IBAMA ANUNCIA NOVO SISTEMA DE CONTROLE DA ATIVIDADE MADEIREIRA PARA 2006

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Dezembro de 2005

21/12/2005 - O Ibama anunciou a substituição da ATPF (Autorização de Transporte de Produtos Florestais) no próximo semestre por um moderno sistema de monitoramento do transporte de madeira “para dificultar a prática da corrupção”. A ATPF é um documento fundamental no atual sistema de controle da atividade madeireira. A nota do Ibama, divulgada ontem à imprensa, é uma resposta à operação montada pelo Greenpeace que expôs, em rede nacional de televisão, como é fácil comprar madeira ilegal na Amazônia e transportá-la até um grande centro consumidor.

Segundo o Greenpeace, os objetivos da operação foram acelerar a adoção de novo sistema de monitoramento e controle do setor madeireiro; pressionar o governo a fortalecer o Ibama e a Polícia Federal; e levar o Senado a aprovar projeto de lei que modifica a gestão de florestas públicas, aumentando a oferta de madeira legal para desestimular quem opera na ilegalidade. “O projeto de lei, já aprovado pela Câmara dos Deputados, está parado no Senado, onde virou moeda de troca nas negociações entre governo e oposição em função da atual crise política”, disse o coordenador da campanha Amazônia, do Greenpeace, Paulo Adario.

Ilegalidades, da floresta ao mercado

Na segunda-feira (19/12), ativistas da organização ambientalista entregaram 29 metros cúbicos de pranchas de madeira amazônica ilegal na sede da Polícia Federal em São Paulo. A madeira foi comprada em toras pelo Greenpeace em Rondônia, oriundas de árvores derrubadas em áreas não autorizadas pelo Ibama. As toras foram levadas a uma serraria sem estar acompanhadas de ATPF, documento de controle obrigatório nesse tipo de transporte. A serraria opera de forma irregular, pois não pediu qualquer documento, como deveria. Para levar as pranchas até São Paulo, o Greenpeace comprou documentos oficiais no mercado clandestino de Rondônia. A venda desses documentos não é permitida. A carga de madeira ilegal percorreu mais de 3 mil quilômetros de rodovias federais e interestaduais, passou por três divisas de estado e dois postos de fiscalização do Ibama –Trevo de Vilhena, em Rondônia, e Trevo do Lagarto, no Mato Grosso, sem ser fiscalizada.

A operação, descrita no estudo de caso ‘A saga de uma árvore amazônica: da floresta ao mercado”, foi documentada e exibida na noite de domingo pelo ‘Fantástico’, da Rede Globo, e ganhou destaque na mídia na segunda e terça-feiras.

O governo, que admite que o sistema atual é frágil - do gerenciamento da produção de ATPF até a gestão da informação -, vem tentando aprimorá-lo desde 1999. Em junho deste ano, o presidente do Ibama, Marcus Barros, disse em Cuiabá que as ATPF seriam extintas “até dezembro de 2005”.

A proposta que o Ibama pretende implementar é baseada em dois mecanismos, ainda em estudo: o Sirmat (Sistema Integrado de Rastreamento da Produção de Madeira em Toras) e o DOF (Declaração de Origem Florestal). O Sirmat, baseado em tecnologia de monitoramento via satélite do transporte das toras, seria destinado a empresas de grande porte. Ele foi testado em quatro empresas certificadas, mas sua eficácia em controlar o setor madeireiro que utiliza madeira ilegal está por ser comprovada. O DOF, destinado a empresas de pequeno e médio portes, seria um documento expedido via internet que daria baixa eletronicamente nos créditos de volume de madeira do interessado. Pequenos produtores e comunitários no interior da Amazônia, sem nenhum acesso à internet, não estão incluídos no processo e teriam dificuldade em se adequar e escoar sua produção.

Os sistemas em estudo pretendem controlar o fluxo de toras da floresta à serraria, mas não o de madeira serrada. A atual proposta dificulta a participação do consumidor no processo de controle – que não compra toras, mas madeira serrada ou produtos feitos de madeira. Essa participação é importante dada a complexidade do setor madeireiro e a fragilidade do setor público.

Na ausência de um sistema confiável, estados – inclusive Mato Grosso, campeão de desmatamento - estão assinando convênios com o governo federal para assumir a gestão dos recursos florestais. Esses estados estão formulando ou propondo seus próprios mecanismos de controle, sem adequada participação da sociedade civil.

Na nota do Ibama de ontem, o governo lista uma série de atividades e apreensões de madeira ilegal e equipamento para demonstrar que não está parado. Nota anterior do Greenpeace já havia reconhecido que poucas vezes houve um esforço tão grande por parte do governo em combater a exploração ilegal de madeira como agora. Mas segundo a organização, apenas operações de fiscalização não resolvem o problema. “É preciso nova legislação que promova o manejo sustentável e legal de produtos florestais por empresas madeireiras e comunidades, o reaparelhamento do Ibama e um sistema adequado e transparente de controle”, disse Paulo Adario.

Ontem, seis municípios que aderiram ao programa Cidade Amiga da Amazônia – Barueri, Guarulhos, Americana e Santos (SP), e Rio Grande e São Leopoldo (RS) – assinaram carta expressando sua preocupação com a questão da madeira ilegal. A prefeitura de São Paulo, que também faz parte do programa, determinou inspeção nas empresas revendedoras de madeira que operam na capital paulista.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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