TRAFICANTES DE TARTARUGA ATACAM EQUIPE DO IBAMA EM RORAIMA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2006

Boa Vista/RR (16/11/06) - Quatro homens em uma “voadeira” dispararam dois tiros com arma de caça calibre 20 sobre uma equipe do Ibama em operação de manejo de quelônios na região do baixo Rio Branco, próximo à foz do rio Catrimãni, no estado de Roraima. Os tiros foram dados à queima-roupa, atingindo um dos homens no peito e jogando-o para o fundo da embarcação, o que levou seus companheiros a supor que teve morte instantânea.

O segundo disparo atingiu todos os tripulantes, com um deles recebendo a maior parte da carga de chumbo, o que o jogou na água. No momento seguinte, os demais ocupantes jogaram-se na água para se fugirem de eventuais novos disparos.

A missão - A missão de manejo chegou à região de Santa Fé, tradicional local de acampamento das equipes que há mais de 20 anos fazem o manejo de tartarugas nas praias do baixo Rio Branco. Região de difícil acesso, distante dez horas de “voadeira”, uns 150 km, ao sul do município de Caracaraí, rio abaixo em direção ao estado Amazonas.

Dois servidores do Ibama e cinco colaboradores eventuais compunham o grupo. O médico veterinário Raimundo Pereira Cruz, chefe do Núcleo de Fauna da Superintendência do Ibama em Roraima chefiava a equipe, secundado pelo chefe-adjunto do Escritório Regi-onal de Caracaraí, José Silva Araújo, o “Pára-choque”.

Os colaboradores eventuais são pessoas da região contratadas especialmente para as tarefas de marcação das “covas” (local de desova da tartaruga-da-amâzonia – Podocnemis expansa), identificando-as para futuro manejo dos filhotes após a eclosão dos ovos, 60 dias depois. O casal Josué Melo Silva e Dinaide da Silva Monteiro participava da missão nessa condição, assim como os ribeirinhos Silas de Almeida Souza, Odaias Tenório Correia e José Santos, o “Pimenta”, cujo corpo foi encontrado hoje em uma das praias da região.

O ataque - Por volta das 17 horas da terça-feira, dia 14, o veterinário Raimundo Cruz, Josué, Odaías e José Santos embarcaram na voadeira do Ibama, pilotada por “Pára-choque”, para irem ao local de desova. Navegaram menos de 50 metros e foram interceptados pelos trafi-cantes que aguardavam de tocaia. Sem nenhum aviso, dispararam, acertando José Santos no peito e Josué no lado direito do corpo, jogando-o na água.

Os demais se jogaram na água e cada um tentou safar-se como pôde. “Pára-choque” e Odaías conseguiram chegar à margem e esconderam-se na vegetação. Raimundo Cruz e Josué foram obrigados pelos atacantes a nadar para o meio do rio onde foram abandonados. Em seguida, os traficantes capturaram a embarcação do Ibama e a levaram com eles ainda tendo a bordo o atingido José Santos.

No meio do rio, Raimundo avisa Josué que estava sentindo cäimbras e que temia por sua vida. Impotente por seus ferimentos, Josué tratou de salvar a própria vida e nadou para a margem, logo após ver Raimundo sumir na água.

O socorrro - No acampamento, Dinaide e Silas presenciaram o ataque e esconderam-se na vege-tação, onde foram encontrados pelos sobreviventes Adaías, “Pára-choque” e Josué. A se-guir o grupo utilizou uma pequena canoa a remos para buscar socorro. Navegaram nela apenas o casal Josué e Dinaide, acompanhados de Odaías, ficando no acampamento Silas e “Pára-choque”, mais aptos fisicamente para fugirem a um possível retorno dos atacantes.

Em poucas horas, os acupantes da canoa encontraram pescadores que os conduziram à foz do rio Água Boa do Univini, afluente do Rio Branco, até a balsa de um hotel de selva, cujos funcionários os conduziram até a sede do hotel, 20 quilômetros rio acima. Por rádio, a notí-cia do ataque foi transmitida pelo gerente à Polícia Federal, em Boa Vista.


