DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA CAI CERCA DE 30% PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Outubro de 2006

27/10/2006 - Depois de amargar o segundo maior índice de desmatamento da história, governo Lula comemora o segundo menor. Administração do petista já acumula um decréscimo de 52% nas taxas, mas continua ostentando o título de campeã do desflorestamento.

De acordo com estimativa oficial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 13,1 mil quilômetros quadrados foram desmatados na Amazônia, entre agosto de 2005 e agosto deste ano, uma queda de 30% em relação ao período anterior e o segundo menor índice da história desde que ele passou a ser divulgado, em 1988. A margem de erro é de 10%. Trata-se da segunda queda consecutiva, já que na comparação entre 2004-2005 e 2003-2004, o desflorestamento havia caído 31%.

O anúncio foi feito ontem, quinta-feira, dia 26 de outubro, a três dias do segundo turno das eleições presidenciais em uma entrevista coletiva, no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença do candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, que vem passando longe da questão ambiental em entrevistas e debates eleitorais. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a divulgação dos dados foi antecipada para subsidiar a apresentação, entre 6 e 17 de novembro, no Quênia, da proposta brasileira para a compensação dos países pobres pelos países ricos pela redução do desmatamento, na 12ª Convenção das Partes do Protocolo de Kyoto, tratado internacional sobre mudanças climáticas. No ano passado, a taxa oficial de desflorestamento foi divulgada em dezembro, um avanço em relação aos anos anteriores, quando ela vinha a público quase dois anos depois do período analisado.

Os números por estado serão apresentados até o início de 2007, quando for divulgado o índice consolidado do desmatamento, mas o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, adiantou que houve queda significativa nos índices totais do Mato Grosso, em Rondônia e no leste do Pará. Por outro lado, houve aumento expressivo do corte de árvores na área da ferrovia de Carajás, na divisa entre o Maranhão e Pará. Ocorreram acréscimos um pouco menores nas taxas em certas regiões do sul do Pará, do norte do Mato Grosso e no leste do Acre. Os dados preliminares foram produzidos com base na observação de 34 imagens, das mais de 200 de toda a Amazônia disponibilizadas pelo satélite sino-brasileiro CBERS, utilizado pelo Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia Legal (Prodes), do Inpe. A amostragem representa 67% do desmatamento total na região.

O anúncio da queda no desmatamento foi feito a três dias do segundo turno das eleições com a presença do presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva. (E-D) O ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Lula, Marina Silva e o diretor do Inpe, Gilberto Câmara.

“É claro que nós temos de avaliar todos os vetores que podem influenciar o desmatamento, mas se não tivéssemos feito todos os esforços e investimentos que fizemos, que não foram pequenos, apenas a queda no preço das commoditties agrícolas não daria conta de conter a derrubada da floresta”, insistiu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao ser questionada sobre a possível influência da crise do agronegócio no índice divulgado pelo governo. Ela relacionou a diminuição nos desmates em várias regiões, como a Terra do Meio e a área de influência da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), à criação de Unidades de Conservação (UCs) e às operações de fiscalização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Campeão do desmatamento

A administração Lula acumula um decréscimo de 52% no ritmo dos desmates desde que amargou o segundo maior patamar já registrado, 27,4 mil quilômetros quadrados, entre 2003 e 2004. Mesmo assim, pode chegar ao fim ostentando o título de campeã do desmatamento na Amazônia: durante seus três primeiros anos, a média anual foi de 21,7 mil quilômetros desflorestados, acima dos pouco mais de 19,2 mil quilômetros quadrados registrados durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), índice já considerado extremamente alto. No cômputo total da tragédia do desmatamento na Amazônia, no entanto, não há vencedores: durante os dois governos, vieram abaixo 222,6 mil quilômetros quadrados de florestas, quase o equivalente ao território do Reino Unido. O cálculo das médias anuais foi feito utilizando metade da taxa dos períodos com semestres fora dos respectivos mandatos, já que o “ano fiscal” do desflorestamento vai de agosto a agosto.

Em setembro, o governo divulgou a tendência de queda no desflorestamento de até 11% produzida pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real na Amazônia (Deter), também do Inpe. Segundo o presidente da instituição, Gilberto Câmara, a diferença entre o número apresentado agora e o anterior deve-se ao fato do Deter ter sido desenvolvido apenas para indicar em curto espaço de tempo onde a floresta está sendo derrubada e não para calcular a área total desmatada, já que as imagens de satélite utilizadas por ele têm uma definição pior que aquelas usadas pelo Prodes.

João Paulo Capobianco admitiu que a queda internacional nos preços dos produtos agrícolas representou uma “janela de oportunidade” para a diminuição no ritmo de destruição da floresta, mas também defendeu que as ações do governo tiveram papel determinante para isso. “Quantificar com precisão quanto o produtor deixou de investir no desmatamento por causa da crise ou quanto ele deixou de desmatar pelo fato de não ter sido autorizado é muito difícil. Existe uma sinergia de fatores que envolvem o mercado e nossas ações.” O secretário anunciou para os próximos dias a criação de um Distrito Florestal Sustentável com 28 milhões de hectares na região da Serra do Carajás, no Pará. A intenção seria estimular a plantação de eucaliptos em áreas já desmatadas para alimentar a demanda crescente por carvão vegetal das siderúrgicas locais e diminuir a pressão sobre a floresta. Um outro distrito com 35 milhões de hectares deve ser criado no vale do rio Purus, no Amazonas. Segundo Capobianco, estão em fase final os estudos para a criação de mais 10 milhões de hectares em UCs na área de influência da rodovia Manaus-Porto Velho (BR-319).

Segundo o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, diferença nos números do Prodes e do Deter decorre da qualidade da definição das imagens de satélite usadas pelos dois sistemas.

Na parte da tarde, representantes de organizações não-governamentais como o ISA, WWF, Amigos da Terra – Amazônia, Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) participaram de uma reunião com a ministra Marina Silva. No evento, eles elogiaram os resultados obtidos neste ano na taxa do desmatamento. A continuidade e a ampliação dos esforços do governo são considerados essenciais pelos ambientalistas para a manutenção da queda no ritmo dos desmates em médio e longo prazo. Eles também apresentaram algumas propostas para o avanço das ações do governo em relação ao plano de combate ao desmatamento no próximo mandato. Entre elas, a promoção de uma avaliação consistente da relação às principais ações plano e à redução dos desmatamentos para fortalecer as que vêm dando resultado e aprimorar as com baixa eficácia. As ONGs também sugeriram uma maior inserção dos estados para assumir responsabilidades nas ações, a fixação de metas de redução do desmatamento e a responsabilização dos crimes e infrações ambientais. Também foi destacado a necessidade de se discutir um programa em escala para fomentar o melhor uso das áreas já abertas, com um forte protagonismo do Ministério da Agricultura e Pecuária no plano de combate aos desmatamentos, já que até agora a participação do ministério foi muito reduzida. No dia 9 de novembro, está agendada uma reunião para discussão dos dados apresentados ontem e para encaminhar os termos de referência para a avaliação do plano, que deve ser realizada ainda este ano.
ISA, Oswaldo Braga de Souza.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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