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YANOMAMIS OCUPAM SEDE DA
FUNASA EM RORAIMA EM PROTESTO CONTRA MAU
ATENDIMENTO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Setembro de 2005
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16/09/2005 - Ontem,
quinta-feira 15 de setembro, após tentativas
infrutíferas de diálogo com representantes
da Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA) de Roraima, um grupo de 25 Conselheiros
Yanomami acabou bloqueando saídas e entradas
da sede da instituição em Boa Vista
(RR) durante cerca de duas horas. O ato de protesto
se deu após o início da reunião
extraordinária do Conselho Distrital de Saúde
Yanomami, onde seriam discutidas as graves insuficiências
que vêm afetando a qualidade do atendimento
em saúde na Terra Indígena Yanomami.
Diante da falta de explicações dos
representantes da instituição, os
líderes Yanomami, pintados de preto, cor
de guerra, resolveram cercar a Funasa e aguardar
pelo retorno de Brasília do seu Coordenador-geral,
Ramiro Teixeira, prevista para hoje (16 de setembro).
Segundo Davi Kopenawa, Presidente da Hutukara Associação
Yanomami, que participou do ato, essa foi a única
forma encontrada pelos Yanomami para que suas reivindicações
quanto à assistência em saúde
as suas comunidades fossem ouvidas pela FUNASA :
“Nós, Yanomami, queremos falar diretamente
ao Ministro da Saúde, ao Presidente da Funasa.
Nós nos zangamos porque os funcionários
que trabalham em Boa Vista não sabem resolver
nada. Queremos falar com autoridade, com peixe grande,
para resolver nossos problemas, com Ramiro Teixeira
e o doutor Paulo Lustosa, Presidente da Funasa.
São eles que vão resolver, que vão
falar para nós e explicar por que a Funasa
está enrolando, por que a Funasa está
enganando, por que a Funasa não libera dinheiro
para continuar o trabalho de saúde, por que
não envia remédio, por que não
manda alimento para os funcionários”.
Davi elencou as principais preocupações
que os conselheiros yanomami teriam tentado discutir
em vão com os representantes locais da FUNASA:
“Na área Yanomami está faltando remédio,
sempre pedimos mas mandam muito pouco. Faltam materiais,
agulhas, seringas pequenas e grandes, estetoscópio,
termômetro. Eles também não
manda alimento para os funcionários. Também
voltaram as doenças, a malária voltou
a crescer no Padauiri, Marari, Marauiá e
Ajuricaba, por isso ficamos preocupados. A malária
também está aumentando lá no
Alto Mucajaí, no Parawau, que tem uns 30
casos. Estão voltando com força as
doenças que os garimpeiros deixaram em nossa
floresta, tuberculose também aumentou, diarréia
e doenças venéreas”.
O Presidente da Hutukara afirma que apesar dos Yanomami
terem insistido em obter respostas diretas sobre
a constante degradação do sistema
de atendimento durante todas as reuniões
do Conselho do Distrito Sanitário Yanomami
desde o começo do ano, não ouviram
nada além de evasivas. “Eles diziam que não
sabiam, que não sabiam explicar, que não
era com eles, que eles não podiam resolver
os problemas, somente os chefes deles poderiam resolver.
Eles diziam que somente os chefes têm autonomia,
têm dinheiro na mão, que eles não
podiam falar porque ficariam com o ‘rabo preso’.
Por isso, decidimos pedir diretos para os chefes
deles”, declarou o Presidente da Hutukara, Davi
Kopenawa.
Na reunião do Conselho Distrital aberta ontem
continuaram as manobras dilatórias a fim
de contornar a manifestação de protesto
dos Conselheiros Yanomami, suscitando sua crescente
impaciência. Além disso, segundo Davi
Kopenawa, a organização da reunião
ficou enviesada, não tendo o grau de representatividade
esperado: “A FUNASA não preparou bem a reunião.
Eles não chamaram o Conselho Indígena
de Roraima (CIR), não chamaram a Funai, não
chamaram a Polícia Federal, não chamaram
ninguém de fora para ajudar a esclarecer
os problemas de saúde”.
Os Conselheiros Yanomami voltarão à
sede da FUNASA hoje, sexta-feira, dia 16 de setembro,
a fim de cobrar respostas diretas do seu Coordenador
Regional Ramiro Teixeira e a resolução
imediata dos problemas do atendimento em saúde
na Terra Indígena Yanomami.
CCPY Brasília, 15 de Setembro de 2005.
Fonte: Comissão Yanomami
(www.proyanomami.org.br)
Assessoria de imprensa