EMBRAPA: COMUNIDADES TRADICIONAIS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2006

Comunidades tradicionais querem ser agentes da pesquisa

(07/12/2006) - O protagonismo no desenvolvimento da pesquisa agropecuária em áreas pertencentes a populações indígenas e comunidades tradicionais foi uma das
principais reivindicações dos representantes do segmento aos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A Empresa promoveu o diálogo entre pesquisadores e representantes dessas comunidades na sede da Empresa, em Brasília/DF, durante o Encontro Etnociência e Pesquisa Agropecuária realizado entre os dias 4 e 6 de dezembro.

A diversidade de grupos que compõem o segmento das comunidades tradicionais gera diversas e específicas demandas para cada um deles. Apesar disso, durante o encontro ficou claro que uma reivindicação é comum a todos: o protagonismo no direcionamento das pesquisas a serem realizadas em suas comunidades.

Reestruturação

“No Parque do Xingu queremos que a pesquisa seja gerenciada pelos próprios índios com o apoio técnico e a assessoria dos pesquisadores”, diz o jovem líder Marcelo Kamaiurá, presidente do Conselho de Saúde do Xingu. A organização representa 14 comunidades, com uma população aproximada de cinco mil indígenas. A representante das Quebradeiras de coco de babaçu, Zulmira de Jesus Mendonça, também defende que os membros do grupo ajudem a decidir sobre a pesquisa que melhor atenderia às necessidades da comunidade.

A tarefa não é de simples execução e os pesquisadores concluíram que para que isso ocorra será preciso, entre outras coisas, que as instituições geradoras de conhecimento iniciem um processo de reestruturação, que inclui a capacitação do quadro de pessoal.

Segundo a antropóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi, Claudia López, “as instituições estão sendo obrigadas a mudar sua relação com as populações, e com a sociedade, caso contrário a pesquisa não terá mais sentido”. Ela conta que também o Goeldi passa por uma reestruturação, diz que o evento contribuiu para que percebesse que a Embrapa “tem pesquisadores sensíveis para com as questões sociais” e que a realização do encontro demonstra um desejo de renovação.

Mudanças

A botânica Laure Emperaire do IRD, instituto francês de pesquisa para o desenvolvimento, concorda que a iniciativa da Embrapa tenha sido um bom começo, mas entende que ainda há um longo caminho a percorrer. Para ela, serão necessárias mudanças “na política científica e na metodologia de abordagem da diversidade agrícola”. Laure aponta, por exemplo, uma inadequação dos padrões institucionais de funcionamento dos editais às especificidades da pesquisa feita com aquelas comunidades. A pesquisadora acredita que a lógica de produção científica adotada pelas instituições não tem favorecido o pesquisador que se dedica às populações
tradicionais.

O biólogo do Instituto Socioambiental (ISA), Henry Novion, defende que as comunidades formulem as pesquisas que desejam desenvolver. Ele acredita
que a experiência dos agentes indígenas de pesquisa, posta em prática pelo ISA em parceria com os índios baniwa possa ser adotada em outras comunidades tradicionais. Os baniwa acompanham todas as pesquisas que são desenvolvidas na comunidade com ajuda de um formulário criado com este objetivo.

Na Embrapa, a coordenação do evento pretende encaminhar à direção da Empresa a recomendação de criação de um grupo de trabalho em etnociência que teria, entre outras atribuições, o delineamento de diretrizes para essa área dentro da Embrapa. O Encontro Etnociência e Pesquisa Agropecuária foi realizado pela Embrapa Recursos Genéticos, Embrapa Transferência de Tecnologia e Embrapa Cerrados em conjunto com a Associação Comunitária da Vila de São Jorge (Asjor), com patrocínio da Petrobrás e CNPq.
Valéria Costa

Diálogo entre pesquisadores e comunidades tradicionais é tema de encontro

(06/12/2006) - Como um abraço. Segundo o indígena Francisco Canela, é assim que deve acontecer a troca de conhecimentos entre pesquisadores e os detentores do conhecimento tradicional. O Diálogo de Saberes é o tema do encontro Etnociência e Pesquisa Agropecuária que está sendo promovido entre os dias 4 e 6 de dezembro, em Brasília (DF), pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e pela Associação Comunitária da Vila de São Jorge (Asjor), com patrocínio da Petrobrás e CNPq.

Com apenas um gesto, reforçado pela palavra abraço dita em português e em timbira, língua do povo Canela, Francisco mostrou aos participantes do encontro ter chegado à mesma conclusão que o professor Paul Little, do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB): a troca de saberes deverá acontecer no campo do respeito mútuo. Conforme Little, essa troca, que denomina intercientificidade, sempre aconteceu ao longo da história das Américas, mas nem sempre por meio do diálogo.

Em palestra proferida na nesta terça-feira (05), o professor argumentou que a renovação é necessária tanto à ciência moderna quanto à tradicional e somente o diálogo poderá produzi-la, “resultando num conhecimento verdadeiramente híbrido”. O professor, no entanto, reconheceu que a tarefa não é fácil, percepção compartilhada pelos demais participantes do primeiro dia do encontro e vivenciada, na prática, pelo técnico Ozélio Messias, da Embrapa Roraima (Roraima).

