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ISA LANÇA O LIVRO
PEIXE E GENTE NO ALTO RIO TIQUIÉ
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Julho de 2005
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29/07/2005 - A relação que os
povos indígenas tuyuka e tukano têm
com os peixes do rio Tiquié, no noroeste
amazônico, é o tema central do
livro, que traz ainda mais de uma centena
de ilustrações das espécies
encontradas durante a pesquisa. Várias
delas descritas pela primeira vez. No começo,
a humanidade era Gente-Peixe. Depois, uma
parte dela se transformou em humanidade, tal
como a conhecemos hoje, a gente. A outra parte
ficou na camada das águas e passou
a hostilizar a humanidade. Daí, nasceu
uma relação muito especial entre
homens e peixes - que faz parte da vida e
das narrativas indígenas dos povos
tukano e tuyuka, que habitam a região
do Alto Rio Tiquié, no noroeste amazônico.
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ISA
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Para
entender como se dá esse relacionamento,
que vai muito além da alimentação,
o antropólogo Aloisio Cabalzar, do
Programa Rio Negro do Instituto Socioambiental,
juntou-se ao ictiólogo Flavio Lima
do Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo e ambos, com a participação
dos índios tukano e tuyuka, que acompanharam
todas as etapas do trabalho, organizaram a
pesquisa e a publicação Peixe
e Gente no Alto Rio Tiquié, Conhecimentos
tukano e tuyuka ictiologia, etnologia. As
espécies de peixes descritas foram
cuidadosamente desenhadas por Mauro Lopes,
também do Programa Rio Negro do ISA.
O livro é composto por dois estudos
separados mas articulados.
O primeiro inclui um conjunto de narrativas,
que explicam a origem do universo e dos seres
humanos. Um dos mitos explica a criação
do mundo e a transformação da
Gente-Peixe – a humanidade - através
da Cobra-Grande. Outros dois ajudam a entender
a origem de diversos peixes. Trata-se das
narrativas de Kamaueni e de Diabo sem Cu.
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A primeira diz
respeito ao pajé que ensinou aos Tuyuka como
se proteger dos peixes gordurosos que fazem mal
à saúde. Durante o período
de confecção de adornos rituais, no
qual é proibido comer e fazer sexo, Kamaueni
transgride a regra, quebrando o jejum. Então,
começa a engordar e a gordura derrete quando
ele vai pescar. Os pedaços de gordura que
se desprendem, caem na água e se transformam
em peixes que fazem mal à saúde quando
ingeridos. Por fim, resta-lhe apenas a cabeça,
que termina comida por leões. O segundo mito
também trata de uma transgressão social,
quando Diabo sem Cu mata os filhos de seu amigo
Wasu. A vingança de Wasu é cruel e
se dá a pretexto de ajeitar um ânus
em Diabo sem Cu. Aqui, novamente, surgem peixes
como ituí, tuvira e sarapó entre outros.
O resultado dessa pesquisa, que consumiu mais de
quatro anos, num esforço intercultural e
interdisciplinar, é um trabalho inédito,
que alia conhecimentos ictiológicos e etnológicos.
Além de ser importante contribuição
ao conhecimento da diversidade de peixes da Bacia
Amazônica, com 147 espécies identificadas
e descritas no Alto Rio Tiquié. As descrições
são complementadas por informações
e conhecimentos indígenas sobre ecologia,
variações nas comunidades de peixes
em diferentes trechos do rio, migrações
e pesca.
O tema de Peixe e Gente não se esgota nessa
publicação e continuará a ser
tema de pesquisa das escolas indígenas tukano
e tuyuka e das atividades de gestão de recursos
naturais realizadas por esses povos.
A realização desse estudo foi possível
graças à parceria entre o ISA, as
associações indígenas do Alto
Tiquié, o Museu de Zoologia da USP e a Federação
das Organizações Indígenas
do Rio Negro (Foirn).
Fonte: Instituto
Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa
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