TRABALHO DE ACLIMATAÇÃO DE VITÓRIA-RÉGIA CONSEGUE A SEGUNDA FLORAÇÃO EM SÃO PAULO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2005

08/04/2005 O esplendor de uma das mais belas plantas aquáticas, a vitória-régia, que costumamos associar à floresta amazônica, poderá ser apreciado durante o mês de abril no Jardim Botânico de São Paulo. Os dois exemplares introduzidos em fevereiro do ano passado, no espelho d'água do espaço conhecido como Jardim de Lineu, começam a florir.
Como a planta se encontra fora de seu ambiente natural, os pesquisadores coletaram as sementes na floração do ano passado e, em laboratório, prepararam novas mudas para substitui-las. Porém, ao contrário do esperado, a planta completou seu ciclo e este ano está oferecendo novamente a beleza de suas flores. O cuidado em protegê-las durante o inverno com uma pequena estufa foi fundamental para o sucesso da aclimatação.

Carolina De Leon
Mesmo os pesquisadores do Instituto de Botânica, órgão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, que administra o Jardim Botânico, com longos anos de vivência, não disfarçam sua ansiedade esperando a oportunidade de poder observar novamente uma planta de clima tropical, com temperatura e umidade diferentes das que ocorrem em São Paulo.
A introdução da vitória-régia no Jardim Botânico de São Paulo “foi mais uma iniciativa para ampliar os atrativos deste espaço de pesquisa e de lazer da

Carolina De Leon

sociedade paulistana”, explicou Luiz Mauro Barbosa, diretor do Instituto de Botânica. A pesquisa é uma parceria do Instituto de Botânica com o IBRA, cujo primeiro desafio é aclimatar a vitória-régia no Jardim Botânico. A proposta da parceria, no entanto, é mais ampla, envolvendo o Projeto “Conservação da biodiversidade nas nascentes do histórico Riacho do Ipiranga” que, entre outras atividades, prevê a reativação do hidrofitotério e desenvolvimento de outras pesquisas da flora aquática nesse espaço.

Ciclo de vida da vitória-régia

A diferença climática foi um dos obstáculos encontrados na aclimatação da vitória-régia, pois, na Amazônia, encontramos condições bem diversas com uma média anual de temperatura de 26,65º C contra 19º C em São Paulo, além de uma pluviosidade bem mais elevada.
A raiz dessa planta fixa-se no fundo dos lagos e para realizar o plantio no lago do Jardim de Lineu, foi necessário acomodar as mudas em sacolas de lona preenchidas com lodo. Uma análise do solo coletado em um dos locais de origem da planta serviu de base para a composição do lodo, enriquecido com os nutrientes necessários para seu desenvolvimento.
É nesse lodo que a semente germina, as raízes fixam-se e as folhas começam a se formar no interior da coroa, cada uma presa individualmente ao centro por uma haste que vai nutri-la, como um cordão umbilical. As primeiras folhas são arroxeadas porque não apresentam todos os pigmentos de clorofila. As novas folhas nascem maiores e mais vistosas, perdendo a cor roxa que permanece apenas nas nervuras. As folhas permanecem fechadas até atingir a superfície da água e, quando abrem, ganham o formato de uma pizza cortada levemente na lateral da aba, permitindo que a água acumulada escorra. Chegam a crescer até 30 cm nos três primeiros dias, podendo atingir até 2,5 metros. No décimo terceiro, entram em um estágio de deterioração e uma nova folha, que será maior que sua antecessora, começa a brotar do centro da planta.
Uma haste arredondada, coberta de pelos de diâmetros extremamente reduzidos e de tamanhos variados, conforme a profundidade do lago, prende a folha e a sustenta na superfície da água com a ajuda das bolsas de ar encontradas nas nervuras.

A floração

A floração ocorre de janeiro a junho. Suas flores são brancas na primeira noite, abrem no segundo com uma coloração avermelhada e, se polinizadas, adquirem um tom vermelho púrpura em sua terceira e última noite, com um diâmetro de aproximadamente 30 cm. O desabrochar inicia-se ao entardecer permanecendo por pouco tempo completamente aberta, quando espalham uma agradável fragrância que atrai insetos para seu interior.
Minutos após mostrar seu miolo, a flor se fecha e prende o inseto que, repleto de pólen, no dia seguinte será solto para realizar o polinização. Para garantir sementes férteis e assim poder dar continuidade ao ciclo, a polinização no Jardim Botânico foi feita artificialmente. Os pesquisadores aguardaram o momento exato no qual o inseto, ali ausente, se encarregaria de fertilizá-la e, com os dedos, fizeram
seu trabalho.
Nos locais de origem a planta apresenta um ciclo ininterrupto. O auge de seu ciclo coincide com o das enchentes e, nas épocas de vazantes, com a diminuição do nível da água, a vitória-régia perde suas folhas, poupando energia. As sementes, quando maduras, soltam-se e bóiam. Com a ajuda de uma bolsa de ar que as envolvem, percorrem o rio até que estourem e as sementes afundem para germinar.
Para que as sementes colhidas no Jardim Botânico pudessem germinar e serem plantadas no ano seguinte, foram armazenadas em um frasco de vidro a uma temperatura de 24ºC e no período certo, germinadas em laboratório.
O Jardim Botânico de São Paulo localiza-se na Avenida Miguel Stéfano, 3.031, no bairro da Água Funda, na Zona Sul da Capital, permanecendo aberto ao público de quarta a domingo, das 9 às 17 horas, com entrada de R$ 3,00 (menores de 10 anos e maiores de 65 anos não pagam e estudantes pagam R$ 1,00).

Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Carolina De Leon)
Fotos: Carolina De Leon

 
 
 
 

 

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