAS DO
PARÁ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2004
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O
Pará está entrando em um novo ciclo
de ocupação de terras, que pode ser
ainda mais violento que o desencadeado a partir
dos anos 70 nas regiões sul e sudeste do
Estado. A advertência é do procurador
do Ministério Público Federal no Pará,
Felício Pontes, que participou, ontem, de
uma audiência pública com integrantes
da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) da Terra na capital paraense.
Ele advertiu que a região oeste do Pará
- onde estão as últimas florestas
de mogno do mundo - pode ser o cenário de
um novo massacre de trabalhadores rurais se o Estado
não marcar rapidamente sua presença.
Ocupação
e mortes
O procurador disse
que o "delírio militar" de ocupar
a Amazônia para que ela não fosse internacionalizada
teve dois objetivos: a extração da
madeira e a produção pecuária.
Felício Pontes afirmou que hoje a pecuária
foi substituída pela plantação
de soja, e que essa substituição trouxe
um agravante: a pecuária fazia poucos empregos,
mas fazia, enquanto a soja praticamente não
emprega.
A invasão do sul do Pará por grandes
fazendeiros, desalojando índios, pequenos
agricultores e trabalhadores rurais, transformou
essa região na mais violenta do País.
Entre 1971 a 2003, foram mortas 419 pessoas em conflitos
agrários. "Não é possível
419 assassinatos sem julgamento, sem esclarecimento,
em uma só região", desabafou
o deputado Jamil Murad (PCdoB-SP). O parlamentar
apelou para que a Justiça autorize uma escuta
telefônica a fim de ligar pistoleiros a mandantes
e acabar com a impunidade.
No Pará, 70% das terras públicas do
Estado pertencem à União, o que, segundo
o deputado João Alfredo (PT-CE), relator
da CPMI, torna a reforma agrária no Pará
mais barata, porque bastaria o Governo tomar as
terras ocupadas irregularmente.
Fonte: Agência Câmara
(www.camara.gov.br)
Assessoria de imprensa (Natalia Doederlein e Simone
Ravazzolli)
Colaboração: CPMI da Terra