NÚMEROS APONTAM QUEDA DE ATÉ 11% DA TAXA DE DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA, MAS 6 ESTADOS MANTÊM ALTA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2006

06/09/2006 - Apesar da tendência de queda da taxa média de desmatamento de toda a Amazônia, os Estados apresentaram uma propensão de alta, com exceção de Rondônia e do Mato Grosso, que deve seguir como campeão da derrubada da floresta, responsável por 50% do total. No Pará, foi observado um aumento de 50% no ritmo dos desmates. O MMA anunciou a criação de mais 10 milhões de hectares em Unidades de Conservação (UCs) federais até o fim do ano. A intenção é proteger quase 8 milhões de hectares na área de influência da rodovia Manaus-Porto Velho (BR-319).

O governo federal divulgou uma estimativa de queda de até 11% na taxa de desmatamento em toda Amazônia. O número projetado para o período de agosto de 2005 a julho deste ano foi de mais 10,9 mil quilômetros quadrados desmatados contra 12,3 mil quilômetros quadrados, entre agosto de 2004 e julho de 2005. O anúncio foi feito em Brasília, ontem, terça-feira, 5 de setembro. Como no ano passado, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) não divulgou nenhuma margem de erro e fez questão de destacar que os dados não podem ser considerados um índice sobre área total desmatada, mas apenas projetam uma tendência - a taxa oficial do desmatamento deve ser apresentada até dezembro.

Os números foram produzidos a partir dos satélites que alimentam o Sistema de Detecção de Desflorestamento em Tempo Real (Deter), desenvolvido há cerca de três anos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para fornecer informações em curto espaço de tempo e subsidiar ações rápidas de fiscalização em campo. O problema é que as imagens desse sistema são de regiões diferentes e menos detalhadas que aquelas captadas pelo Prodes, programa responsável pelas taxas oficiais que o governo apresenta todo ano. O Deter não capta os pequenos desmatamentos, menores que 25 hectares. Além disso, a quantidade de nuvens presentes em cada área observada também gera distorções, que têm de ser levadas em conta na composição dos índices. Assim, o Deter apresenta sempre resultados subestimados. Segundo o dado consolidado do Prodes também apresentado ontem, foram desmatados na Amazônia 18.790 quilômetros quadrados entre agosto de 2004 e julho de 2005. Portanto, 6,4 mil quilômetros quadrados a mais do que o contabilizado pelo Deter para o mesmo espaço de tempo. A Amazônia chega, assim, a 699,6 mil quilômetros quadrados de floresta derrubados, o que corresponde a 17,5% de seu território – o equivalente às áreas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro somadas.

Marina Silva anuncia novos índices de desmatamento. E/D: o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel; Johaness Eck, da Casa Civil; Marina Silva; o ministro da Integração Nacional, Pedro Brito; o general Alexandre Albuquerque, do Ministério da Defesa; e Gilberto Camara, do Inpe.

Taxa no Pará cresce 50%

Segundo os dados anunciados ontem, apesar da queda na taxa média de desmatamento em toda Amazônia, os Estados apresentaram uma tendência de aumento, com exceção de Rondônia (-13%) e do Mato Grosso (-34%). Assim, a maior diminuição nos índices acabou concentrada justamente no Estado campeão da derrubada de árvores em números absolutos - o Mato Grosso dever seguir como responsável por quase 50% do desmatamento total. No Pará, foi observado um aumento de 50% na taxa; no Amazonas, de 53%; no Tocantins, de 84%; e no Acre, de 4%. O Maranhão e Roraima mostraram um crescimento impressionante na área derrubada, respectivamente de 2.060% e 700%. Segundo o MMA, no entanto, com exceção do Pará, os outros casos não podem ser considerados motivo de alarme porque os percentuais referem-se a números absolutos muito baixos. São Félix do Xingu (PA) continua sendo o município campeão do desmatamento em números absolutos pelo quinto ano consecutivo, com a estimativa de mais 775,5 quilômetros quadrados desmatados entre 2005-2006, uma alta de 32,1%na comparação com 2004-2005.

Houve um aumento no ritmo do desmatamento de 8,7% nas Unidades de Conservação (UCs) federais e uma queda de -30,1% nas Terras Indígenas. O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, atribuiu o crescimento dos desmates nas UCs ao pouco tempo de criação de várias delas. Capobianco admitiu que a crise no agronegócio implica uma “conjuntura favorável” para o combate ao desmatamento e que o governo enfrenta problemas para tirar do papel suas iniciativas na área, inclusive a falta de recursos e de um empenho maior de outros ministérios. “Mas as ações estão realmente acontecendo na prática. Não existe nenhum ministério que esteja agindo para dificultar nosso trabalho. Na minha avaliação, estamos superando várias expectativas que nós tínhamos do ponto de vista de termos uma ação integrada”.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, voltou a insistir que a possível queda nos índices pelo segundo ano consecutivo deve-se às ações adotadas pelo governo de fiscalização, ordenamento territorial, criação de UCs e estímulo a atividades econômicas sustentáveis. “Seria um exercício interessante para a imprensa investigativa imaginar quais seriam os números caso o governo não tivesse adotado todas as medidas previstas e executadas até agora pelo Plano de Controle e Combate ao Desmatamento, sem desmerecer o problema da crise econômica do agronegócio”, respondeu Marina. Desde o ano passado, quando veio a público a queda de 31% na taxa de desmatamento para o período entre 2004 e 2005, alguns pesquisadores e organizações não-governamentais apontaram que o refluxo nos desmates também estaria relacionado à estagnação do setor agropecuário. A ministra informou que o governo trabalha com a perspectiva de acabar com todo o desmatamento ilegal e classificou de “inaceitável” qualquer taxa para este tipo de prática. Marina afirmou que “todos os Estados onde tivemos aumento no desmatamento são motivos de preocupação” e atribuiu o fenômeno a uma reorientação das estratégias das madeireiras ilegais diante da fiscalização do governo.

Durante a coletiva em Brasília, o MMA fez um balanço das 13 grandes operações policiais conjuntas feitas pelo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Polícia Federal (PF) na Amazônia desde 2003 contra o desmatamento e o comércio ilegal de madeira. Segundo as informações do governo, foram presas 415 pessoas, cem delas eram funcionários do Ibama e 19 eram servidores de outros órgãos públicos. Também foram apreendidos 701 mil metros cúbicos de madeira em tora, 47 tratores, 171 caminhões e 531 moto-serras.

Promessa de mais 10 milhões de hectares em UCs

Durante a entrevista coletiva em que foram divulgados os números, o MMA anunciou criação de mais 10 milhões de hectares em UCs federais até o fim do ano. A intenção é proteger quase 8 milhões de hectares na área de influência da rodovia Manaus-Porto Velho (BR-319). Caso cumpra a promessa, o presidente Lula pode chegar à marca de 29,4 milhões de hectares protegidos por UCs federais (quase 50% do total) em seu primeiro mandato. De 2003 até agora, já foram criados 19,4 milhões de hectares (38,9 % do total). A Amazônia tem hoje 49,9 milhões de hectares em UCs federais, quase 10% de todo o seu território.

Desmatamento na Amazônia de acordo com dados do Inpe:

De 1977 a 1988: 21 mil km2
De 1988 a 11000: 31,5 mil km2
De 11000 a 1994: 39,7 mil km2
De 1994 a1998: 77,8 mil km2 (1º governo FHC)
De 1998 a 2002: 76,9 mil km2 (2º governo FHC)
De 2002/03 a 2005/06: 86,5 mil km2 (governo Lula)
Oswaldo Braga de Souza.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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