CIENTISTAS DIZEM QUE ESTRADA AMEAÇA UMA DAS MAIS RICAS FLORESTAS TROPICAIS DO MUNDO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005

De acordo com duas cartas de importantes biólogos divulgadas esta semana, o renomado Parque Nacional Yasuní, localizado no coração da Amazônia Equatoriana e designado pela UNESCO como Reserva da Biosfera, está seriamente ameaçado pela proposta de construção de uma nova estrada. As cartas se referem aos planos da Petrobras de construção de uma nova estrada em pleno coração do parque para acesso a diversas plataformas de perfuração.

Em carta endereçada ao Presidente e ao Ministro do Meio Ambiente do Equador, alguns dos mais importantes biólogos do mundo - incluindo Jane Goodall, E.O. Wilson, Stuart Pimm, Paul Ehrlich, Peter Raven, Gary Meffe e Thomas Lovejoy - pediram ao governo equatoriano para proibir a construção da estrada proposta pela Petrobras. Em carta separada, sete pesquisadores do Smithsonian Institution pediram à Petrobras para que reconsidere seus planos de construir uma nova estrada de acesso ao parque.

"O Yasuní talvez seja a floresta mais rica em biodiversidade da Terra", disse Stuart Pimm, da Duke University. "Nós pedimos ao governo equatoriano que proteja a extraordinária biodiversidade do parque ao exigir que companhias petrolíferas internacionais utilizem métodos de desenvolvimento sem estradas".

"Baseado em pesquisa sobre árvores, mamíferos e insetos em conduzida pelo Smithsonian Institution todo o mundo, podemos demonstrar que o Yasuní é uma das florestas mais diversas da Terra", disse Elizabeth Losos, do instituto. "Nós recomendamos que a Petrobras considere uma alternativa sem estrada para proteger a notável biodiversidade da área".

O Parque Nacional Yasuní é lar para grande parte da mais diversa comunidade de árvores do mundo, contém a mais alta diversidade em insetos do mundo e está entre as áreas mais ricas do mundo em aves, anfíbios e mamíferos.

Os cientistas são enfáticos ao afirmar que a opção sem estrada não iria limitar a exploração de petróleo mas iria minimizar enormemente o impacto ambiental na floresta primária.

Estas cartas se unem a duas outras respostas científicas divulgadas há alguns meses sobre os impactos da estrada proposta pela Petrobras. Em janeiro, a Association for Tropical Biology and Conservation (ATBC), a maior organização científica do mundo dedicada ao estudo e conservação de ecossistemas tropicais, divulgou uma resolução unânime pedindo ao governo equatoriano que proibisse a construção da estrada proposta pela Petrobras.

"Construir uma nova estrada na fronteira amazônica é como abrir a caixa de Pandora", disse William Laurance, do Smithsonian Tropical Research Institution no Panamá, que é presidente eleito da ATBC. "Uma vez construída a estrada, é praticamente impossível frear a colonização, a caça desenfreada e o desflorestamento que se seguem ao longo da estrada".

Em novembro do ano passado, 59 importantes cientistas tropicais (auto-entitulados "Cientistas Preocupados com o Yasuní") escreveram uma carta aos Presidentes do Equador, Brasil e da Petrobrás recomendando que a proposta da estrada fosse interrompida.

Um deles, Dr. Anthony Di Fiore, pesquisador da Universidade de Nova York que vem estudando primatas no Yasuní há 11 anos, disse: "Novas estradas dão aos caçadores livre acesso a áreas anteriormente intocadas. Populações de grandes macacos, como o macaco-barrigudo e o muriqui, são especialmente vulneráveis a esta pressão adicional".

"Nós concluímos que os impactos negativos causados por novas estradas de acesso em ambientes de floresta primária não podem ser efetivamente controlados", disse Margo Bass, há longo tempo pesquisadora do Yasuní e uma das autoras da carta "Cientistas Preocupados com o Yasuní". "Deste modo, nós recomendamos que toda extração de petróleo futura no Yasuní utilize um modelo 'off-shore' sem estradas".
Elaborando o modelo "off-shore", o ecologista da organização Save America's Forests, Dr. Matt Finer explica: "Nós defendemos uma nova política que trate a floresta primária do Parque Nacional Yasuní como um oceano e exija o uso de helicópteros para transportar todo o equipamento e pessoal necessário aos locais de perfuração. Isto iria minimizar o impacto à biodiversidade e às comunidades indígenas da região".

Se construída, a estrada da Petrobras irá atravessar o território de uma comunidade indígena Quíchua e entrará em território ancestral dos Huaorani, habitantes nativos da Amazônia Equatoriana.

Todas as quatro cartas foram entregues esta semana para a Embaixada Equatoriana em Washington e ao Ministério do Meio Ambiente do Equador em Quito, e devem ser entregues ao escritório da Petrobrás no Brasil amanhã.

A carta assinada por Wilson, Goodall, Pimm e outros cientistas foi entregue ao presidente do companhia americana Occidental. Os biólogos dizem estar "profundamente perturbados" com as atividades da empresa na zona-tampão do Parque Nacional e Reserva da Biosfera. A carta aponta para o fato de a empresa afirmar - em seu relatório de 2003 sobre Saúde, Segurança e Meio Ambiente - que, para proteger as terras indígenas e a biodiversidade do Yasuní, não iria construir uma estrada de acesso na região. Entretanto, imagens de satélite obtidas pelos cientistas revelam claramente que a Occidental vem construindo uma estrada de acesso ao petróleo que penetra cada vez mais fundo nas florestas primárias da comunidade indígena Quíchua localizada na área crítica e tampão do parque.

Em 1989, em reconhecimento a sua extraordinária biodiversidade, o Parque Nacional Yasuní foi formalmente designado como Reserva da Biosfera da UNESCO, em resposta a um pedido oficial do governo do Equador à organização.

Fonte:Save America’s Forests (www.saveamericasforests.org)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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