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GREENPEACE FECHA ESTRADA
CLANDESTINA EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
NA BR-163
Panorama
Ambiental
Altamira (PA) - Brasil
Agosto de 2005
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03.08.2005
- Precariedade de órgãos públicos
como Ibama, Incra e Policia Federal possibilita
roubo de madeira e desmatamentos na Amazônia.
Ativistas do Greenpeace fecharam ontem uma
estrada clandestina de 135 quilômetros
que invade a Floresta Nacional (Flona) de
Altamira, área protegida criada pelo
governo federal em 1998 às margens
da BR-163, no Pará (clique aqui e saiba
mais sobre a flona). A estrada é usada
para extração ilegal de madeira
e facilita desmatamentos dentro da unidade
de conservação. |
Ao
fechar a estrada com uma cancela, os ativistas
colocaram no local placas com as mensagens:
“Área esperando para ser protegida”
e “Amazônia: Salvar ou destruir”. A
cancela foi trancada com um cadeado e a chave,
entregue ao escritório do Ibama em
Novo Progresso, principal pólo madeireiro
no trecho paraense da BR-163, como contribuição
do Greenpeace à governança,
já que cabe ao Ibama zelar pela Flona
de Altamira e outras áreas protegidas
federais. Em sobrevôo realizado no último
domingo (31/07), o Greenpeace documentou desmatamentos
recentes e a atividade madeireira – ilegal
– dentro da Flona. “O que acontece na Flona
de Altamira é um exemplo do que ocorre
com outras unidades de conservação
(UCs) na Amazônia, que enfrentam sérias
ameaças em decorrência da precariedade
de órgãos públicos encarregados
de zelar pelo patrimônio ambiental da
Amazônia”, disse Nilo D’Avila, coordenador
da campanha do Greenpeace pela proteção
da região da BR-163. |
“Hoje, a Flona
de Altamira, com mais de 712 mil hectares, não
passa de uma área desenhada no papel, com
poucos funcionários mal-equipados encarregados
de sua guarda. Se medidas concretas de fortalecimento
da presença do Estado e a implementação
das áreas protegidas não forem adotadas
imediatamente, o governo pode perceber tarde demais
que os recursos naturais da região já
foram roubados”.
Das 14 unidades de conservação existentes
na área de influência da BR-163, por
exemplo, oito não têm nenhum funcionário
do Ibama para fiscalizar a área e estão
expostas à ação criminosa de
madeireiros, fazendeiros e grileiros da região.
O asfaltamento total da rodovia é uma das
obras prioritárias da administração
Lula. A pavimentação estava inicialmente
prevista para começar ainda este ano. Em
março de 2005, o governo lançou o
“Plano BR-163 Sustentável”, com medidas estruturantes
e de caráter emergencial para que a pavimentação
da estrada ocorra com o “mínimo impacto”
possível. Dentre as medidas, estão
previstas a criação de áreas
protegidas, o aumento da fiscalização,
o ordenamento territorial e o incentivo a atividades
não-predatórias.
O Greenpeace acredita que, antes do asfalto, precisam
chegar de fato o governo e as medidas previstas
no Plano, bem como o fortalecimento do Ibama, Polícia
Federal, Incra, Funai e outras instituições
públicas que atuam na Amazônia. “Se
sem a pavimentação, os recursos naturais
na área de influência da BR-163 já
estão sendo totalmente devastados, imagine
com o acesso facilitado pelo asfaltamento da rodovia”,
questiona D’Avila.
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