ESPANHA E PORTUGAL DEVEM DESCULPAS AO POVO GUARANI, DIZ PARTICIPANTE DE ASSEMBLÉIA INDÍGENA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2006

07/02/2006 – Espanha e Portugal devem um pedido de desculpas ao povo guarani, disse o escritor e membro da Academia Rio Grandense de Letras, Alcy Cheuiche. Na avaliação do romancista feita à Rádio Nacional AM, essa seria uma forma de reconhecer a responsabilidade pela morte do líder indígena Sepé Tiaraju e pelo massacre de 1,5 mil índios que lutaram contra a dominação desses países na região do município de São Gabriel, localizado a cerca de 320 quilômetros de Porto Alegre (RS).

Hoje (7) completam-se 250 anos que Sepé Tiaraju foi assassinado. "É um dia de grande importância para o resgate aos povos indígenas", observou Cheuiche. Atualmente Sepé é considerado um símbolo de resistência e de luta para preservar a cultura e o território dos índios guarani. De acordo com relatos históricos, o líder indígena teria sido morto por um golpe de lança de um português e um tiro de um espanhol.

Nos três dias seguintes à morte de Sepé, 1,5 mil índios guarani foram massacrados por soldados dos dois países, num episódio que ficou conhecido como Batalha do Caiboaté. "Os espanhóis e portugueses podiam reconhecer, pedir desculpas históricas ao que fizeram, a esse massacre da nação guarani", defendeu o escritor.

Natural do município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, Alcy Cheuiche é autor do livro Sepé Tiaraju, Romance dos Sete Povos das Missões, que foi traduzido para o espanhol e para o alemão e também editado em quadrinhos no Brasil. Segundo ele, o massacre dos guarani revelou a superioridade do poder bélico dos portugueses e dos espanhóis na época.

Do lado guarani, de acordo com Cheuiche, havia 1,5 mil índios armados com lanças, arcos e flechas, contra 3,5 mil homens, do lado de Espanha e Portugal, munidos de "canhões e todo armamento moderno". "Isso está nos registros do próprio Exército de Demarcação de Fronteiras, mostrando que os índios foram totalmente dizimados e entre os portugueses e espanhóis, houve um morto ou dois e meia dúzia de feridos", contou.

O escritor explicou que o reconhecimento de Sepé como símbolo da luta guarani teve início na própria batalha. "A lenda de Sepé começou no dia 10 de fevereiro de 1756, os índios disseram que ali, no meio dessa batalha, viram Sepé montado num cavalo de fogo, comandando o ataque".

Em homenagem à memória de Sepé Tiaraju, cerca de quatro mil representantes de povos indígenas e de movimentos sociais participam hoje (7) da Assembléia Continental do Povo Guarani. Estão presentes cerca de 1,2 mil índios guarani, kaingang e charrua de todo o Brasil e de países como Paraguai, Uruguai e Argentina, cerca de mil agricultores que fazem parte da Via Campesina, 200 quilombolas, 700 jovens do campo e da cidade, além de catadores de material reciclável.

Em entrevista à Rádio Nacional AM, um dos participantes do encontro, o professor de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul Frei Luiz Carlos Susin, destacou que a união de populações historicamente excluídas fortalece a luta desses movimentos. "Esses dias, em São Gabriel, tivemos momentos extremamente emocionantes de uma alta espiritualidade, com a presença guarani, charrua, kaingang, da Via Campesina, quilombola. Então, temos uma reunião de povos reconhecendo em Sepé Tiaraju uma pessoa que dá sentido para as lutas atuais", afirmou Susin.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Andrade

 
 
 
 
 
 

 

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