SITUAÇÃO DE MUNICÍPIOS DA MATA ATLÂNTICA REVELADA EM MAPAS DISPONÍVEIS NA INTERNET

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Maio de 2004

A Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), lançou ontem (26/5) o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, que conta com um grande diferencial em relação aos trabalhos anteriores: todos os dados estão disponíveis na internet, um passo fundamental à democratização das informações produzidas. A cerimônia foi realizada propositalmente no Senado, onde o Projeto de Lei da Mata Atlântica, em tramitação há 12 anos, está travado.
O diretor de relações institucionais da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, foi o mestre de cerimônias do lançamento do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, o que garantiu descontração ao evento, realizado propositalmente no Senado, onde há risco de o Projeto de Lei (PL) da Mata Atlântica, em tramitação há 12 anos, ser alterado e, por isso, ter de voltar à Câmara dos Deputados e ser desconfigurado. Ao lado de Mantovani, sentaram-se o secretário
de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, o senador Aloísio Mercadante (PT/SP), o deputado federal José Sarney Filho (PV/MA), e Miriam Prochnow, coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA). Com diversos elogios ao trabalho de monitoramento da Mata Atlântica realizado há 15 anos pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo INPE, as manifestações em prol da aprovação do Projeto de Lei (PL) da Mata Atlântica foram, obviamente, o foco político do lançamento.
O PL está travado no Senado, principalmente, por conta de um artigo, o número 46, que prevê o direito de indenização caso a aplicação desta lei reduza o potencial econômico da propriedade rural, do qual não abre mão a bancada do PFL. E, para complicar o quadro, a relatoria do projeto é de um senador do partido, César Borges (BA). “O governo teve e tem empenho em aprová-lo”, afirmou Mercadante, justificando que a intenção era votá-lo em regime de urgência, o que não foi possível devido à oposição do PFL. "A idéia original era aprovar o PL sem

alterações, com o compromisso de que o governo vetaria o artigo 46." Segundo o senador, o projeto deve ser aprovado até o fim de junho, mas com pequenas mudanças, o que exigirá que retorne à Câmara dos Deputados, para ser apreciado novamente pelos deputados. “O projeto não pode ser aprovado como está, pois abre brecha para uma ‘indústria de indenizaçoes’.”
Convidada a falar, a senadora Ideli Salvatti (PT/SC) apresentou posicionamento diferente. “Eu sou mais otimista que o Mercadante.” Para ela, o melhor a ser feito é articular forças no Senado para a aprovação do PL como está, com veto ao artigo 46, ressaltando que, com mudanças no projeto, ele dificilmente terá condições de ser votado neste ano, devido à proximidade do recesso eleitoral, em julho, e, na seqüência, do início das campanhas das eleições municipais, que costumam de certa forma paralisar o Congresso Nacional.
Para José Sarney, tão importante quanto voltá-lo com urgência é evitar que sejam cometidos retrocessos. “Essa não é a lei ideal, mas é a lei possível”, referindo-se ao processo de negociação realizado ao longo dos 12 de tramitação, resultado que não agradou totalmente todos os setores, nem mesmo os ambientalistas, como expôs ontem ao Instituto Socioambiental (ISA) Betsey Neal, secretária-excutiva da RMA.

Mapas e dados na internet

Além de ter realizado o primeiro mapeamento da Mata Atlântica, a Fundação SOS Mata Atlântica monitora a dinâmica de desmatamento do bioma há 15 anos, provocada, entre outros, pela especulação imobiliária e ampliação das fronteiras agrícolas. Já foram produzidas três versões do Atlas Evolução dos Remanescentes Florestais Associados da Mata Atlântica, cobrindo os seguintes períodos: 1985-11000, 11000-1995 e 1995-2000, que mostravam, até então, a situação dos Estados.
Com dados de 2000, o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica a situação do bioma em 2.815 municípios de 10 dos 17 Estados de ocorrência do bioma - Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, projeto patrocinado pelo Banco Bradesco, com co-patrocínio da Colgate-Palmolive/Sorriso Herbal. Segundo Márcia Hirota, diretora de projetos da SOS Mata Atlântica, 3.390 municípios localizam-se na Mata Atlântica, o que corresponde a 62% do território brasileiro.
Foi criado também o Índice de Preservação da Mata Atlântica (IPMA), com o ranking dos municípios que mais preservam a vegetação nativa. Os dez municípios [cinco deles de SP] que apresentam a maior área de remanescentes florestais são: Ilha Bela (SP), com 92% preservado; Barro Preto (BA)- 90%; Riozinho (RS) - 90%; Ubatuba (SP) - 89%; Iporanga (SP) - 88%;Uruçuca (BA) - 88%; Morretes (PR) - 88%; Antonina (PR) - 87%; Tapiraí (SP) - 87%; e Pedro Toledo (SP) - 84%.
Entre as capitais dos Estados, Florianópolis (SC) ocupa o primeiro lugar das que mais preservam a Mata Atlântica, com 18.032 hectares de remanescentes, ou 42% da área original. São Paulo, quem apostaria, fica em segundo lugar, com 21% de área preservada; seguido de Vitória, com 20%.
Com mapeamento mínimo de 10 hectares, os dados pela primeira vez estão disponíveis na internet, no site da Fundação SOS Mata Atlântica e do INPE, inclusive para impressão, o que representa um passo fundamental à democratização das informações produzidas, permitindo uma diversidade de usos pela população brasileira e gestores, seja como instrumento de pressão da sociedade civil, ou de planejamento de políticas públicas. Além dos mapas e total da área remanescente em hectares dos municípios, é possível selecionar mapas das Unidades de Conservação (UCs) e das Áreas Prioritárias para a Conservação da Mata Atlântica.
“As informações contidas no Atlas permitirão que milhões de eleitores exijam de seus candidatos a prefeitos e vereadores o compromisso de que atuem na preservação e conservação e até mesmo na recuperação da Mata Atlântica”, afirmou Mantovani.
Para ele, a questão ambiental no Brasil é muito federalizada. “Acreditamos que os municípios devem assumir o papel de protagonistas de questões ambientais locais, criando estruturas para a gestão descentralizada.”
Até o fim do ano, as instituições deverão lançar o Índice de Qualidade da Mata Atlântica, que envolve a análise de dados socioeconômicos e de biodiversidade.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Cristiane Fontes)

 
 
 
 

 

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