INDÍGENAS SOFREM COM FALTA DE POLÍTICAS DIFERENCIADAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2006

21/02/2006 - Apesar da garantia constitucional, conforme resolução 003/94 e artigos 210, 231 e 232, de uma educação escolar indígena diferenciada, ou seja, o respeito pelas diferentes línguas e culturas: modo de vida, artesanato, calendário específico, festejos etc, isto nem sempre acontece. Justificado pela falta políticas públicas específicas que busquem diminuir os problemas sociais enfrentados pelas populações indígenas ou simplesmente pela falta de conhecimento das pessoas que trabalham com a temática. Esta é a realidade enfrentada por etnias, como Tenharim; Parintintim; Diahoi (Jiahui); Torá; Apurinã e Mura; localizadas nos municípios de Humaitá e Manicoré (Sul do Amazonas).

Atenta a essas questões, a Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi) realizou reuniões com os representantes das aldeias, que apontaram os principais problemas pelos quais estão passando. A partir das demandas sociais das comunidades localizadas, principalmente, nas áreas do Alto Rio Negro, Solimões e Madeira, a Fepi em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), elaboraram projetos na área de educação indígena, saúde e turismo científico. “Foram eles que disseram o que precisavam. No caso, o que mais se assemelhava com a área de atuação do Núcleo de Pesquisas em Ciência Humanas e Sociais era a de educação indígena, considerado também um problema grave nas aldeias”, afirma a pesquisadora daquele Núcleo do Inpa, Ana Carla Bruno. Ela acrescentou que outro problema enfrentado pelas comunidades indígenas é terem suas terras próximas de áreas conflituosas.

Ana Carla, doutora em lingüística antropológica, explicou que Humaitá e Manicoré estão situados em áreas que sofrem com a exploração madeireira, pecuária, soja etc. “Andamos 180 km da Transamazônica, visitamos dez aldeias indígenas e algumas ficam entre fazendas, como, por exemplo, a Parintintim e Diahoi. Fora da reserva indígena, fomos em uma vila chamada 180 (situada no Km 150), que surgiu com a exploração da madeira”, destacou, acrescentando que as aldeias ainda não foram afetadas pelo vilarejo, mas que não vai demorar muito para acontecer.

A pesquisadora disse que as comunidades estão preocupadas com a perda de alguns aspectos culturais de suas etnias. Segundo ela, os jovens e as crianças não estão aprendendo como se fazem as cerimônias religiosas, o artesanato, além disso, em alguns locais, os indígenas não estão mais falando a própria língua e os mais velhos estão morrendo. “Sem o conhecimento dos mais experientes não há como passar o saber para os mais jovens”, lamentou. Ela disse que eles querem que seja feito um trabalho de revitalização da cultura e da língua por meio da educação diferenciada.

Bruno explicou que os indígenas estão sendo atendidos pelo projeto Educação, Resgate e Revitalização Cultural – Etnias Indígenas de Humaitá e Manicoré: Tenharim, Parintintim, Diahoi (Jiahui), Munduruku, Torá, Apurinã e Mura, que visa a elaboração de pesquisas que sirvam para a formulação de políticas públicas a fim de solucionar os problemas constatados nas aldeias. O trabalho foi orçado em R$ 38,7 mil, e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além de contar com o apoio da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc). A pesquisa vai durar três anos, e a idéia é de nos três primeiros meses fazer um diagnóstico da situação dos moradores.
O objetivo do projeto também é fazer o levantamento da cultura material, artesanatos, artefatos, rituais, mitos, cantos, aspectos lingüísticos, ou seja, como ela é falada, gêneros de fala, diálogo cerimonial e por meio dos próprios índios saber sobre a história a partir do ponto de vista deles. “Nossa intenção é documentar tudo o que os indígenas acharem importante. A idéia é que as organizações participantes tenham acesso às informações e que os professores indígenas possam utilizá-las em sala de aula”, ressaltou.

Durante esta primeira etapa, os pesquisadores passaram 18 dias visitando as aldeias Tenharim, Parintintim e Diahoi, onde foram feitas oficinas com os representantes das tribos. Na oportunidade, explicaram o projeto para a comunidade. “Queremos aplicar a pesquisa desenvolvida pelo Inpa na melhoria da qualidade de vida das populações e, ao mesmo tempo, contribuir para a elaboração de políticas públicas específicas para a educação indígena. O objetivo é encontrar formas de se promover uma melhor compreensão da cultura das etnias, destacou Ana Carla, informando que eles ouviam atentos e opinavam sobre como poderia acontecer o trabalho.

 
 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa (Luís Mansuêto/INPA)

 
 
 
 
 
 

 

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