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GREENPEACE PEDE PAZ NA
AMZÔNIA
Panorama
Ambiental
Anapu (PA) – Brasil
Fevereiro de 2005
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Depois
da forte chuva, dois arco-íris se abriram
em Anapu, abraçando o local onde Irmã
Dorothy foi sepultada
15-02-2005
- O corpo de Irmã Dorothy, 74 anos,
foi enterrado hoje às margens do rio
Anapu, em uma área cercada de árvores
frutíferas do sítio São
Rafael, onde ela desenvolvia um projeto de
educação ambiental e de reprodução
de mudas de espécies nativas da Amazônia.
A seu pedido, um pé de mogno será
plantado no local, além de outras espécies
nativas. Durante a cerimônia, o bispo
da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Krautler,
disse, emocionado: “Irmã Dorothy não
será enterrada. Irmã Dorothy
será plantada para que sua luta dê
muitos frutos”. |
A
pedido do Padre Amaro, de Anapu, uma faixa
pedindo Paz na Floresta foi aberta no caminho
que leva ao local onde o corpo de Irmã
Dorothy foi plantado. Uma missa foi celebrada
no centro comunitário antes do sepultamento.
Em uma belíssima cerimônia, autoridades,
representantes de movimentos sociais e organizações
não-governamentais e moradores de Anapu
prestaram suas últimas homenagens à
missionária. Várias
lideranças que trabalharam com Irmã
Dorothy reafirmaram que, apesar da perda irreparável,
a luta por uma Amazônia mais justa e
pacífica continua.Em nome dos movimentos
sociais e organizações presentes
em Anapu, o Procurador Federal da República,
Felício Pontes, declarou: “Os madeireiros
e grileiros que operam ilegalmente na Amazônia
vão ter que matar cada um de nós.
Nós não vamos desistir; vamos
continuar lutando. Vamos expulsar cada madeireiro
e grileiro de terra que continuar desafiando
o Estado de Direito na Amazônia”. |
Padre Amaro interrompeu a cerimônia de sepultamento
para comunicar a morte de mais um colono em outra
área de conflito em Anapu. Segundo informações
do local, ele não conseguiu terminar a homilia
depois disso.
"O
crime contra irmã Dorothy deve ser
investigado e punido exemplarmente. Porém,
é fundamental resolver as causas
da violência em regiões remotas
da Amazônia, principalmente no Pará.
O governo precisa adotar medidas efetivas
para resolução de conflitos
fundiários decorrentes da invasão
e grilagem de terras e florestas públicas
e a consequente exploração
predatória dos recursos naturais",
afirmou Paulo Adário, coordenador
da Campanha Amazônia do Greenpeace,
que está em Anapu.
O Procurador Felício Pontes denunciou
hoje a falta de estrutura da Polícia
Federal para realizar o trabalho de investigação
com eficiência.
“Só para se ter uma idéia,
os agentes da Polícia Federal que
estão aqui estão hospedados
em um barracão emprestado do sindicato,
usando computadores que também são
emprestados. Eles precisam de um helicóptero
aqui, já que não conseguem
chegar de carro ao local do crime”, afirmou
Pontes. |
O Greenpeace exigiu hoje
dos governos federal e estadual uma série
de medidas emergenciais e estruturantes para que
a paz e a justiça não sejam esquecidas
na floresta amazônica. Entre elas, destacam-se:
- A imediata presença
de forte contingente da Polícia Federal
em Anapu, adequadamente equipada, inclusive com
helicópteros para localizar e prender os
responsáveis pelo assassinato de Irmã
Dorothy, assim como garantir a segurança
e integridade física das comunidades locais;
- Proteção urgente aos três
líderes dos Projetos de Desenvolvimento
Sustentável, os chamados PDS: Padre Amaro,
Chiquinho e Gabriel;
- Desapropriação urgente das áreas
de litígio e retirada dos grileiros;
- Criação e implementação
dos dois PDS defendidos por Irmã Dorothy;
- Presença do sistema de segurança
do estado do Pará nas áreas de conflito;
- Zoneamento ecológico-econômico
realizado de forma efetivamente participativa,
garantindo os direitos das populações
tradicionais;
- Criação e implementação
das áreas de proteção integral
e de uso sustentável, incluindo a reserva
extrativista Renascer, em Prainha, e do mosaico
de unidades de conservação na Terra
do Meio, no Pará;
- Fortalecimento do Ibama, Incra, Funai e Polícia
Federal dando a elas efetiva capacidade de atuação.
O caso será o primeiro
crime de violação dos direitos humanos
a ser transferido para a Justiça Federal.
A decisão foi anunciada ontem pelo Procurador
Geral da República, Cláudio Fontelles.
Isso significa que a responsabilidade pela investigação
será transferida para a Polícia
Federal e a competência para o julgamento
será de juízes federais.
Saiba mais
Irmã Dorothy acreditava
num futuro pacífico e sustentável.
Defendia como poucos o patrimônio nacional
dos ataques de grileiros e era incansável
defensora de uma forte presença do Estado
na Amazônia. Há mais de 30 anos vivia
na região da Transamazônica e dedicou
quase metade de sua vida para dar voz às
comunidades rurais, defendendo o direito à
terra e lutando por um modelo de desenvolvimento
sem destruição da floresta.
Trabalhava intensamente na tentativa de minimizar
os conflitos fundiários, principalmente
a grilagem de terras e a extração
ilegal de madeira. Por causa disso, chegou a ser
acusada, em 2001, de instigar a violência
no município e recebeu inúmeras
ameaças de morte nos últimos anos
por causa de sua luta pela preservação
da Amazônia. Também fez diversas
denúncias sobre a participação
de policiais civis e militares na expulsão
de trabalhadores a mando de fazendeiros e grileiros
da região.
Irmã Dorothy foi assassinada no sábado
(12/02) por pistoleiros no Travessão do
Santana, em Anapu, no Pará. O crime aconteceu
quando ela seguia com outros companheiros para
o Projeto de Desenvolvimento Sustentável
Esperança.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
Foto: Greenpeace
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