OFICINA NO MUSEU GOELDI DEFINE LISTA DE ESPÉCIES AMEAÇADAS NO PARÁ

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2006

26/06/2006 - Finalmente serão conhecidas as espécies da fauna e flora que se encontram ameaçadas de extinção no Pará. Nesta quarta-feira (28) e na quinta-feira, mais de 50 especialistas se reúnem em Belém, numa oficina do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para debater e elaborar uma lista de animais e plantas considerados ameaçados de extinção no estado. O território paraense passa à condição de ser o primeiro da Amazônia brasileira a ter sua Lista Vermelha.

Na oficina, especialistas de diversas instituições regionais e nacionais avaliam a relação de espécies quanto ao nível de ameaça. Os pesquisadores convidados para o evento terão como documento-base para análise a Lista de Espécies Candidatas formuladas por uma equipe de cientistas do Museu Goeldi, da organização ambientalista Conservação Internacional – Brasil (CI-Brasil), Instituto Butantã e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A Lista é um primeiro esforço para a formulação da lista vermelha e relaciona 675 espécies de plantas e animais encontradas no Pará e que, possivelmente, encontram-se sob algum tipo de risco. As espécies avaliadas, preliminarmente, estão distribuídas nos seguintes grupos biológicos: Aves, Répteis e Anfíbios, Mamíferos, Invertebrados, Peixes e Plantas Superiores. Os formuladores da Lista enquadraram as espécies da fauna e flora nas diversas categorias de ameaças, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, organização mundial que estabelece as diretrizes e critérios para a elaboração das listas de espécies ameaçadas.

Elaborar uma lista vermelha não é um trabalho simples, uma vez que exige o envolvimento de profissionais capacitados na classificação de plantas e animais, com domínio sobre onde estas espécies se distribuem, quantas existem e como se comportam - são especialistas em sistemática, taxonomia e ecologia. No caso do Pará, a maioria dos coordenadores dos grupos biológicos também são curadores de coleções biológicas. O processo de elaboração da lista de espécies, que será avaliada durante a oficina, consumiu dois anos de trabalho dos pesquisadores, que checaram dados bibliográficos e de coleções biológicas para alcançar um resultado final que tinha como meta ser o mais inclusivo possível.

A formulação da Lista é um dos resultados do Projeto Biota Pará, uma parceria do Museu Goeldi com a organização ambiental CI-Brasil. De 2003 a 2005, as duas instituições se debruçaram sobre o Centro de Endemismo Belém, o setor mais desmatado da Amazônia. A parceria no estudo foi complementada com a adesão da Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará (Sectam), que garante e transforma o trabalho técnico de formulação da Lista em políticas públicas - o Conselho Estadual de Meio Ambiente já formou, inclusive, uma Câmara Técnica para acompanhar a formulação da Lista Vermelha. Com o apoio da equipe da assessoria de informática da Sectam, o Biota Pará publicou na internet, desde abril de 2005, a Lista preliminar para consulta e participação pública. Veja o site http://www.sectam.pa.gov.br/especiesameacadas

Entre as mais de seiscentas espécies que serão avaliadas pelos pesquisadores durante a oficina, algumas estão em situação de grande risco. É o caso da arara azul grande (Anodorhyncus hyacinthinus), que já consta da Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e que no Pará ainda é pouco estudada, e o pássaro dançador de coroa dourada, Lepidothrix vilasboasi, exclusivo do território paraense, cuja ocorrência é restrita à região da BR-163 (rodovia Santarém-Cuiabá). "Além de ser endêmica do Pará, esta espécie ocorre numa área de forte impacto, um dos eixos de desenvolvimento do Estado", avalia o coordenador do projeto Biota Pará, o biólogo Alexandre Aleixo, pesquisador do Museu Goeldi. Entre as espécies vegetais mais ameaçadas, está o mogno, produto valorizado pela indústria madeireira.

O Pará será o sétimo estado brasileiro a ter sua Lista de Espécies Ameaçadas, com a indicação mais precisa de como anda a perda da diversidade biológica. Segundo Aleixo e José Maria Cardoso (biólogo, vice-presidente de Ciências da Conservação Internacional – Brasil), a lista paraense se diferencia das demais em função do refinamento na estimativa da distribuição da espécie associado aos mapas de alteração das áreas. O processo de sistematização das informações exemplifica a importância da organização e manutenção de coleções biológicas, como as do Museu Goeldi, elemento básico de informação para os pesquisadores.

"Não é só a espécie que deve ser preservada, mas o ambiente onde ela vive", lembra Aleixo, ressaltando que na sua opinião e na dos dirigentes das instituições envolvidas, o trabalho não termina com a formulação da Lista de Espécies Ameaçadas. No mesmo convênio em que as três instituições firmaram parceria para a formulação da Lista, também foi acordado a organização de um núcleo para monitoramento sistemático das espécies (também sob a coordenação do Museu Goeldi) e a convocação da sociedade para participar do processo de consolidação da Lista.

Se na lista de espécies avaliadas a meta dos pesquisadores era ser o mais inclusivo possível, o esforço dos organizadores da oficina foi o de ampliar o círculo de especialistas que participam do estudo, objetivando alcançar um resultado final consistente: uma lista com informações científicas que subsidie o estado do Pará no trabalho de zoneamento ambiental, no uso dos recursos e no planejamento territorial.

Da oficina que começa na próxima quarta-feira (28), além do Museu Goeldi, Conservação Internacional – Brasil, participam também especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), as universidades Federal do Pará (UFPA), Federal Rural da Amazônia (Ufra), a de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UnB), Instituto Butantã, Instituto de Pesquisa Ambientais da Amazônia (Ipam), Ibama, Centro de Estudos Superiores do Pará (Cesep), Embrapa Amazônia Oriental, Museu de Zoologia da USP, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Imazon, Sectam, Cpatu/Embrapa e a Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex).

As discussões na oficina devem girar em entorno das espécies mais exploradas economicamente, como as plantas utilizadas pela indústria madeireira.

Grupos estudados na Lista Preliminar
Os grupos biológicos escolhidos para ancorar o trabalho de avaliação e monitoramento das espécies e seus respectivos coordenadores:
Anfíbios e Repteis: Ana Lúcia da Costa Prudente (MPEG), Marinus Hoogmoed (MPEG), Teresa Ávila-Pires (MPEG) e Ulisses Galatti (MPEG)
Invertebrados: Alexandre Bonaldo (MPEG), Willian Overal (MPEG) e Antônio Brescovit (Instituto Butantã)
Aves: Alexandre Aleixo (MPEG)
Flora: Dario Dantas do Amaral (MPEG)
Mamíferos: José de Sousa e Silva Júnior, Suely Aparecida Marques Aguiar (MPEG) e Luiz Nélio Saldanha (Ibama)
Peixes: Wolmar Benjamin Wosiacki (MPEG)

 
 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa (Joice Santos/Museu Goeldi)

 
 
 
 
 
 

 

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