PROJETO MOSTRA QUE É POSSÍVEL RECUPERAR ÁREAS DEGRADADAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2005

15/08/2005 - O desmatamento na Amazônia tem apresentado altos índices e preocupado autoridades governamentais e pesquisadores. Entre agosto de 2003 e agosto de 2004, foi registrada a segunda maior taxa de desflorestamento desde 1995, com 26.130 km2 de área desmatada, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), instituto vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Em consequência disso, pesquisadores e outros segmentos da sociedade se vêem diante de outros problemas que dificultam a recuperação do ecossitemas como, por exemplo, o desaparecimento de espécies biológicas e a degradação dos solos.

O projeto de rede Clareiras na Amazônia: avaliação, prevenção e recuperação dos danos causados em áreas de prospecção e transporte de gás natural e petróleo na Amazônia Brasileira, coordenado por Luiz Antonio de Oliveira, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), é desenvolvido na base petrolífera de Urucu, no município de Coari (a 600 km de Manaus), e pode servir de modelo para a recuperação dessas áreas devastadas.

Segundo Oliveira, a exploração dessa área pela Petrobras causa baixíssimos danos ambientais, uma vez que apenas cerca de 300 hectares foram desmatados, até aqui, para a extração de todo o petróleo e gás natural utilizados na região amazônica. O projeto de rede, que reúne nove instituições de ensino superior e de pesquisas da Amazônia, tem como objetivo principal desenvolver tecnologias para recuperar as áreas abertas na floresta (clareiras e jazidas), sendo que, no momento, apenas 28 hectares se encontram desmatados em Urucu. O restante já está em fase de recuperação, por meio da revegetação com espécies locais.

“O projeto, que tem total apoio da Petrobras, visa atender às exigências da empresa, que mantém, em Urucu, padrões de qualidade ambiental que a colocam na classificação da ISO 14001, sendo uma referência internacional de exploração do petróleo com alta qualidade ambiental”, explica Oliveira, acrescentando que, além de proporcionar à empresa esse padrão de qualidade, “tais tecnologias poderão servir de parâmetro para a recuperação das áreas degradadas pelas atividades agropecuárias em outras regiões da Amazônia, como as fronteiras agrícolas nos estados do Pará, Acre e Rondônia, contribuindo substancialmente para o desenvolvimento sustentável da região”.

De acordo com o pesquisador, o processo de abertura das clareiras na floresta retira a vegetação e a parte superficial do solo, expondo-o às chuvas e insolação, com riscos de erosão superficial. Como a retirada da vegetação é feita com tratores, há uma compactação do solo, diminuindo a infiltração da água e das raízes das plantas. Para evitar esses danos, a Petrobras mantém um viveiro com mudas de plantas, procurando recuperar e recobrir essas áreas. “Antes é feita uma avaliação dos impactos ambientais, por meio da caracterização florística, da verificação da estrutura da floresta primária e dos reflorestamentos das clareiras, e, com todas essas informações, é possível determinar a idade e o estágio sucessional das clareiras, através do sensoriamento remoto.

Também é feita a caracterização e estrutura das populações de animais”, explica o pesquisador do Inpa. A partir desse trabalho, já foi possível identificar novos insetos, pássaros, serpentes e plantas, que ainda não tinham sido catalogados porque o local, uma mata virgem, é controlado pela Petrobras, que proíbe a caça e a pesca.

Regeneração

Luiz Antonio Oliveira contou que o processo de regenaração pode ser natural ou artificial, usando-se também a adubação do solo com material orgânico ou mineral, bem como a utilização de carvão para a retenção de água e nutrientes. Além dos estudos sobre física e química dos solos, há ainda os relacionados com microbiologia etc. Para a revegetação das clareiras são utilizadas espécies que se adaptam com mais facilidade à região, como, por exemplo, a Cecropia spp, mais conhecida como embaúba, além de outras espécies arbóreas como o ingá, andiroba, diferentes espécies de palmeiras, entre outras.

“A idéia é fazer a recuperação das áreas num período de cinco a dez anos, usando a tecnologia desenvolvida. Apesar de o solo da região ser pobre em nutrientes, existem clareiras que já foram totalmente recuperadas”, afirmou o pesquisador. Ele explicou que, nas terras firmes da Amazônia, a produção e manutenção da biomassa é dependente de um ciclo fechado de extração e reposição de nutrientes, e a biomassa acima no nível do solo funciona como um reservatório desses nutrientes. Sem o replantio, explica Oliveira, a reconversão total de áreas degradadas em floresta pode durar mais de 50 anos (em alguns casos, até 500 anos), ao invés de 5 a 10 anos, utilizando-se tecnologias com base científica. Esse projeto-rede tem equipes multidisciplinares, que estudam a flora, fauna, solos e clima da Base de Urucu. O trabalho teve início em 2003, com investimentos de aproximadamente R$ 1,5 milhão, financiados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT), tendo ainda uma contrapartida financeira e logística da Petrobras.

Aplicação em outras áreas

As plantas utilizadas na recuperação das clareiras são cultivadas em viveiros localizados na própria base petrolífera de Urucu. São aproximadamente 200 mil mudas de espécies arbóreas, madeireiras e frutíferas nativas da região, totalizando 56 espécies diferentes, nos quase 300 hectares desmatados. “Hoje, são cerca de 18 hectares a serem cobertos com vegetação. É um processo contínuo, com a abertura de novas clareiras e reflorestamento”, destacou, afirmando ainda que a área de exploração está sendo ampliada em mais 100 km, o que vai exigir um esforço maior para diminuir os impactos ambientais e superar os problemas de logística, dada a distância de Urucu da capital amazonense, além do aumento dos investimentos.

O pesquisador explicou que os recursos foram ampliados em mais R$ 2 milhões, e o projeto, renovado por mais um ano. “Isso é justificado porque as tecnologias utilizadas podem ser aplicadas em outras áreas devastadas”, destacou. Ele disse que são cerca de 200 pessoas trabalhando, direta ou indiretamente, nas áreas devastadas, incluindo neste total cerca de 100 pesquisadores, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), e estudantes de mestrado e doutorado. Participam do projeto a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT), UTAM/UEA, as universidades federais do Pará (UFPA) e do Amazonas (UFAM), Embrapa, Fucapi e Petrobras.

Fonte: MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa (INPA)

 
 
 
 

 

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