SEMINÁRIO AVALIA OS DOIS ANOS DO PROGRAMA CARTEIRA INDÍGENA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2006

7 de Novembro de 2006 - Ivan Richard - Da Agência Brasil - Brasília - Criação de cabras e construção de sistema de irrigação e de tanques para criação de peixes são alguns dos projetos desenvolvidos por comunidades indígenas que receberam o apoio do programa Carteira Indígena. Realizado pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o programa funciona desde 2004 como instrumento para promoção de melhorias da qualidade de vida das populações indígenas de todo o país.

Depois de mais de dois anos de funcionamento e com 200 projetos aprovados, no valor aproximado de R$ 7,7 milhões, e tendo atendido a mais de 11 mil famílias, o programa passa agora por uma avaliação. Participam da avaliação representantes dos índios, do governo federal e de organizações não-governamentais (ONGs), que estão reunidos em Brasília no Seminário Nacional de Avaliação de Implementação do Carteira Indígena. O encontro termina amanhã (8).

A representante da etnia Kaigang, do Rio Grande do Sul, Maria Inês de Freitas, informou que oito projetos foram atendidos pelo Carteira Indígena no estado, entre eles, os de criação de peixes, pomar, horta comunitária e cultivo de produtos orgânicos. Segundo Maria Inês, os principais benefícios para a comunidade são a elevação da auto-estima e a possibilidade de autonomia econômica.

Entretanto, ressaltou Maria Inês, existem pontos que ainda precisam ser melhorados. “A parte técnica precisa ser aperfeiçoada e trazer mais esclarecimento para as organizações indígenas. Precisamos de orientações sobre o preenchimento do formulário, [saber] o que é importante constar e, quando tivermos dificuldade, a quem recorrer”.

Ela defendeu também mais agilidade do governo na liberação dos recursos. “O que tem demorado bastante, depois da aprovação do projeto, é a liberação do recurso”, afirmou.

A coordenadora nacional do programa, pelo Ministério do Meio Ambiente, Lylia Galetti, disse, no entanto, que a questão burocrática é um entrave para qualquer projeto voltado para os índios, e não um problema específico do Carteira Indígena. “Os índios, os quilombolas, os ribeirinhos e os extrativistas são cidadãos brasileiros que estão submetidos às mesmas leis, tanto do ponto de vista das oportunidades quanto dos deveres”.

“Agora, eles são cidadãos diferenciados do ponto de vista cultural, e é obrigação do Estado reconhecer e ter instrumentos para tratar essa diferença”, afirmou a coordenadora do Carteira Indígena no MMA.

Segundo Lylia Galetti, os índios encontram dificuldade no acesso [ao programa] porque não conhecem o Estado, a burocracia. “É preciso que se definam mecanismos e instrumentos legais para que esses cidadãos brasileiros, que são tão iguais quanto os outros, possam ter o mesmo tipo de facilidade para acessar os recursos públicos".

Para o diretor do Departamento de Apoio a Projetos Especiais do MDS, Marco Aurélio Loureiro, o grande desafio do Carteira Indígena é encontrar uma solução que amenize os problemas burocráticos da liberação de recursos. Loureiro disse que, neste sentido, foi um avanço ter sido aprovada, neste ano, uma rubrica especifica no Orçamento da União para 2007, destinando recurso para o programa.

"Até então, os recursos eram colocados em dotações genéricas, que poderiam, ao longo do ano, ser utilizadas por programas diferentes que não a carteira", disse ele. No entanto, quando se tem uma dotação específica, "aquele recurso fica, como se diz no jargão, carimbado. Só pode ser utilizado para aquela ação. E, a partir do ano que vem, vamos ter o recurso carimbado para o programa", explicou.

O Carteira Indígena atua em três áreas, assim definidas: centro-sul, composto pela Região Sul e pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás; Região Nordeste-Leste, que inclui os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, e a região da Amazônia Legal. A região Nordeste, nesses dois anos, recebeu o maior volume de recursos investidos em projetos no valor de quase R$ 4 milhões.

Para participar do Carteira Indígena, as comunidades devem elaborar projetos, que podem ser feitos por várias famílias conjuntamente, e encaminhá-los ao MMA e ao MDS. “O projeto é analisado por uma equipe técnica e depois submetido ao grupo gestor do programa”, explicou a coordenadora do Carteira Indígena.

Mais informações sobre o programa podem ser obtidas nos endereços eletrônicos www.mma.gov.br e www.mds.gov.br.

Presidente de federação indígena elogia adoção de três idiomas por município do Amazonas

10 de Novembro de 2006 - Thaís Brianezi - Repórter da Agência Brasil - Manaus - O diretor-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), Domingos Barretos, elogia a adoção de três línguas indígenas como idiomas co-oficiais em município do Amazonas.

“Quando a gente viaja para fora do país, precisa aprender outras línguas. Quem não for indígena e vier para cá, terá que aprender nosso idioma para se comunicar com a gente”, comentou, em entrevista à Radiobrás.

O prefeito de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, Juscelino Gonçalves, assinou hoje (10) o decreto que regulamenta o reconhecimento de Tukano, Baniwa e Nheengatu como línguas oficiais do município, ao lado do português. É a primeira vez no Brasil que idiomas indígenas são considerados co-oficiais – a Constituição Federal estabelece que o português é o idioma oficial do país.

Para Barretos, o fundamental é fazer o controle social da nova legislação e desenvolver ações de educação e capacitação: “Queremos construir com as instituições públicas um programa de trabalho para aplicar a lei, oferecendo curso de formação para os servidores entenderem a importância dessas línguas”.

A Lei 145/2002 surgiu de uma iniciativa da Foirn, uma articulação que reúne 660 entidades indígenas de 22 povos. O projeto de lei que lhe deu origem é de autoria do vereador indígena Camico Baniwa e foi elaborado em parceria com o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (Ipol). O decreto de regulamentação começou a ser esboçado em abril deste ano, em um grande seminário organizado pelas lideranças indígenas.

“Em 1987, quando a Foirn foi criada, falar português era sinal de superioridade. Foi nossa política de valorização da cultura e da tradição que afastou esses idiomas do risco de extinção”, ressaltou Barretos. Segundo ele, a demanda pela co-oficialização das três línguas indígenas mais faladas no município veio do movimento de professores indígenas em 1998, ano em que foi criado o primeiro magistério indígena em São Gabriel da Cachoeira.

De acordo com Barretos, pelo menos 5 mil indígenas têm o Baniwa como idioma principal; 4 mil, o Tukano; e 3 mil, o Nheengatu. Ele observou, no entanto, que o número de falantes dos três idiomas é bem maior e difícil de estimar, porque é comum os indígenas da região aprenderem línguas de outros povos.

Apesar de ser hoje considerado língua materna por diversos povos indígenas que habitam a Amazônia, como os Baré, em São Gabriel da Cachoeira, as origens do Nheengatu estão no processo de catequização. O Nheengatu surgiu a partir do Tupi e foi introduzido pelos jesuítas na região. Muitos povos que perderam sua língua original durante o processo de colonização adotaram o Nheengatu como língua principal.

São Gabriel da Cachoeira é o município brasileiro com maior porcentagem de população indígena: 73,31% dos 29,9 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 
 
 

 

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