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CÂMARA APROVA PL
DA BIOSSEGURANÇA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2005
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03/03/2005 O Projeto
de Lei (PL) que trata do plantio e comercialização
de transgênicos e da pesquisa genética
com células embrionárias foi aprovado,
na noite de ontem (2/3), pelos deputados federais.
Decisão foi obtida com a pressão exercida
pelo lobby da bancada ruralista e das grandes empresas
de biotecnologia.
Sob forte pressão de ministros (Agricultura,
Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio),
que reivindicaram plenos poderes à Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio) para controlar pesquisas com Organismos
Geneticamente Modificados (OGMs)e o plantio e comercialização
de transgênicos, a Câmara dos Deputados
aprovou, na noite de ontem (2/3), por 352 votos
a favor, 60 contra e uma abstenção,
o PL da Biossegurança. A proposta também
libera as pesquisas com células-tronco embrionárias
– esperança de cura para quem tem lesões
na medula, por exemplo – e, por isso, também
recebeu forte apoio de pesquisadores e portadores
de deficiências físicas. As duas questões
são as mais polêmicas do projeto e
foram incluídas em destaques votados em separado.
O texto aprovado agora irá à sanção
do Presidente da República.
A proposta aprovada atribui a CTNBio a exclusividade
para autorizar e controlar o uso e pesquisas de
OGMs. Os ministérios do Meio Ambiente (MMA)
e da Saúde (MS), bem como as organizações
ambientalistas, defendiam no processo de autorização
a participação do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), órgãos
subordinados às duas pastas.
O projeto determina ainda que os rótulos
dos produtos tragam, obrigatoriamente, informações
sobre a existência de transgênicos em
sua composição. Os deputados também
mantiveram a proibição ao uso e comercialização
de tecnologias genéticas de restrição
de uso, ou seja, capazes de produzir plantas estéreis,
que não geram sementes. Havia um grande lobby
das empresas de biotecnologia para acabar com essa
proibição e manter o monopólio
sobre a venda de sementes.
A aprovação do conteúdo relativo
aos transgênicos foi uma grande vitória
da bancada ruralista da Câmara obtida a partir
de uma esperteza política. Apesar de estarem
ligados às ciências genéticas,
os dois temas incluídos no projeto aprovado
ontem – pesquisas com células-tronco e OGMs
– são completamente distintos. A intenção
em reuni-los em uma única proposta legislativa
foi justamente o de atrair para ela o apoio de pesquisadores,
médicos, familiares e pacientes com necessidades
especiais e vítimas de doenças degenerativas.
Por incrível que pareça, as justas
reivindicações desse segmento acabaram
legitimando e conferindo forte peso emocional a
um projeto que atende também as grandes transnacionais
da biotecnologia.
Leia aqui as principais alterações
sofridas pelo anteprojeto de lei quando foi aprovado
em fevereiro de 2004 pela Câmara dos Deputados.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa