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AGRICULTORES LIGADOS A
DOROTHY STANG SÃO PRESOS POR SUSPEITA
DE ASSASSINATO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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05/05/2005 – Seis
colonos ligados ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável
(PDS), defendido pela missionária Dorothy
Stang tiveram prisão preventiva decretada
esta semana. Eles são acusados de envolvimento
no assassinato de Adalberto Xavier da Silva Leal,
conhecido como Cabeludo – morto no mesmo dia que
a religiosa, 12 fevereiro, em Anapu (PA). Até
agora, a Polícia Civil do Pará prendeu
apenas um dos acusados, o colono Luiz Moraes de
Brito. Segundo o superintendente da Polícia
Civil Regional do Xingu, delegado Pedro Monteiro,
"os outros cinco ainda estão foragidos".
As opiniões divergem no que se refere ao
decreto de prisão preventiva. Para o secretário
nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT),
Antônio Canuto, os colonos estão sendo
vítima de perseguição. "A
Polícia Civil do Pará está
impedindo avanços no caso da irmã
Dorothy. Além disso, essas prisões,
indicam que a polícia está tentando
criar todos os obstáculos para que se esgote
o tempo determinado pela lei no processo da missionária.
Com isso, os presos serão postos em liberdade",
acusou Canuto.
Ontem, a CPT e a Rede Social de Justiça e
Direitos Humanos divulgaram uma nota manifestando
o "temor de uma reviravolta no caso da missionária".
De acordo com o documento, desde o início
das investigações do assassinato da
irmã Dorothy, ficou "evidente"
a intenção da Polícia Civil
de Anapu em prejudicar o andamento das investigações,
beneficiando assim, os fazendeiros acusados.
Nos decretos de prisão preventiva, os nomes
dos acusados estavam incompletos. Segundo Canuto,
essa é mais uma prova da parcialidade da
polícia nas prisões. "Essas pessoas
são inocentes. A ordem de prisão do
juiz não denominava a pessoa corretamente,
colocava apenas o primeiro nome, dessa forma, o
delegado [Marcelo Ferreira da Luz] pode prender
qualquer um que seja do seu interesse. No decreto
estava assim: Luiz de Tal, então ele pode
prender qualquer um que se chame Luiz", explicou.
A informação foi confirmada pelo delegado
Pedro Monteiro. Mas, segundo ele, antes da prisão
de Luiz Moraes, o acusado foi reconhecido por uma
testemunha ocular. "No início foi feito
assim mesmo. Mas depois ele foi identificado e reconhecido
pela testemunha ocular. Só depois disso foi
preso. Além disso, o delegado já sabia
quem era, mas teve cautela para não gerar
dúvida quanto à prisão",
disse. De acordo com Monteiro, todos os suspeitos
têm identificação completa agora.
Para evitar "interferências" da
Polícia Civil no caso da missionária,
as entidades indicaram a necessidade de se levar
o crime à esfera de investigação
federal. "A federalização é
importante porque não se tem nenhuma confiança
e credibilidade no Judiciário do Pará,
que demonstrou nos últimos tempos ter sido
muito parcial. E essa parcialidade nunca se dá
ao lado do pequeno, sempre ao lado do fazendeiro,
do grande proprietário, do latifúndio.
Se nós quisermos uma decisão isenta,
a federalização é o caminho
mais claro."
Monteiro disse que a polícia tem agido com
total isenção e que a CPT "sempre
tenta denegrir" o trabalho feito por eles.
"A gente tem que apurar tudo. Por que se apuraria
apenas o homicídio da missionária?
O Adalberto também não é um
ser humano? A verdade está no inquérito.
O juiz não decretaria a prisão preventiva
de uma pessoa aleatoriamente, se não houvesse
provas. Infelizmente, a CPT sempre tende a denegrir
o trabalho da Polícia Civil no estado do
Pará, principalmente, nas regiões
onde se têm conflitos de terra, como Anapu.
A CPT não tem admitido a verdade dos fatos",
relatou.
Na tentativa de esclarecer as acusações
feitas pelas entidades, Monteiro lembrou que os
inquéritos – dos assassinatos da missionária
e de Adalberto Xavier – não têm relação
alguma. "São inquéritos policiais
distintos. O caso da religiosa já está
na fase judicial e a polícia não tem
mais nenhum envolvimento com isso. A não
ser que haja fatos novos. E o inquérito do
Adalberto correu sem relação com o
outro. É uma mentira dizer que essas prisões
vão influenciar no caso Dorothy."
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Christiane Peres