Dilema

Ozélio é índio makuxi além de técnico agrícola da Embrapa há 19 anos e por vezes vive o desafio de estar dos dois lados. Onde começa o pesquisador e onde termina o indígena? O dilema é fruto do descompasso entre a legislação brasileira e a realidade dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. O tema foi debatido no painel Políticas Públicas para Populações Tradicionais do Encontro Etnociência e Pesquisa Agropecuária.

“Já fui questionado pela Funai quando procurei levar o conhecimento adquirido na Empresa para a comunidade onde vivem meus pais”, diz Ozélio, que é um índio Makuxi. Segundo ele, a instituição restringe a entrada de pesquisadores em áreas indígenas, o que aponta como entrave para o diálogo e o atendimento das necessidades daquelas populações. O antropólogo da Funai, Artur Nobre, presente no painel sobre Políticas Públicas, argumentou que as regras para pesquisa não são ditadas apenas pela Funai, mas reconheceu que ainda há muito o que avançar nessa relação.

A crescente compreensão de que não é possível fazer política pública para populações tradicionais sem a participação das mesmas fez com que o
Ministério do Meio Ambiente (MMA) promovesse encontros com o segmento para que participassem da construção das políticas de Estado. As comunidades
tradicionais são constituídas por cerca de 26 grupos diferentes, entre eles, quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco e seringueiros, comunidades ribeirinhas.

Decreto - O agrônomo do Departamento de Agroextrativismo e Desenvolvimento Sustentável do MMA, Jorge Zimmermann, contou que ao longo de dois anos
foram realizados encontros com representantes dos diversos grupos. Os encontros resultaram na elaboração de um decreto, encaminhado à Casa Civil no dia 3 último. O documento deverá beneficiar cerca de cinco milhões de pessoas que ocupam aproximadamente 170 milhões de hectares.

Segundo Zimmermann, o decreto leva em conta que a terra é a principal prioridade para as comunidades tradicionais e não apenas como forma de sobrevivência física, mas cultural. . “A diversidade cultural do Brasil é nossa maior riqueza”, sentencia Zimmermann. Assim como o agrônomo, a coordenadora do Programa de Gênero Raça e Etnia do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Renata Leite, lembrou que a pesquisa agropecuária tem de buscar um olhar diferenciado sobre o modo como os grupos tradicionais fazem uso da terra e atuar em sintonia com cada cultura.

Por isso, Renata recomenda que, mais que sensibilizar os gestores, que são transitórios, é preciso que as instituições caminhem para além do diagnóstico e incorporem em suas gestões diretrizes que atendam às demandas das populações tradicionais. Segundo ela, o MDA está atuando com ênfase na reconstrução e formação do quadro de assistência técnica da instituição para responder ao desafio de atuar de acordo com as especificidades de cada grupo.

O encontro Etnociência e Pesquisa Agropecuária, que inclui mostra de vídeos, é uma realização conjunta da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnolotia, Embrapa Transferência de Tecnologia e da Embrapa Cerrados e encerra-se nesta quarta feira (06), no auditório da sede da Embrapa, em Brasília/DF.
Valéria Costa
Embrapa Transferência de Tecnologia

Aldeias indígenas recebem sementes da Embrapa

(06/12/2006) - Na quarta-feira(6 ) os representantes da Prefeitura Municipal de Dourados, Idaterra, Funai, Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Escritório de Negócios de Dourados, Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reuniram-se para a entrega de 3.500 kg de sementes de milho às aldeias de Dourados.

O ato integra o pacote de ações estabelecido pelo Comitê Gestor de Produção Indígena, composto pela Secretaria de Agricultura de Dourados, Secretaria de Desenvolvimento Agrário/Idaterra, Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário, Funai, Embrapa e outras instituições.

O Comitê tem entre suas atividades planejar, acompanhar e implantar políticas públicas para uma população estimada em 18 mil indígenas, espalhada pelos municípios de Dourados, Douradina, Caarapó, Maracaju e Panambi e dividida nas etnias Terena, Guarani e Kaiowá. As entidades participantes colaboram de acordo com sua missão e ainda auxiliam na formulação de propostas sustentáveis e viáveis aos aldeados.

As variedades BR 106 e BR 473 são oriundas do Escritório de Negócios da Embrapa de Sete Lagoas-MG. A BR 106 tem alto alcance social, por ser adequada ao cultivo em comunidades de agricultores familiares, independente do seu nível tecnológico e econômico.

Já a BR 473 possui considerável valor energético e protéico. Os grãos têm a aparência e o sabor do milho comum e fornecem alimentos nutritivos e rações mais baratas para animais como suínos, aves e peixes.

Em 2005, a Embrapa doou, aproximadamente, 10 toneladas de sementes às aldeias de Dourados. Mário Urchei destaca que as ações da Empresa “junto às comunidades continuarão no próximo ano e as parcerias também. Precisamos desse esforço conjunto entre as instituições para levar atividades integradas aos povos indígenas”.
Dalízia Aguiar
Embrapa Agropecuária Oeste - Dourados/MS

 
 

Fonte: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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