CASO DOROTHY: CARTA DE ONGs À ONU

Panorama Ambiental
Belém (PA) – Brasil
Dezembro de 2005

09/12/2005 - Exma sra. Hina Jilani, representante especial do Secretariado Geral das Nações Unidas para os Defensores dos Direitos Humanos.

As organizações da sociedade civil abaixo representadas vêm por meio desta expressar sua preocupação e indignação em relação à sistemática violação dos direitos humanos no Estado do Pará, Brasil, antes e após a morte da missionária Dorothy Stang.
A morte de irmã Dorothy, com enorme repercussão internacional, poderia ter representado uma oportunidade para que o assassinato de líderes rurais, a exploração do trabalho escravo e o desmatamento, entre outras violações, pudessem ter recebido atenção especial do Estado brasileiro e do Governo do Pará, no sentido de erradicar essas práticas. No entanto, não é o que se observa. Apesar do julgamento célere dos acusados de matar irmã Dorothy e da expectativa do julgamento dos mandantes do crime no início do próximo ano, o assassinato de líderes rurais e a impunidade ainda são a regra nesse Estado. Entre os casos
ocorridos após a morte de irmã Dorothy, que merecem a atenção da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, mencionamos:

- Carlos Alberto da Vitória Viana, de 47 anos, assassinado em 1o de dezembro, numa fazenda a 50 quilômetros de Altamira, sudoeste do Pará. Segundo a polícia, o autor do crime é Valdir José Moura, irmão do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, um dos acusados mandar matar a missionária Dorothy Stang, em fevereiro, na cidade de Anapu, a 120 quilômetros de Altamira.

- Pedro Laurindo da Silva, 46 anos, coordenador do acampamento Zumbi dos Palmares, assassinado em 17 de novembro de 2005, com dois tiros na cabeça, em uma das principais ruas do bairro Pioneiro, em Marabá;

- Domingos dos Santos Silva, ligado à Federação dos Trabalhadores na Agricultura, morto em 8 de novembro, em Itupiranga, no sudeste do Pará, com cinco tiros disparados à queima-roupa.

- Raimundo Moraes Pinheiro, ex-presidente da Associação de Moradores do Moju, assassinado em 20 de maio, em Santarém;

- Jailton da Silva Lago, 31, encontrado morto com tiros de cartucheira em 15 de fevereiro, em um igarapé na comunidade Assurini, a cerca de 40 km do município de Altamira.

- Daniel Soares da Costa, presidente da Associação do Projeto de Assentamentos Carlos Fonseca, morto em 15 de fevereiro, em Parauapebas.

Foram 18 assassinatos em 2005. Somem-se a estes, 772 execuções de trabalhadores nos últimos 33 anos, pelas quais ocorreram apenas seis julgamentos, segundo relatório publicado pelas ONGs Justiça Global, Terra de Direitos e Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Além disso, de janeiro a outubro deste ano, 1.023 trabalhadores em regime de trabalho escravo foram libertados no Pará pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel, com a Delegacia Regional do Trabalho (DRT), em 43 fazendas fiscalizadas. Se, por um lado, é evidente a maior eficácia do atual governo federal no combate ao trabalho escravo, os números apontam para a persistência dessa prática.

Mais de 50 pessoas estão, hoje, sob ameaça de morte, no Estado do Pará. Dentre eles, destacam-se algumas das lideranças ligadas a irmã Dorothy, no município de Anapu, onde os conflitos pela posse de terras voltaram a se intensificar após a retirada das tropas do Exército, em setembro.

Também nos causa indignação o fato de que líderes de trabalhadores rurais de Anapu e inclusive testemunhas do Caso Dorothy estejam sendo acusadas pela polícia, de crimes que não cometeram.

Esperamos o julgamento exemplar de todos os envolvidos na morte de Dorothy Stang, dos pistoleiros aos mandantes. Mas, mais do que isso, também exigimos igual tratamento a todos os outros casos semelhantes, que passam desaparcebidos e para os quais a impunidade é a regra. A presença do Estado brasileiro na Amazônia não pode ser pontual, em resposta apenas a fatos de grande repercussão nacional e internacional. Deve haver governança permanente, para interromper o ciclo vicioso de abusos aos direitos humanos, tão frequentes na região.

Por esse motivo, solicitamos das Nações Unidas e seus organismos de defesa dos Direitos Humanos as providências necessárias para que os Direitos Humanos passem a ser respeitados no Brasil e no Estado do Pará.

Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Associação Agroecológica Tijupá
Centro de Estudos Jurídicos – UFPA (Universidade Federal do Pará)
Comissão Pastoral da Terra (CPT) – PA
Comitê Dorothy
Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Humanos (CMDDH) – Belém, PA
Fase/ Pará (Federação dos Órgãos para a Assistência Social e Educacional)
Faor (Fórum da Amazônia oriental)
Funaguas (Fundação Águas do Piauí)
Fundação Cebrac
Greenpeace
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
Instito Centro de Vida (ICV)
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam)
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
Instituto Socioambiental (ISA)
Justiça Global
Movimento das Mulheres do Campo e da Cidade (MMCC)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) / PA – Comissão de Direitos Humanos
Rede Alerta Contra o Deserto Verde
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH)
Terra de Direitos
Unipop (Instituto Universidade Popular)

 
 
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
Foto: Greenpeace
 
 
 
 
 
 

 

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