ENCONTRO FORTALECE AFIRMAÇÃO DO POVO CHIQUITANO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2006

13 de novembro - "Eu sou Chiquitano e sou brasileiro". Com essas palavras, o cacique Cirilo Chiquitano, da aldeia Fazendinha, na Terra Indígena Portal do Encantado, concluiu o 1º Seminário de Afirmação dos Povos Chiquitanos, realizado entre os dias 10 a 12 de setembro, no município de Cárceres, Mato Grosso.

O encontro reuniu cerca de quinhentos indígenas da etnia Chiquitano, representando 27 comunidades da fronteira do Brasil com a Bolívia. Organizado pela Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), Ministério do Desenvolvimento Agrario (MDA), e organizações da sociedade civil, o evento contou com representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio), do Incra (Instituto Nacional da Reforma Agrária) e do Ministéio do Meio Ambiente (MMA), além da participação de indígenas Chiquitano que residem na Bolívia, como Roberto Tomicha, que e teólogo e doutor em História, professor da Universidade Católica de Cochabamba.

O encontro serviu para aproximar as diversas comunidades de índigenas Chiquitano que vivem na região da fronteira. Os dados mais antigos da origem deste povo remonta ao século XVII, quando foram instituídas as missões jesuíticas, chamadas de Reducciones, nas colônias espanholas. Diversas etnias eram reunidas para viverem junto nas missões. Deste amálgama étnico, sobressaiu-se a língua e a cultura dos Chiquitos, atualmente Chiquitanos, tradicionais habitantes das regiões pantaneiras. Atualmente, há cerca de 40 mil Chiquitanos na Bolívia, e cerca de 2 mil no Brasil.

A etnia foi reconhecida há cerca de dez anos pela Funai. Viviam - e muitos ainda vivem - como trabalhadores rurais em fazendas da região. Na maioria dos casos, tratavam-se de pequenas comunidades, que viviam de forma subsistente. "Afirmação étnica teve início, em grande parte, com a construção do gasoduto Brasil-Bolívia", afirma a antropóloga Joana Aparecida Fernandes da Silva. E a questão da identidade, numa terra onde as condições de trabalho são difíceis, ainda é muito reprimida.

A língua, no lado brasileiro, foi praticamente perdida ao longo do tempo. "A língua Chiquitano ainda é viva na memória dos velhos, que conversam entre si", afirma a lingüista Aurea Cavalcante Santana, indigenista da Funai, que faz pesquisas atualmente para a classificação da língua Chiquitano.

A primeira terra indígena dos Chiquitano em processo de regularização fundiária na Funai se chama Portal do Encantado, que se encontra em fase de identificação. Além disso, há quatro pedidos de reconhecimento de territórios tradicionais, ainda em análise pela Funai. "No entanto, com a conscientização da população indígena, é possível que este número aumente", afirma Joana.

Além de comidas típicas, como a chicha (bebida fermentada) de milho e de mandioca, e da patasca, no encontro houve a apresentações de músicas típicas e danças. Nas oficinas, realizadas em pequenos grupos, foram debatidos temas comuns a todas as comunidades, como a dificuldade de afirmação da identidade, a repressão da sociedade local e o preconceito e a discriminação que sofrem. Na comunidade de Vila Nova, por exemplo, há uma intensa disputa com posseiros, como lembrou o cacique Florêncio. "Até para caminhar até o rio para buscar água, precisamos ter cuidado", disse.

"As nossas idéias são livres, e queremos liberdade. Na Bolívia também sofremos, também vivemos a mesma luta e a mesma causa", afirmou o padre Jorge Masaíim, que veio da cidade boliviana de Santa Ana. "Mas devemos muito a nossos antepassados, e devemos lutar por nossa cultura."

Ao final do encontro, foi feito um abaixo-assinado, para pedir urgência na demarcação de terras e atenção das autoridades públicas na proteção do povo Chiquitano.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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