O resgate - Casualmente, encontrava-se no hotel uma equipe da Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia – Femact –, acompanhada de policiais militares, em mis-são de fiscalização e proteção da área de desova das taratarugas-da-amazônia. Nas primei-ras horas do dia 15, essa equipe dirigiu-se ao local do ataque para buscar os sobreviventes e iniciar as buscas aos desaparecidos Raimundo e José Santos.

De Boa Vista, por via aérea, também na manhã do dia 15, partiu um grupamento do Corpo de Bombeiros e agentes da polícia, acompanhados do fiscal do Ibama Flávio Maciel, munido de um telefone global que acabou por se tornar o único elo de comunicação Boa Vista. Foi utilizada a pista do hotel de selva para desembarque das equipes que, daí, seguiram de voadeiras para o local do ataque, o que demanda várias horas em função da vazante do rio Água Boa.

No retorno, a aeronave trouxe Josué e sua esposa Dinaide para Boa Vista, onde o ferido foi atendido no pronto-socorro para extração de projéteis, tendo recebido alta esta manhã e prestado depo-imento à Polícia Federal.

Por volta das 10 horas, Flávio conseguiu contornar as dificuldades de comunicação causadas pela chuva e informou à superintendente do Ibama em Roraima, Nilva Baraúna, que o veterinário Raimundo Cruz havia sido localizado com ferimentos leves e já estava a caminho de Caracaraí, por via fluvial, acompanhado dos outros dois integrantes da equipe, Silas e José Araújo, onde deverá chegar nas próximas horas.

Reforçadas pela Polícia Federal, continuam as ações de busca a José Santos e aos agressores, o que já envolve mais de 25 pessoas e deverá mobilizar mais contingentes dos órgãos de segurança dos dois estados e do Governo Federal.
Taylor Nunes

Polícia procura autores de atentado contra servidores do Ibama

Brasília (16/11/06) - Segundo informações da Superintendência do Ibama em Roraima, foi encontrado hoje o corpo do colaborador do Ibama José Santos Cruz. Na última terça-feira, Pimenta, como é conhecido, foi vítima de uma emboscada armada por traficantes de tartaruga. Atingido por um tiro no peito, ele foi levado pelos traficantes na própria voadeira da fiscalização. Quatro colegas de Pimenta, que estavam com ele na embarcaçao, foram feridos por tiros, mas pularam no rio, nadaram até a margem e se salvaram. O incidente ocorreu na região do Baixo Rio Branco, perto da foz do Rio Catrimâni. A equipe de resgate do Ibama, Polícia Federal, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil continua as buscas na região, à procura dos autores do atentado.

Os sobreviventes são: o analista ambiental Raimundo Pereira Cruz; o chefe substituto do Escritório do Ibama de Caracaraí, José da Silva Araújo; e os colaboradores, conhecidos como “praieiros”, Josué Melo Silva e Adaías Tenório Corrêa. Eles foram atingidos por dois tiros de espingarda de caça calibre 20, disparados pelos traficantes. “Foi tudo rápido”, informa Josué Melo Silva. “Estávamos indo para o tabuleiro, praias onde tartarugas fazem desova. Assim que fizemos uma curva do rio, fomos surpreendidos por quatro homens já disparando.

Os servidores que sofreram atentado participavam em operação coordenada pelo Núcleo de Fauna da Superintendência do Ibama em parceria com o Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios (RAN/Ibama), que desenvolve o Projeto Quelônios da Amazônia. Os técnicos montaram acampamento na área desde o dia 06/11/06 e se deslocavam desarmados e sem escolta ao longo das praias, fazendo marcações de covas de desova das tartarugas.

Nesta época do ano, inúmeras tartarugas procuram as praias do Rio Branco para desova e atraem traficantes de outros estados, principalmente do Amazonas, interessados na captura ilegal daqueles animais. Nas mãos dos traficantes, tartarugas e ovos acabam servindo de pratos de banquetes natalinos nos grandes centros urbanos, como em Manaus e Belém.

O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, diz que as operações de fiscalização na região vão continuar. “Não vamos nos intimidar; estamos reforçando as equipes, que terão o apoio do Exército Brasileiro, a fim de garantir o combate ao tráfico”, garante Montiel.

