POVO KAMAYURÁ REALIZA A “FESTA DAS TAQUARAS”

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2006

04 de setembro - Localizada à beira da lagoa do Ipavu, no Parque Indígena do Xingu, a aldeia Kamayurá esteve em festa neste último final de semana, nos dias 2 e 3 de setembro. Era a inauguração da casa do cacique Cotok, filho do grande líder e pajé Tacumã, e o casamento de uma de suas filhas. A cerimônia que se celebrava, e tomava o pátio da aldeia ao som das flautas de taquara e dos cantos, é conhecida como a “Festa das Taquaras”. Virou a noite e entrou domingo até a tarde. Já na sexta-feira chegavam os povos convidados: Yawalapiti, Waurá, Kuikuro e Mehinaku. Como em todas as festas do Alto-Xingu, a harmonia entre estes diferentes povos, cada qual com sua língua, impressionava o visitante. E na manhã de domingo teve início as disputas de huka-huka, que tomaram a atenção de todos. Jovens lutadores, bem preparados e fortes, demonstraram, por mais de três horas, a beleza do esporte xinguano. Os desafios individuais eram lançados logo após a disputa “oficial”, com dez lutadores para cada lado. Sempre, depois de toda luta, seja empate, seja vitória de um dos oponentes, vinha o abraço fraterno. E voltavam para junto de sua equipe a sorrir, e ouvir palavras de motivação de seus treinadores.

Por trás de todo o tradicional cerimonial, se escondia a apreensão com o futuro do Parque do Xingu e da cultura desses povos. Contudo, percebia-se também uma atmosfera de união cada vez maior entre os grandes caciques do Alto-Xingu pela defesa de sua área cultural. “A gente não pode perder isso. É muito bonito”, desabafou o chefe Takumã. Foi na lagoa do Ipavu, mística, que ele virou pajé. Um dos mais poderosos do Xingu. Na seca, a lagoa não esvazia. Na chuva, não enche. “Ela é mágica”, disse, “tem que preservar de onde vem a água dela”.

A presença do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, proporcionou uma conversa entre as lideranças. Lá, ele pôde ouvir os desabafos sobre as apreensões em que vive a comunidade. “A gente precisa fortalecer a Funai, presidente”, pediu Cotok. “Estou preocupado como essa área estará daqui a 20 anos”, confidenciou o cacique dos Yawalapiti, e grande diplomata do Xingu, Aritana. A pressão regional da sociedade envolvente, localizada em maior número nas cidades de Gaúcha do Norte (o prefeito, por sinal, estava na festa) e em Canarãna, faz aumentar o temor pela insistente oferta de políticos locais em abrirem estradas dentro do Parque, serrarias, pousadas. “Antes os brancos matavam a gente. Agora querem ser amigos, dar coisa, esse papo todo do progresso, desenvolvimento. Mas a gente quer ser o que a gente é. Só isso”, insistia Aritana. “Precisa proteger, e controlar a entrada de não-índios”, diz o cacique Kuikuro, Afukaká.

Essas eram as conversas que aconteciam na Casa dos Homens, entre as lideranças reunidas no centro da aldeia, enquanto se apreciavam as danças e as músicas que circulavam pelo pátio. “A flauta já está acabando, está difícil encontrar estas taquaras dentro do Parque”, comentou Tacumã. Grupos representantes de todos os povos convidados se revezavam na apresentação das músicas. Eram dadas as explicações culturais, as lembranças dos brancos queridos que já se foram, como Orlando e Cláudio Villas-Bôas, os amigos de hoje, como a antropóloga Carmen Junqueira e da esposa de Orlando, Marina. “Aqui você vai andar livre, é outra vida”, disse Cotok. “A gente só pensa em alegrar as pessoas, a vida. Os mais novos treinam para luta, flauta, as mulheres, dança. A gente quer continuar assim”, comentou o cacique Kamayurá, que era o “dono”, como chamam o organizador, da festa.

“Mesmo que a gente tenha televisão, gerador, trator, isso não vai afetar a nossa cultura. Ela está na nossa cabeça, no nosso corpo. Não é a televisão que vai encostar em mim e vai mudar o que eu sou”, afirma Cotok. Por sinal, a televisão da aldeia que está localizada dentro da casa do cacique, foi ligada, somente, durante todo esse período, para assistir à vitória do Brasil contra a Argentina. “Não muda nada. Nem a língua, que todo mundo fala.”

Mas a preocupação mesmo era de festa. Dos cantos e das danças. Das apresentações dos jovens flautistas e lutadores, das belas moças jovens. Peixes e beijus para os convidados. Muita música e alegria, compartilhadas em todas as línguas. Reunidos, diversos grandes caciques decidiram deixar para um outro momento, que deve acontecer em breve, para discutir o futuro do Parque, Uma reunião que deve acontecer com a presença de outras lideranças tradicionais do Alto-Xingu e que não puderam comparecer a esta festa dos Kamayurá. “Quero, junto de vocês, deixar um documento escrito, traçar estratégias de ações, tudo o que vocês precisam, e que eu possa fazer, para ajudar vocês a manterem a cultura, a terem ainda mais a liberdade de escolherem o que querem ser”, afirmou Mércio Gomes.

Funai inaugura conclusão de obras do 2º andar do edifício sede

05 de setembro - O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, inaugurou na tarde desta terça-feira (05/09) o segundo andar do prédio da sede da Instituição, em Brasília. O espaço, que era utilizado até 2005 por funcionários do Governo do Distrito Federal, agora foi conquistado pela atual gestão da Funai para instalação dos funcionários do Funai.

Fundada em 1967, a Funai funciona no prédio localizado na Asa Sul há 20 anos. Antes disso, a sede do órgão ficava no Setor de Indústrias Gráficas (SIA).

A expansão para o andar coincide com o período em que o presidente Mércio Gomes completa três anos na função. “A consolidação deste espaço para o servidor é uma grande vitória porque fortalece a luta por uma melhoria nas condições de trabalho e abre espaço para novas reivindicações como o plano de carreira e um novo concurso público”, afirma.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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