POVO YUDJA RECEBE APOIO DE MUSEU SUÍÇO PARA PROJETO COM MÚSICAS TRADICIONAIS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2005

14/07/2005 - Os índios Yudja do Parque Indígena do Xingu assinam contrato com o Museu da Basiléia, na Suíça, para produzir instrumentos típicos, como flautas, apitos e chocalhos. A parceria prevê a gravação de um CD com os sons e melodias que, há vinte e cinco anos, foram utilizados por Caetano Veloso na composição de uma de suas canções.

Os Yudja, cuja melodia de suas flautas inspirou Caetano Veloso na música Asa - um dos mais conhecidos temas do disco Jóia, lançado pelo compositor baiano em 1975 - conseguiu um importante apoio para seu projeto de revitalização cultural. No final de maio deste ano, por meio da Associação Yarikayu, eles assinaram um contrato com o Museu da Basiléia, na Suíça, que repassará recursos para que possam desenvolver o projeto, produzir as flautas e ensinar os mais jovens a tocá-las.

Em contrapartida, a Associação Yarikayu oferecerá à entidade européia uma coleção completa de instrumentos musicais artesanalmente confeccionados. Os Yudja também produzirão um CD com amostras dos sons de cada instrumento, que será acompanhado por um catálogo com informações detalhadas e fotografias sobre cada peça e seu uso, além de textos e desenhos elaborados pelos professores, agentes de manejo e alunos indígenas. O material deverá ser entregue em 2006 durante viagem de representantes da Yarikayu à Suíça.

Professor Iapariua grava sons típicos na festa Kuataha de Abïa, na aldeia Tuba Tuba
Desde que fundaram a Associação Yarikayu, em 2002, os Yudja, preocupados com a transmissão de sua cultura, que pode ser prejudicada com a morte dos mais velhos, elegeram a música como prioridade. A partir daí, com apoio do Programa Xingu do Instituto Socioambiental, já gravaram diversas festas, músicas de ninar, canções que celebram o plantio da roça e outras entoadas quando bebem o caxiri. Ao mesmo tempo, os professores estão transcrevendo as músicas na língua da etnia. Os Yudja também fizeram em agosto de 2003 uma oficina para confecção de seus instrumentos musicais tradicionais. O trabalho foi coordenado pela bióloga Simone Athaide, que também fez o primeiro contato com o museu suíço. Desta oficina resultaram vinte e um instrumentos, entre flautas, apitos e chocalhos. A oficina também fez com que muitos índios recuperassem a vontade de tocar suas músicas antigas.

Um dos problemas enfrentados pelos Yudja para produzir suas flautas, é a falta da taquara, que não cresce no Parque Indígena do Xingu, onde o povo reside atualmente. Ela é encontrada apenas ao norte do parque, onde os Yudja moraram entre 1916 e 1948, onde hoje existem aldeias dos índios Metyktire, principalmente perto da Cachoeira Von Martius, no Rio Jarinã, e na região que vai desde a BR-080, no Mato Grosso, até o local sagrado denominado por eles Txarina Isamï.

Para os Yudja, a ocorrência de recursos naturais naquela área relaciona-se com a presença dos espíritos dos seus ancestrais, que foram enterrados nas aldeias antigas. Por conta de contatos hostis com seringueiros e guerras com os Metyktire, eles foram se deslocando para o sul ao longo dos anos, instalando-se em aldeias próximas da atual aldeia Tuba Tuba, dentro do Parque Indígena do Xingu, onde hoje vive a maior parte do grupo. Com o apoio do Museu da Basiléia agora eles poderão viajar à antiga terra para buscar as taquaras e, de volta à aldeia, trabalharão com os jovens ensinando-os confeccionar e a tocar os instrumentos musicais.

O compositor Caetano Veloso em entrevista admitiu que utilizou a música dos Yudja ao compor a canção Asa. “Não é uma mera semelhança melódica. Eu pus as palavras sobre a música dos índios do Baixo Xingu”, afirmou Caetano ao site Radiola Urbana. Sobre a ausência de créditos aos Yudja no disco Jóia, o compositor afirma na mesma entrevista: “Num caso como o da Flauta Juruna eu acho que o crédito deveria ter saído no selo e na contracapa do disco”. Caetano afirma ainda que a falha se deu pela mesma “desorganização” que faz com que se credite a ele a autoria de Marinheiro Só, que é na verdade um samba-de-roda da região do Recôncavo Baiano, e pergunta: “Vamos consertar tudo isso?”.

Yudja é a autodenominação do povo mais conhecido como Juruna, nome de origem estrangeira que, segundo a antropóloga Tânia Lima, significa “boca preta”, por uma possível tatuagem ao redor da boca que os antigos usavam quando da invasão de sua terra na época da fundação da cidade de Belém (PA) (1615). Yudja é a autodenominação em que eles próprios se designam os “donos do rio”.

O povo Yudja é do tronco lingüístico Tupi. Residem no território do Parque Indígena do Xingu desde tempos anteriores à sua criação. Somam 240 habitantes, segundo levantamento realizado em 2005 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)e vivem atualmente em três aldeias próximas do rio Manitsaua. Fora do PIX localiza-se outra aldeia Yudja chamada Paquissamba, próxima à cidade de Altamira (PA).

Pesquisas apontam que eles residiam no baixo curso do rio Xingu e progressivamente foram subindo devido a guerras com os Kaiapó e à pressão de seringueiros que se aproximavam ou invadiam seu território. Este território tradicional, hoje, está circunscrito na TI Capoto Jarinã, pertencente aos Metyktire. Este povo é produtor, por excelência, de canoas e do caxiri (yakuha, na língua Yudja), bebida fermentada a base de mandioca. Em sua cultura há um rico repertório de festas cantadas por vozes.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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