PESQUISA OFERECE SUBSÍDIOS PARA ORGANIZAR PESCA ESPORTIVA NO AMAZONAS

Panorama Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Junho de 2005

18/06/2005 - Na região do Médio Rio Negro, em Barcelos, no Amazonas, a pesca esportiva do tucunaré atrai visitantes do mundo inteiro. Não há estatísticas oficiais, mas estima-se que sejam 10 mil turistas por temporada – o período de pesca coincide com a estação de vazante dos rios, que se concentra de novembro a fevereiro. Para organizar a indústria da pesca esportiva e garantir que seu impacto negativo sobre os peixes – e, conseqüentemente, sobre as populações ribeirinhas – seja tolerável, nem o governo nem os empresários dispõem de informações sobre os parâmetros de crescimento, mortalidade, reprodução, cadeia alimentar e migração das três variedades presentes no Rio Negro (popularmente conhecidas como tucunaré paca, açu e botão). Por isso, desde outubro de 2003, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) desenvolve a pesquisa "Conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento sustentável da indústria da pesca esportiva na bacia do Rio Negro".
"Um dos resultados preliminares que encontramos, que contraria o senso-comum, é a alta mobilidade do tucunaré", afirma Álvaro Carvalho, pesquisador do Inpa. "Ele chega a percorrer 40 quilômetros em quatro meses. Isso significa que as áreas de proteção dessas espécies, onde a pesca é proibida ou controlada, devem ser maiores do que o imaginado até hoje". Vinte radiotransmissores foram acoplados a tucunarés adultos, cujo deslocamento está sendo periodicamente monitorado pelos pesquisadores.
"Outro dado já verificado é que o tucunaré do Brasil cresce mais rapidamente que o da Venezuela, onde foram realizadas pesquisas similares. Aqui, um peixe demora em média 11 anos para atingir 10 quilos – lá, são 15 anos. De qualquer forma, é um período longo. Se deixarmos a pesca comercial abater todos os grandes tucunarés do Rio Negro, levará pelo menos 10 anos para que tenhamos peixes de um tamanho que atraia o turista estrageiro", alerta Mário Thome de Souza, pesquisador da Universidade Niltton Lins (UNL), que também participa do estudo.
A vazante, além de temporada da pesca esportiva, é a época de reprodução dos tucunarés. "O peixe só ataca a isca porque se torna agressivo: está protegendo seu local de desova", explica Souza. "Mas como ele é devolvido com vida à agua, sua reprodução não é prejudicada", completou.
Os moradores da calha do rio Unini, afluente do rio Negro, denunciam que, após o início da pesca esportiva na região, passaram a encontrar tucunarés grandes e "cabeçudos" (magros). Para eles, isso é prova de que a pesca feriu a boca do peixe e o impediu de se alimentar. Esses depoimentos foram colhidos pela reportagem da Agência Brasil na comunidade de Floresta, a 34 horas de barco de Manaus, por ocasião da consulta pública para criação da reserva extrativista do rio Unini (em 14 de maio). "Os ribeirinhos chamam esse tucunaré magro de mucaua. Não dá para afirmar que a vilã seja a pesca esportiva, porque há doenças que atacam o animal. Mas é provável que ela tenha sua parcela de culpa, sim. É só você pensar que os peixes maiores, os grandes troféus do turista, ficam até quatro minutos fora d´água, para serem fotografados. Isso pode causar neles um estresse irreversível", avalia Carvalho. "Os maiores indícios são de que os peixes estejam magros por motivos naturais, porque durante a seca eles ficam represados em locais onde é mais difícil conseguir alimentação", contesta Souza.
Em abril de 2004, a pesquisa conseguiu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), durante dois anos. "Mas já há negociações para estender os estudos por pelo menos mais dois anos", revela Souza. Participam também do projeto, além do Inpa e da UNL, a Universidade do Alabama e a Fundação Rio Negro Lodge.

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi

 
 
 
 

 

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