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ESPECIALISTA
CANADENSE ADVERTE:
BRASIL PODE PERDER ÁGUA PARA EMPRESAS
PRIVADAS
Panorama
Ambiental
Porto Alegre (RS) – Brasil
Janeiro de 2005
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27/01/2005 – Dentro
de uma das estruturas construídas de acordo
com os princípios da bioarquitetura (com
material biodegradável), a canadense Maude
Barlow participava das discussões sobre água
no primeiro dia de atividades do 5º Fórum
Social Mundial.
Maude Barlow é diretora nacional do Conselho
dos Canadenses e do Fórum Internacional sobre
Globalização, além de ser co-fundadora
do Blue Planet Project, um movimento global de cidadãos
para proteger a água. Ela conversou com a
Radiobras entre duas palestras que ocorriam no espaço
temático sobre meio ambiente.
Agência Brasil
- Como o Brasil está inserido na luta pela
água como direito humano?
Maude Barlow - O Brasil é um dos países
mais ricos do mundo em termos de água. A
realidade é que vocês têm a maior
quantidade de água per capita do planeta,
e por isso mesmo todos deviam ter acesso a ela –
mas não têm. As pessoas deviam se perguntar
porquê. São três razões:
a primeira é poluição; a segunda,
a desigualdade que se aprofunda - os ricos têm
todo acesso a toda água que quiserem, enquanto
os pobres não. O terceiro motivo é
a privatização. Se as pessoas não
forçarem o governo a lidar com isso, não
vejo nada além da concentração
da água nas mãos de poucos no Brasil.
Agência Brasil
- Como anda a privatização da água
no mundo?
Maude Barlow - Três grandes companhias controlam
de 10 a 15% da água comercializada no planeta
– dependendo do estudo que você usa. O alvo
deles são os países em desenvolvimento,
especialmente os países em desenvolvimento
mais ricos. O Brasil, como se sabe, é chamado
de Belíndia – metade Índia, metade
Bélgica. Eles sabem que existe um mercado
consumidor, e sabem que os governos podem até
dar subsídios para a instalação
de empresas de exploração. Já
estão na África, na Ásia e
estão entrando na China. Na América
Latina, é muito importante que as pessoas
digam não à privatização
da água.
Agência Brasil
- O que está sendo feito no Fórum
Social Mundial sobre esse tema?
Maude Barlow - Estamos construindo uma rede, mas
ela ainda é bem jovem – talvez sejam apenas
os primeiros passos de bebê. Tivemos sucessos
enormes no Uruguai e na Bolívia, e na Argentina
acho que vão expulsar a Suez – uma das maiores
empresas do setor privado. Estamos ansiosos pelos
próximos passos.
Agência Brasil
- Quais serão?
Maude Barlow - O próximo passo, imediato,
é ter um alvo: a Suez. Vamos fazer uma grande
campanha contra essa empresa. Também vamos
lutar por uma convenção das Nações
Unidas que reconheça a água como direito
humano. E, por fim, também vamos ter muitas
atividades durante o quarto Fórum Mundial
da Água, em março de 2006, no México,
quando teremos uma grande oportunidade para nos
levantarmos contra as companhias de água.
E, claro, precisamos fortalecer os movimentos populares.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
André Deak