POVOS ABORÍGENES QUASE EXTINTOS SE SALVARAM DO TSUNAMI

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Janeiro de 2005

Os últimos membros dos povos aborígenes que habitam arquipélago indiano atingido pelo maremoto foram encontrados à salvo. O risco é que a falta de água e comida comprometa sua sobrevivência.

07/01/2005 As ondas gigantes que mataram mais de 145 mil pessoas no sudeste asiático não dizimaram os povos nativos que habitam as ilhas de Andaman e Nicobar, como temiam autoridades indianas e antropólogos. Os Grandes Andamaneses, Onges, Sentineleses, Jawaras e Shompens se refugiaram nas florestas e partes altas de seus territórios e puderam sobreviver à catástrofe. O tsunami devastou as mais de 500 ilhas e ilhotas que formam o arquipélago, parte do território indiano e um dos principais destinos turísticos do País. O principal risco a que estas tribos estão submetidas nesse momento é o de falta de água e comida em razão da inundação de boa parte das florestas. Também há a possibilidade de uma epidemia de cólera atingir seus últimos membros.

Os seis povos do arquipélago de Andaman e Nicobar, localizado no golfo de Bengala, são consideradas as comunidades mais antigas do sudeste asiático. Estudos antropológicos indicam que as atuais gerações destes aborígenes são descendentes dos africanos que chegaram nas ilhas há 70 mil anos. Hoje, poucos estão vivos para contar essa história. O governo indiano estima que existem de 400 a mil membros de cinco povos. Os Shompens e os Sentineleses teriam entre 200 e 250 indivíduos, os Jarawas e os Onges cerca de 100 e os Grandes Andamaneses, praticamente extintos, entre 40 e 45.

Estes remanescentes vivem praticamente do mesmo modo que seus antepassados. São semi-nômades, caçadores e coletores, produzem fogo pelo atrito de pedras, utilizam arco e flecha para obter alimento e vivem em cabanas feitas de folhas e galhos. Apenas ao sexto e mais populoso grupo que habita o arquipélago, os Nicobarenses, com cerca de 30 mil indivíduos, mantém relação constante com a sociedade indiana. Foi o único atingido pelo maremoto e contabiliza centenas de mortos. Com a exceção destes últimos, os povos nativos de Andaman e Nicobar estão sendo levados à extinção desde o contato estabelecido pelos colonizadores ingleses no século 19. Com eles, chegaram as epidemias que vitimaram a maioria dos 5 mil indivíduos que habitavam as ilhas naquele período. De lá para cá, o arquipélago de Andaman e Nicobar foi utilizado como colônia penal e base militar. Nos últimos anos, o turismo tem contribuído para a ocupação das ilhas, cuja população residente é de 400 mil pessoas, a maioria migrada da Índia continental e Sri Lanka.

Os aborígenes evitam estabelecer contato com moradores e turistas escolados no histórico de doenças transmitidas. Durante o verão, com a chegada de milhares de pessoas às praias da cadeia de ilhas, eles se deslocam para as partes mais profundas das florestas em busca de isolamento. Neste fim de ano, o refúgio na mata pode lhes ter poupado a vida. Protegidos pelas árvores e pela distância da costa, os últimos aborígenes de Nicobar e Andaman não foram dizimados pela fúria das águas que matou ou levou ao desaparecimento mais de seis mil pessoas em todo o arquipélago.

Sexto sentido?

Antropólogos e representantes do governo indiano têm outra tese para justificar a preservação dos aborígenes. Especulam que os movimentos do vento e o vôo dos pássaros podem ter alertado seus membros da chegada das ondas gigantes às praias. Estes conhecimentos ancestrais, de acordo com os estudiosos, continuam presentes entre os nativos graças ao isolamento em que estes grupos permanecem nos dias de hoje. “Eles podem cheirar o vento, podem medir a profundidade do mar pela batida de seus remos. Têm um sexto sentido que nós não possuímos”, declarou o indiano Ashish Roy, um advogado ambientalista conhecido pela luta para proteger as tribos do contato com o mundo externo.

Para o antropólogo Eduardo Viveiro de Castro, professor de etnologia do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, essa visão é exagerada. “É uma forma de animalizar estes povos”, diz. Viveiro de Castro questiona o grau de isolamento destas tribos. Lembra que os povos nativos passeiam nas cidades e convivem com os turistas já há alguns anos. “Que um Sentinelese tenha sentidos mais aguçados do que nós, que vivemos em grandes cidades, tudo bem. Mas ele não é mais sensível do que, por exemplo, um destes pescadores malaios levados pelo Tsunami”, compara o antropólogo.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Bruno Weis)

 
 
 
 

 

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