LICENCIAMENTO DA USINA DE BELO MONTE É SUSPENSO PELA JUSTIÇA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2006

Decisão impede que os estudos sobre os impactos ambientais da hidrelétrica, prevista para o rio Xingu, no Pará, prossigam antes que os povos indígenas que seriam afetados pelo empreendimento sejam ouvidos pelo Congresso Nacional.

Em uma liminar concedida ontem, 28 de março, o juiz federal Antonio Campelo, da vara de Altamira, no Pará, suspendeu o processo de licenciamento ambiental da usina hidrelétrica de Belo Monte, empreendimento da Eletronorte previsto para o rio Xingu. O juiz justifica a decisão afirmando que o processo não pode ser iniciado sem que as comunidades indígenas que seriam afetadas pela obra sejam consultadas previamente.

Pelo menos cinco Terras Indígenas - Arara, Kararaô, Koatinemo, Paquiçamba e Trincheira Bacajá - podem ser impactadas pela usina, afetando a vida de dez povos indígenas. Além dos Juruna da Terra Indígena Paquiçamba, localizados mais próximos à usina, a área de influência de Belo Monte envolve os Assurini do Xingu, os Araweté, os Parakanã, os Kararaô, os Xikrin do Bacajá, os Arara, os Xipaia e os Kuruaia. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) inclui ainda vários povos Kaiapó na região e mais de mil índios que vivem na cidade de Altamira.

Apesar deste enorme impacto, os povos indígenas não foram ouvidos pelo Congresso Nacional quando os parlamentares aprovaram, em julho do ano passado, o decreto legislativo nº 788/2005, que autorizou a realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de Belo Monte pela Eletronorte. O decreto tramitou menos de 15 dias entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal antes de ser aprovado, em um prazo excepcionalmente curto.

A suspensão ordenada ontem pela Justiça Federal foi solicitada pelo Ministério Público Federal em Ação Civil Pública e impede a realização das audiências públicas na cidade de Altamira que estavam previstas ainda para esta semana. As audiências seriam promovidas pela Eletronorte para a produção do Termo de Referência da hidrelétrica. A multa determinada em caso de descumprimento da decisão é de R$ 1 milhão. “Agora o processo vai começar como manda a lei, com as comunidades indígenas tendo voz no Congresso Federal”, afirma o procurador Felício Pontes, um dos autores da ação. “Deve haver um amplo debate sobre os impactos com a população afetada, até porque existem estudos importantes mostrando que Belo Monte é inviável tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico”.

Menos peixes, mais doenças

O procurador lembra ainda que a consulta prévia aos povos indígenas sobre projetos hidrelétricos que atinjam suas terras é um mandamento expresso da Constituição Federal e da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), recentemente ratificada pelo Brasil, mas foi totalmente desconsiderada pelos parlamentares que votaram o decreto.

Ao conceder a liminar, o juiz Antonio Campelo afirma que “A interrupção do curso do rio Xingu afetará a viabilidade de locomoção no mesmo, diminuirá a oferta de peixes - principal fonte alimentar das comunidades indígenas - facilitará a proliferação de doenças que podem culminar em processo de dizimação de comunidades indígenas, mudará o regime de vazões, a qualidade da água, a composição da fauna aquática, reduzirá a fertilidade natural das várzeas e aumentará a erosão das margens”. Acrescenta ainda que, no caso, “não estão em salvaguarda apenas o meio ambiente e direitos de comunidades indígenas, mas também questões que refletem na sociedade, na economia e na cultura das populações envolvidas e, principalmente, das gerações futuras, que merecem receber um meio ambiente ecologicamente equilibrado de seus antepassados”.

Belo Monte faz parte de um antigo projeto de construção de usinas hidrelétricas no Xingu, as quais alagariam áreas imensas e alterariam as condições do rio. Há mais de 17 anos a obra vem sendo contestada pelas populações que vivem na região, como indígenas e ribeirinhos, que seriam diretamente atingidos por ela. A usina está planejada para ser implantada na chamada Volta Grande do Xingu, na altura dos municípios de Altamira e Anapu, no Pará.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa (Bruno Weis)

 
 
 
 
 
 

 

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