PRESIDENTE SANCIONA LEI DA MATA ATLÂNTICA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2006

Depois de 14 anos, a Lei 3285 foi aprovada pelo Congresso Nacional em novembro e assinada hoje pelo presidente

Brasília, 22 de dezembro de 2006 — A Lei da Mata Atlântica, que regulamenta o uso e a proteção das áreas do bioma, foi assinada hoje em Brasília pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após 14 anos de tramitação, a lei foi finalmente aprovada pelo Congresso Nacional no último mês de novembro. A decisão do Presidente Lula está sendo comemorada pelos conservacionistas.

Na Constituição Brasileira de 1988, a Mata Atlântica foi considerada "patrimônio nacional", mas faltava uma definição legal, com uma legislação clara que definisse o seu uso e regulamentasse os procedimentos quanto à sua utilização, de modo a assegurar a proteção e recuperação da área. “Essa é uma excelente notícia!”, comemora Luiz Paulo Pinto, diretor do Programa Mata Atlântica da Conservação Internacional. Ele acredita que a Lei pode contribuir efetivamente para a conservação da biodiversidade, e também para o desenvolvimento sustentável de seu território. “Agora a regra é clara e o que tem que ser priorizado é o planejamento da paisagem e a conservação da biodiversidade, da mesma forma que o crescimento das atividades produtivas, associadas à cultura local”.

“A aprovação da Lei é fundamental e com ela o Congresso brasileiro paga uma dívida que começou em 1988”, analisa Fabio Feldmann, autor do projeto e atual secretário-geral do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas. “Com a aprovação, deixam de existir dúvidas sobre o que é e qual a extensão da Mata Atlântica e se assegura a proteção dos remanescentes. Hoje, muitos empreendimentos imobiliários colocam como atrativo o fato de estarem na Mata Atlântica, a mídia cobre vastamente as iniciativas no bioma, qualquer estudante sabe o que é Mata Atlântica e ainda assim passamos por 14 anos de enormes resistências”.

Esperança para a Mata Atlântica - Considerada um dos cinco hotspots de biodiversidade mais importantes do planeta - que são as áreas mais ricas em diversidade biológica e também as mais ameaçadas -, a Mata Atlântica é uma região prioritária para a conservação ambiental. Estudos recentes reforçam a importância biológica da Mata Atlântica, indicando 150 gêneros de plantas endêmicas, um dos indices mais altos entre os hotspots. O bioma ocupava uma área equivalente a 1,36 milhão de km2 e estendia-se originalmente ao longo de 17 estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí). Hoje, restam apenas cerca de 100 mil km2, sendo que 93% já foram devastados. Vivem na Mata Atlântica cerca de 110 milhões de brasileiros ou mais de 60% da população do país. Esta população depende da proteção da floresta para a obtenção de recursos naturais essenciais à vida, como a água.

Essa iniciativa do Governo Federal e outras notícias recentes trazem mais esperança para o futuro da Mata Atlântica. Nos últimos 20 anos, a Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE – Instituto Nacional de Pesquisa Espacial – têm utilizado imagens de satélite, tecnologia da informação e sensoriamento remoto para elaborar o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, atualizado a cada cinco anos. De acordo com a análise divulgada na semana passada, as taxas de desmatamento diminuíram 70% nos últimos anos, e o bioma mostrou uma surpreendente capacidade de recuperação. Para Luiz Paulo Pinto, o desafio agora é seguir adiante a partir desses sinais de sucesso, regredindo o processo de devastação. “Nós temos que encontrar maneiras de acelerar e expandir a recuperação de áreas degradadas, tais como o Fundo de Restauração do Bioma Mata Atlântica previsto pela nova Lei, destinado ao financiamento de projetos de restauração ambiental e de pesquisa científica”.

“Esta lei, que entra imediatamente em vigor, foi construída para ser um exercício da cidadania socioambiental, está repleta de instrumentos que permitem valorizar o controle social e é de fácil entendimento para qualquer cidadão leigo”, avalia Mario Mantovani, diretor de mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica. Mantovani ressalta o papel do ex-deputado Fabio Feldmann que em 1992 “teve a coragem de apresentar o projeto em contraponto ao Decreto 1000, quando o desmatamento estava sem controle”. “A ministra Marina Silva e vários deputados, como Luciano Zica, Fernando Gabeira e o relator Edson Duarte se envolveram pessoalmente para que esta vitória fosse possível”, afirma. “Tivemos uma intensa participação da sociedade em todas as etapas do Projeto, com forte mobilização, o que demonstra a legitimidade desta vitória. E felizmente temos agora em mãos um projeto muito atual e moderno”.

