CONFERÊNCIA RESSALTA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DOS ÍNDIOS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2005

07/11/2005 - A Conferência Regional dos Povos Indígenas do Amazonas e de Roraima, promovida pela Fundação Nacional do Índio, em parceria com organizações da região, deixou claro o compromisso do governo federal de definir uma nova política indigenista em conjunto com as comunidades para garantir o respeito pleno ao direito dos índios. O evento também evidenciou a preocupação das lideranças indígenas de tornar o índio protagonista de sua própria história.

“Os povos devem participar ativamente da construção dessa nova política indigenista e apresentar seus anseios e propostas na Conferência Nacional. Esses encontros regionais, a meu ver, são muito positivos nesse sentido”, disse o Sateré-Mawé Jecinaldo Cabral, presidente da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).

De acordo com Jecinaldo, o primeiro passo para esse desafio foi a aproximação da Funai às organizações indígenas, ocorrida na gestão do presidente Mércio Pereira Gomes. “Só a partir da abertura de um diálogo, a Funai vai conseguir concretizar alguma coisa”.

O líder Yanomami Davi Kopenawa lembrou a importância dos povos trabalharem juntos. “Essa conferência é o primeiro grande encontro entre os indígenas. A união é que vai permitir a nossa organização, para que possamos atender comunidades onde nem o Estado, nem as ongs chegam”, diz. Na opinião dele, os próprios índios deveriam promover eventos como esse. “Só fico preocupado porque acho uma semana pouco tempo para discutirmos tudo que precisamos”.

Davi acompanha o trabalho da Funai desde criança, quando observava a atuação de indigenistas e sertanistas na área Yanomami. A partir de 1975, passou a trabalhar para o governo e hoje é chefe de posto na aldeia Demini, na divisa do Amazonas com Roraima. “A Funai não é do índio, mas é ela que defende e cuida da nossa segurança e da nossa terra, impedindo a invasão de garimpeiros, madeireiros e fazendeiros. Ela não pode acabar, embora eu aposte na criação de um Ministério”.

O líder Yanomami refere-se à proposta apresentada pela Coaib de criação de um Ministério Indígena. O tema está sendo discutido e deve entrar na pauta da Conferência Nacional do ano que vem. Apesar de não compreender claramente a estrutura do Governo Federal, Davi acredita na sugestão: “Eu não entendo direito a política do branco, mas com essa conferência estamos nos preparando, plantando nossa semente para que ela nasça e cresça”.

A posição da Funai em relação a isso é deixar que a aprovação ou não da proposta da Coaib seja uma decisão dos próprios índios. “O papel da Funai com essas conferências é promover um debate entre os índios e não dizer o que eles devem ou não fazer. Cabe ao governo esclarecer as estruturas administrativas - um ministério não executa ações e sim políticas”, afirmou Izanoel Sodré, vice-coordenador da comissão organizadora do evento e indigenista da Funai.

Embora algumas lideranças da região defendam o projeto da Coiab, há controvérsias sobre o tema. “Na minha opinião, se a Funai fosse fortalecida politicamente, é claro que ela atenderia nossas necessidades. Precisamos fazer uma análise profunda dos pontos positivos da Funai e onde ela está errando e por que ela está errando”, comentou Bonifácio Baniwa, presidente da Fepi (Fundação de Política Indigenista do Amazonas), órgão ligado ao governo do Estado.

Bonifácio ressalta que é preciso separar o que são organizações indígenas e órgãos indigenistas. “O órgão indigenista é responsável pela execução das políticas públicas e as organizações indígenas pelo controle social dessas ações”.

Para ele, o importante é que os índios participem do processo de construção de uma nova política e que eles possam atuar tanto nas esferas estaduais como nas federais. “Já temos, nas comunidades indígenas, pessoas com formação e melhor percepção das nossas necessidades e que, com certeza, poderão contribuir e participar da execução da nova política indigenista”, afirmou.

Participação indígena

Iniciativa da Funai, as Conferências Regionais dos Povos Indígenas são uma
oportunidade para que lideranças indígenas participem ativamente da elaboração de uma nova política pública voltada para os 440 mil índios brasileiros, de cerca de 215 etnias. Pela primeira vez, os índios são convidados a tomar parte desse processo.

Os encontros são preparatórios para a Conferência Nacional, a ser realizada em abril de 2006, em Brasília. Já foram realizados seis encontros dos nove que acontecerão até o fim do ano. As cidades de Maceió, Florianópolis, Dourados, Pirenópolis e Cuiabá já receberam cerca de 300 delegados indígenas cada. Porto Velho (RO), São Vicente (SP) e Belém (PA) serão as próximas a sediar o evento.

Na reunião de Manaus, a Funai contou com as parcerias da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), da Coiam (Confederação das Organizações Indígenas do Amazonas), da Fepi (Federação Estadual de Política Indígena) e do CIR (Conselho Indígena de Roraima). Juntos, eles formaram uma comissão que acompanhou, desde o início, a realização do evento e a elaboração de um regimento próprio.

A conferência aconteceu entre os dias 30 de outubro e 06 de novembro e reuniu cerca de 400 delegados indígenas. O apoio das organizações da região à iniciativa da Funai marcou o evento e pôde ser comprovado nos grupos de discussões, que produziram um documento final com propostas para temas como saúde, educação, gestão territorial e ambiental, revisão do Estatuto do Índio, entre outros.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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