Projeto Quelônios da Amazônia: Projeto Executado pelo RAN/Ibama, é desenvolvido nas áreas de ocorrência natural das tartarugas, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O projeto mantém 16 bases avançadas para proteção de 115 áreas de reprodução nos rios Amazonas, Tapajós, Trombetas, Purus, Xingu, Juruá, Branco, Araguaia, Javaés e Rio das Mortes, entre outros.

Dentre as 16 espécies de quelônios que ocorrem na Região Amazônica, destacam-se seis, da Família Podocnemidae, e um da Família Kinosternidae.

Elas são manejadas diretamente. Durante 23 anos de atividades, o Projeto Quelônios devolveu nos rios amazônicos cerca de 35 milhões de filhotes das diferentes espécies de quelônios, principalmente da Tartaruga da Amazônia, do Tracajá e do Pitiú ou Iaçá, propiciando repovoamento e recuperação das populações naturais dessas espécies. Os estoques naturais das espécies foi renovado, permitindo promover a criação comercial da tartaruga e do tracajá. Hoje há 119 criadouros comerciais, reunindo mais de um milhão de animais em sistema de confinamento e cerca de 100 mil em fase de abate e comercialização.
Fonte: link RAN/Ibama
Kézia Macedo e Sandra Sato

Corpo de colaborador ainda não foi liberado pelo IML de Roraima

Brasília (17/11/06) – Segundo a superintendente do Ibama em Roraima, Nilva Baraúna, até a tarde de hoje não havia sido liberado pelo Instituto Médico Legal de Boa Vista o corpo do colaborador do Ibama José Santos Cruz, conhecido como Pimenta, vítima de uma emboscada armada por caçadores e traficantes de tartaruga. A previsão é que o enterro ocorra amanhã, na vila Vista Alegre, município de Caracaraí, Roraima.

Pimenta foi covardemente atingido por um tiro de espingarda no peito na última terça-feira, 14, e levado pela quadrilha na voadeira utilizada pelo Ibama. O incidente ocorreu na região do Baixo Rio Branco, perto da foz do Rio Catrimâni. “O Ibama está tomando todas as providências quanto ao enterro como o translado do corpo até Santa Fé e deslocamento da família para o funeral”, afirma Nilva Baraúna.

O corpo de Pimenta foi encontrado boiando no Baixo Rio Branco, próximo à comunidade de Santa Fé, a 600 metros do local do crime pela equipe de resgate formada pelo Ibama, Corpo de Bombeiros, Polícia Federal e Polícia Militar (Grupo de Ações táticas Especiais). O transporte do corpo até Boa Vista foi feito por lancha (duas horas e meia) e por avião bimotor alugado pelo Ibama (uma hora e meia).

Os outros quatro integrantes da equipe do Ibama, que estavam Pimenta na embarcação, também foram feridos por tiros, mas pularam no rio, nadaram até a margem e se salvaram. Eles teriam ouvidos outros disparos após o roubo da lancha roubada pelos assassinos. A necrópsia feita pelo Instituto Médico Legal vai apontar a causa da morte de Pimenta.

Os sobreviventes ao atentado são os servidores do Ibama Raimundo Pereira Cruz (atingido na perna), e José da Silva Araújo (ileso) e os colaboradores Josué Melo Silva (atingido no tórax e virilha) e Adaías Tenório Corrêa (ileso).

Eles participavam em operação coordenada pelo Núcleo de Fauna da Superintendência do Ibama em parceria com o Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios (RAN/Ibama), que desenvolve o Projeto Quelônios da Amazônia. Os técnicos montaram acampamento na área desde o dia 06/11/06 e se deslocavam desarmados e sem escolta ao longo das praias, fazendo marcações de covas de desova das tartarugas.

A Polícia Federal em Roraima abriu inquérito para apurar o caso. Os agentes vasculharam o local do crime em busca de informações que possam levar à identificação e prisão dos autores do atentado.
Kézia Macedo

 
 

Fonte: Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (www.ibama.gov.br)
Ascom

 
 
 
 
 
 

 

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