Entre os avanços que o Projeto de Lei da Mata Atlântica traz estão a criação de um fundo de restauração, a redução de impostos, a facilidade de acesso a linhas de crédito para proprietários de terras com áreas preservadas e, principalmente, a proteção e a conservação do bioma.

Durante estes anos, o PL foi sendo atualizado por leis como as de Crimes Ambientais, dos resíduos sólidos e dos recursos hídricos. Questões como a dos estágios sucessionais já foram regulamentadas em 16 estados, em conselhos estaduais e no Conselho Nacional de Meio Ambiente.
Luiz Paulo de S. Pinto
Diretor do Programa Mata Atlântica
Mario Mantovani
Diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica

Megadiversidade alia economia e conservação

Revista, lançada pela CI-Brasil, apresenta estudos sobre o impacto dos mecanismos econômicos para a proteção da biodiversidade brasileira

Brasília, 22 de dezembro de 2006 — De que forma os instrumentos econômicos podem contribuir com a conservação da biodiversidade? A resposta a essa pergunta é aprofundada por expoentes do meio científico e acadêmico do Brasil e exterior no terceiro número da revista Megadiversidade, que oferece um panorama das experiências em vigor e dos avanços na área. Lançada pela Conservação Internacional, ela reúne treze artigos com as mais recentes discussões que podem alavancar as políticas de proteção ambiental do país, como a concessão de florestas públicas para exploração sustentável; análise crítica de grandes projetos de infra-estrutura, os mecanismos de quantificação de perdas ambientais e de benefícios socioeconômicos de programas de conservação da biodiversidade e as formas de compensação financeira e fiscal.

“Nossa expectativa é mostrar novas metodologias na área econômica que possam avançar no caminho da sustentabilidade e proporcionar projetos de desenvolvimento mais completos, incluindo as variáveis ambientais desde a primeira etapa”, explica o diretor de Política Ambiental da CI-Brasil, Paulo Gustavo do Prado Pereira. Ele observa que, apesar de ser uma ciência ainda recente, os sistemas de medição estão cada vez mais completos e devem ser colocados a serviço da política ambiental brasileira.

A maior parte da biodiversidade está nos países neotropicais, em geral, nações em desenvolvimento e que têm sua economia fortemente embasada nos recursos naturais. “É importante que ofereçamos instrumentos capazes de minimizar impactos e o uso excessivo, de forma a garantir o futuro desses países através de modelos mais sustentáveis do ponto de vista ambiental e da repartição dos benefícios sociais”, ressalta.

Um dos autores de artigo sobre a avaliação de impactos de programas de conservação, o vice-presidente do Programa de Desenvolvimento Humano do Centro para Ciência Aplicada à Biodiversidade (CABS) da Conservação Internacional, Keith Alger, destaca a importância de mensurar os valores gerados pelas áreas protegidas, seja com os ganhos à saúde pública na redução de doenças, a geração de empregos ou a manutenção do provimento de água potável, por exemplo. “Temos hoje métodos muito mais potentes para comprovar esses valores e torná-los úteis no planejamento de governos”, aposta Alger.

Dados de outro artigo da publicação mostram que, além de conservar a biodiversidade e os serviços ambientais, dez áreas protegidas no entorno da cidade de Manaus (AM) geram a entrada de recursos na economia local e a manutenção de 218 empregos diretos, totalizando uma renda anual de US$ 943,75 mil, cerca de R$ 9,2 mil por trabalhador por ano (considerando o dólar a R$ 2,15).

O lançamento da publicação é propício nesse momento em que a pauta está em discussão no país, aposta o professor de Economia Ambiental do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Wilson Cabral de Sousa Júnior, que participou da organização da revista. “Reunimos um apanhado de trabalhos de ponta que podem ser incorporados nas políticas públicas ambientais do Brasil”, conclui.

Destacam-se também estudos sobre a viabilidade econômica de alguns empreendimentos hidrelétricos e da hidrovia Paraguai-Paraná, pagamentos por serviços ambientais baseados no princípio PPR – Princípio do Protetor Recebedor - e análise sobre a implementação do sistema legal para o fortalecimento do combate a crimes ambientais na Mata Atlântica.

Participaram da publicação profissionais que atuam em ONGs, órgãos governamentais, consultorias e universidades do Brasil e exterior. A revista pode ser acessada no link http://www.conservacao.org/publicacoes/megadiversidade02.php

 
 

Fonte: Conservação Internacional Brasil (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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