 |
NOTA DA FUNAI SOBRE O RELATÓRIO
DA ANISTIA INTERNACIONAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
|
 |
30/03/2005 Em relação
ao relatório divulgado pela Anistia Internacional
em 29 de março sob o título "Estrangeiros
em Nosso Próprio País: Povos Indígenas
no Brasil", a Fundação Nacional
do Índio (Funai) tem a declarar que a política
indigenista do governo federal se baseia no princípio
do respeito à diferença e da harmonia
entre as etnias e povos que compuseram nação
e de reconhecimento da dívida com os povos
indígenas. É com esses princípios
que o governo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva vem implementando sua política indigenista
sustentada em cinco aspectos fundamentais:
Consolidação da territorialidade
indígena - Nos dois anos primeiros
anos de governo foram homologadas 48 terras indígenas,
numa superfície de 16,5 milhões de
hectares, e declaradas como terras indígenas
em processo de demarcação outras 43,
com uma superfície de 2,8 milhões
de hectares.
O processo de identificação, declaração
e homologação de terras indígenas
tradicionais é feito pela Funai seguindo
as normas legais, que possibilitam a eventuais postulantes
das terras identificadas como indígenas recorrerem
à Justiça. O resultado do processo
de demarcação é que o Brasil
ostenta uma área de 1,1 milhão de
quilômetros quadrados destinados aos povos
indígenas que habitam o país. A Funai
reconhece 604 terras indígenas, das quais
480 estão demarcadas, homologadas e em processo
de demarcação. Estão em processo
de identificação ou reconhecimento
as outras 124.
Saúde indígena - Apesar dos problemas
de mortalidade infantil superior à média
nacional, é possível constatar que
o crescimento populacional dos índios brasileiros
é também superior à média
nacional. Em 1955, segundo Darci Ribeiro, somavam
120 mil índios e hoje somam 430 mil. Os esforços
da Fundação Nacional da Saúde
(Funasa) têm sido no sentido de buscar água
potável, realizar campanhas de vacinação
e aumentar o atendimento médico-hospitalar
das populações indígenas. O
governo trabalha para sanar históricos problemas
de desnutrição em diversas áreas
indígenas, principalmente naquelas em que
os índios não possuem os meios para
garantir sua subsistência.
Educação
- Dos 430 mil índios, 150 mil estão
em idade escolar e são atendidos em escolas
de ensino médio e fundamental nas suas aldeias
ou em municípios próximos. O governo
tem repassado, por meio do Ministério da
Educação, recursos para os municípios
nesta área. Há também 1,3 mil
jovens indígenas que freqüentam cursos
superiores em diversas universidades e faculdades
brasileiras. Como parte da política de cotas,
diversas universidades estão abrindo vagas
para indígenas brasileiros.
Etnodesenvolvimento
- A política indigenista brasileira reconhece
que o desenvolvimento étnico tem como base
a auto-sustentabilidade econômica e a produção
de excedentes que possibilitem seu relacionamento
paritário com a sociedade brasileira. Muitas
terras indígenas têm potencias econômicos
que garantirão esta auto-sustentabilidade.
Além disso, trabalha-se para compatibilizar
o aumento de produtividade com equilíbrio
social existente nas sociedades indígenas.
O etnodesenvolvimento é o maior desafio de
uma política de desenvolvimento dos povos
indígenas. A Funai reconhece esse desafio
e está aberta para a colaboração
de quaisquer entidades que queiram contribuir para
este propósito, a exemplo das diversas organizações
não-governamentais e entidades religiosas
que trabalham com os índios, obtendo resultados
positivos.
Participação
indígena na sociedade brasileira
- Baseada no princípio do respeito à
diferença e a harmonia entre os povos, a
política indigenista do governo Lula orienta
suas ações no sentido de que o Brasil
reconheça a dignidade dos povos indígenas
na nação. Apenas nos últimos
anos é que os povos indígenas passaram
a ser reconhecidos como presença permanente
na nação brasileira. O governo Lula
trabalha para que o povo brasileiro se relacione
com os índios não só com entendimento
de que são a base étnica da nação,
mas como uma presença permanente no panorama
social, cultural e político. É nesse
sentido que reconhecemos como gratificante o fato
de que já há seis prefeituras brasileiras
dirigidas por índios e que, nas últimas
eleições, foram eleitos mais de 100
vereadores indígenas. A consciência
política dos índios é um fator
positivo para o Brasil, não só daqueles
que vivem em cidades, mas daqueles que continuam
morando em suas terras e representam seus povos
diante da sociedade brasileira.
Sobre os acontecimentos registrados em Dourados
(MS), é consenso no governo que a questão
de fundo é a necessidade de terras para que
as populações indígenas possam
implementar projetos de desenvolvimento sustentável
que permitam garantir sua segurança alimentar
em condições de dignidade e sua inserção
na economia com a venda de excedentes. A União,
por meio da Funai, tem trabalhado na identificação,
reconhecimento e homologação das terras.
Atualmente, a Fundação coordena um
grupo de trabalho interministerial que prepara um
plano de ação emergencial para encaminhar
uma solução de médio prazo
para o problema.
Como parte desta ação integrada, em
outubro de 2004, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva homologou a Terra Indígena
de Panambizinho, no município de Dourados
(MS), que era alvo de disputas judiciais desde 1945.
A área foi ampliada de 60 ha para 1,2 mil
ha. Em 29 de março, o presidente da República
homologou a Terra Indígena Nhande Ru Marangatu,
com 9,3 mil hectares no município de Antônio
João (MS), beneficiando diretamente 600 Guarani-Kaiowá
que já ocupam parte da área. Nhande
Ru Marangatu também era contestada na Justiça
e, a medida evitou que os índios enfrentassem
uma ação de despejo caso não
houvesse a homologação. Outras 11
áreas em Mato Grosso do Sul estão
com seu processo de homologação pendente
em razão de contestações judiciais.
A Funai, como coordenadora da política indigenista
nacional, reconhece que há crônicos
e seculares problemas incidentes sobre as comunidades
indígenas e vem trabalhando para auxiliar
estes povos a sanarem problemas como necessidade
de maior acesso à terra, pobreza, exposição
à violência e insegurança alimentar.
Entre os avanços históricos, destaca-se
que cerca de 12% do território nacional estão
definitivamente reconhecidos como terras indígenas
e que o crescimento populacional dos povos indígenas
nos últimos 30 anos é progressivamente
superior à média nacional, numa demonstração
de que há uma política indigenista
consistente sendo conduzida pelo Estado brasileiro.
Fonte: Funai – Fundação
Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa