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GREENPEACE INCENTIVA CONSUMIDORES
A PRESSIONAREM BUNGE CONTRA TRANSGÊNICOS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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23/06/2005
- Um carrinho de supermercado gigante equipado
com alto-falantes e recheado de produtos alimentícios
da marca Bunge é a principal atração
da nova campanha de mobilização
de consumidores que o Greenpeace lança
hoje nacionalmente. A organização
está incentivando consumidores a questionarem
publicamente a empresa sobre o uso de transgênicos
em seus produtos óleos Soya e Salada,
margarina Delícia e gordura vegetal
Primor. Dezoito outdoors distribuídos
em 11 cidades brasileiras e banners de internet
são as outras ferramentas de comunicação
com o público. |
“Queremos
dar voz a milhares de consumidores brasileiros
que rejeitam os transgênicos em seus
pratos”, explica Gabriela Couto, da campanha
de engenharia genética do Greenpeace.
Segundo pesquisa ISER/2004, mais de 70% dos
brasileiros não querem consumir alimentos
transgênicos. “Através de nosso
site, estas pessoas poderão enviar
mensagens à Bunge manifestando seu
direito de saber o que estão consumindo
e seu desejo de consumir produtos livres de
transgênicos”.
A escolha da Bunge como alvo deve-se ao seu
papel de líder no mercado de óleos
e margarinas e de grande fabricante de maionese.
A empresa é também a maior trading
do mercado de grãos no país.
A Bunge adota o duplo padrão em seu
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relacionamento
com os consumidores. Tem uma linha de produtos
certificados como não transgênicos,
de acordo com exigências específicas
de clientes. No caso dos óleos, margarina
e maionese alvos da campanha do Greenpeace,
a empresa não oferece informações
sobre a matéria-prima utilizada na
fabricação destes produtos.
Em 2004, o Greenpeace denunciou a fábrica
de óleos da Bunge em Passo Fundo (RS).
Na ocasião, a própria empresa
admitiu não realizar controle da matéria
prima em seus produtos finais. “A postura
da empresa em relação aos consumidores
é vergonhosa. A Bunge deve respeitar
os cidadãos, informando em seus produtos
a qualidade da matéria-prima utilizada
em sua fabricação. Só
assim os consumidores poderão escolher
alimentos que não destroem o meio ambiente”,
afirma Gabriela. |
Na produção
de óleos vegetais e derivados, as moléculas
de soja são esmagadas de tal forma
que um teste de transgenia é incapaz
de detectar a presença de transgênicos
em seu DNA. Por isso, produtos como margarinas,
óleos,margarinas, maionese, gorduras
vegetais não podem ser definidos como
transgênicos, o que não significa
não ter sido usada matéria-prima
transgênica em sua fabricação.
Apesar da incapacidade de detecção,
a empresa é obrigada a informar sobre
o uso de matéria-prima transgênica
ao consumidor, de acordo com Decreto de Rotulagem
4.680/03. “Poucas pessoas sabem que esses
produtos não podem ser testados em
laboratórios. E a Bunge se aproveita
disso para tentar enganar os consumidores”,
alertou Gabriela. “Mas
o fato de o resultado do teste não
apontar transgênicos no produto final
não significa que o produto não
tenha sido feito com soja transgênica.
Por isso, o papel do consumidor é fundamental:
é preciso exigir que a Bunge garanta
que seus produtos não contenham e não
sejam feitos com transgênicos”.
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O controle da produção e o banimento
do uso transgênicos nos produtos têm
sido uma política frequentemente adotada
por empresas de alimentos no Brasil e no mundo,
segundo Relatório de Mercado Europeu do Greenpeace/2005
. No último mês de maio, o Greenpeace
anunciou que, graças à pressão
dos consumidores, mais sete empresas (Bauducco,
Dr. Oetker, Ducoco, Fritex, Kopenhagem, Massa Leve
e Visconti) passaram para a “Lista Verde” do Guia
do Consumidor ao garantir produtos livres de transgênicos.
“Chama a atenção o fato de que estas
empresas anunciaram a política de não-utilização
de transgênicos após a aprovação
da Lei de Biossegurança, em março
de 2005”, comemora Gabriela Couto.
Danos ao
meio ambiente
A soja transgênica
foi criada pela multinacional Monsanto para ser
resistente ao agrotóxico Roundup, solucionando
os problemas que os agricultores enfrentam com as
ervas invasoras, o mato, que é tolerante
aos agrotóxicos usados na plantas convencional.
O problema é que após dois ou três
anos de cultivo de soja transgênica, as plantas
passam a oferecer resistência ao Roundup,
obrigando o agricultor a usar cada vez doses mais
elevadas do produto e de outros tipos de herbicidas.
A liberação comercial da soja transgênica
aconteceu em 1995 nos EUA, e desde então
já foram constatados diversos impactos que
estes organismos têm causado no meio ambiente
e na vida dos agricultores.
O incremento do uso de agrotóxicos após
o terceiro ano consecutivo do cultivo da soja transgênica
tem sido responsável pelo aumento da contaminação
do solo e de rios que margeiam as plantações,
pela eliminação de espécies
fundamentais para o equilíbrio da vida silvestre
e ainda pela redução de até
4% em sua produtividade, segundo dados do economista
agrícola norte-americano Charles Benbrook.
Além dos impactos ambientais causados pela
tecnologia transgênica, a Bunge, e outras
empresas do setor de agronegócios, é
apontada como uma das responsáveis pelo avanço
da fronteira da soja sobre a Floresta Amazônica,
principalmente no Estado do Mato Grosso. É
no Mato Grosso que está concentrada a maioria
dos silos da Bunge, 54 no total. “O estado é
atualmente o maior produtor de soja do País
e, não por acaso, campeão de desmatamento
da Amazônia no período entre 2003 -
2004, responsável por 48% do total”, afirma
Gabriela Couto.
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