ASFEPAM ENTREGA CARTA ABERTA À DIREÇÃO DA FEPAM SOBRE RIO DOS SINOS

Panorama Ambiental
Porto Alegre (RS) – Brasil
Novembro de 2006

10/11/2006 - O diretor-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam), Antenor Ferrari, recebeu da diretoria da Associação dos Funcionários da Fepam (Asfepam), por meio do presidente Antenor Pacheco Netto e da vice-presidente, Maria Elisa dos Santos Rosa, a Carta Aberta dos Servidores da Fepam, a qual posiciona os funcionários da entidade diante da crise ambiental que se abateu sobre o rio dos Sinos.

Ferrari afirmou que se trata de manifestação democrática dos funcionários, que souberam superar dificuldades em um esforço sobre-humano. O diretor presidente da Fepam ressaltou que os servidores também souberam avaliar as ações efetuadas, citando parte do texto, segundo o qual “É difícil quantificar as tragédias pela ação eficaz da Fepam. Por outro lado, as falhas do sistema não dependem apenas da Fepam.”

O presidente da Asfepam, Antenor Pacheco Netto, afirmou que o documento não expressa apenas o pensamento da diretoria, mas sim o de todos os funcionários da Fundação. Segundo ele, o documento ficou durante 10 dias na intranet e todas as contribuições recebidas foram consideradas na sua sistematização final.

A Carta Aberta foi entregue também ao secretário estadual do Meio Ambiente da Sema, Claudio Dilda, ao presidente do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), Valtemir Goldemeier, e divulgado à sociedade gaúcha..
Veja a íntegra do documento:

Carta Aberta dos Servidores da Fepam ao Conselho Estadual de Meio Ambiente, CONSEMA/RS, e à Sociedade Gaúcha.

Senhor Presidente do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul,

Os recentes acontecimentos que ocasionaram a “tragédia do Rio dos Sinos” levaram o corpo técnico da FEPAM, a uma profunda reflexão sobre suas causas.

Encaminhamos, a seguir, as conclusões (ou recomendações) destas reflexões ao órgão máximo da gestão ambiental deste Estado.

O monitoramento da qualidade da água, desenvolvido e mantido pela FEPAM, tem demonstrado que a Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos se caracteriza pelo progressivo decaimento da qualidade das suas águas. Atribui-se essa deterioração ao intenso uso da água dos Sinos e tributários pelo esgotamento sanitário e industrial, entre outros usos. Situação agravada, nos últimos anos, pela seca que vem sendo enfrentada pelo Estado. Isto tem gerado ocorrências cíclicas de mortandade de peixes, exigindo, com freqüência, a necessidade de ações emergenciais.

Desde 1977, o órgão ambiental estadual tem concentrado esforços no sentido de mitigar os impactos gerados pelas diversas atividades potencialmente poluidoras, localizadas naquela bacia. Instrumentos, tais como, a portaria de curtumes no início da década 80, disciplinadora da operação daquele ramo industrial, o sistema de monitoramento e fiscalização das atividades na Bacia, participação ativa e articulada com o Comitê da Bacia, bem como a Portaria de 2002 que limita o licenciamento de novas atividades na sub-bacia do rio Portão, entre outros, foram implementados.

Esses esforços, somados aos de outras instituições governamentais e da sociedade civil, que hoje ficam evidentes como insuficientes, certamente não foram inócuos. Do contrário não haveria, desde muitos anos, vida nos rios do Estado!!!

Com o episódio recém ocorrido evidenciam-se as falhas dos sistemas planejados para proteger e preservar o ambiente no Rio Grande do Sul, em especial a desestruturação dos órgãos oficiais do Estado, que impossibilita que seus integrantes CONSEMA, CRH, SEMA, DRH, FEPAM e COMITES de Bacia Hidrográfica desempenhem efetivamente seus papeis. As estruturas necessárias e não existentes e a não priorização de recursos dificultam, por exemplo, o desenvolvimento do trabalho de enquadramento dos rios (metas de qualidade) e dos planos de bacias como diretrizes definidoras do desenvolvimento da recuperação e da manutenção da qualidade da água. Essas ações de planejamento deveriam estar sendo utilizadas pelos Comitês de Bacias e pelos órgãos licenciadores no Estado, se tivesse havido o necessário suporte do Sistema Estadual de Recursos Hídricos e Sistema Estadual de Proteção Ambiental - SISEPRA.

O conhecimento acumulado ao longo da sua historia, os recursos humanos altamente capacitados, a disponibilidade de dados ambientais consistentes não foram capazes de superar a descontinuidade administrativa evidenciada na constante mudança dos gestores do sistema. Essa descontinuidade se reflete nas deficiências estruturais da FEPAM que hoje ainda é a parte mais visível do SISEPRA.

Na esteira dos acontecimentos, o desejo de concentrar em um só a responsabilidade, o corpo técnico da FEPAM foi publicamente desacreditado. Tal descrédito ofende aos que anonimamente vem lutando pela manutenção de um ambiente saudável para esta e para as futuras gerações não obstante todas as dificuldades encontradas cotidianamente, desde o desrespeito de direitos legalmente adquiridos até dificuldades na obtenção de material indispensável para a execução com segurança das atividades profissionais. Na verdade, o que o episódio comprova é que o meio ambiente não é ou não tem sido prioridade para os representantes da sociedade deste Estado. Por exemplo, desde a criação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SEMA (há 7 anos), tivemos cinco (5) secretários de meio ambiente. Durante anos a palavra desenvolvimento vem desacompanhada de qualquer adjetivo que impeça os agravos à saúde e ao meio ambiente.

É difícil quantificar as tragédias evitadas pela ação eficaz da FEPAM. Por outro lado, as falhas do sistema não dependem apenas da FEPAM.

É urgente a implementação de ações preventivas e corretivas que minimizem os riscos de novas tragédias ambientais. Portanto, são necessários gestores com conhecimento e comprometimento com as causas ambientais, priorização e garantia de execução dos recursos orçamentários e financeiros do Estado para os órgãos do Sistema Estadual de Proteção Ambiental, ações concretas de saneamento como critério do CONSEMA para habilitação à gestão ambiental municipal, bem como a consolidação desse Conselho como efetivo representante da sociedade gaúcha.

Por fim afirmamos que somente a efetiva participação do cidadão, consciente de sua responsabilidade, garantirá a concretização do desenvolvimento sustentável, para a atual e para as futuras gerações.

Porto Alegre, 07 de novembro de 2006.
ASFEPAM - ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA FEPAM
Fonte: Assimpren

 
 

Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (www.sema.rs.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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