MANIFESTANTES INTERROMPEM AUDIÊNCIA PÚBLICA EM SALVADOR Panorama Ambiental Brasília (DF) – Brasil Janeiro de 2005

Salvador (28/01/05) – Manifestantes ocuparam o auditório do Centro de Convenções da Bahia, forçando o Ibama a interromper a audiência pública para discutir o Projeto de Integração do Rio São Francisco bacias do Nordeste Setentrional.

A audiência havia começado 40 minutos antes, quando os manifestantes entraram no auditório. O diretor substituto de Licenciamento e Qualidade Ambiental do Ibama Luiz Felipe Kunz Júnior, já havia lido o regulamento da audiência e passado a palavra para o coordenador geral do Projeto e chefe de gabinete do Ministério da Integração Nacional, Pedro Brito, explicar a obra.

Ambientalistas, universitários, índios, trabalhadores rurais e ribeirinhos se posicionaram entre a mesa de autoridades e as cadeiras da platéia e durante 45 minutos entoavam palavras de ordem e apitaram sem parar. “Queremos estudos sérios, este não dá samba”, dizia uma das faixas assinadas pelo fórum permanente de revitalização do São Francisco, aberta no auditório.

Índios da tribo Trucá dançaram o toré para invocar ancestrais para ajudar em batalhas, enquanto outros manifestantes cantavam, gritavam ou davam entrevistas. Uma das captações da água do rio passa a 800 metros da aldeia dos índios truca, segundo estudos do Ministério da Integração Nacional.

Eles já haviam participado da audiência em Salgueiro-PE (22/01/05) e o cacique Aurivam Irucá, conhecido como “Neguinho”, chegou a compor a mesa de abertura.

Da intervenção do cacique e outras lideranças decidiu-se em Salgueiro, marcar uma reunião específica para discutir diretamente com os índios o projeto de integração do rio no próximo domingo em Cabrobó (PE). Por risco à segurança física de todos os participantes, a reunião está suspensa.

“Debate na Bahia”

O gerente executivo do Ibama na Bahia, Júlio Rocha, que presidira a sessão ontem em Salvador, esperava retomar o debate depois de algum tempo de protesto. Às 19 h 55 declarou encerrada a audiência. “Está havendo interdição do debate. Quem perde é a sociedade”.

Na terça-feira, em Belo Horizonte, manifestantes também impediram a discussão sobre integração das águas do São Francisco com outras bacias do Nordeste. O diretor substituto de licenciamento disse que a validade das audiências de Minas e Bahia serão avaliadas pela Procuradoria Jurídica do Ibama.

Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Sandra Sato