COMUNIDADES INDÍGENAS DE DEZ ESTADOS DEVEM RECEBER 96 NOVAS UNIDADES DE SAÚDE

Panorama Ambiental
Brasília (DF)– Brasil
Janeiro de 2007

31 de Janeiro de 2007 - Gláucia Gomes - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Comunidades indígenas de dez estados devem receber, até o início de março, 96 novas unidades de saúde indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A fundação pretende inaugurar nesse prazo 90 postos de saúde e seis pólos-base (estruturas que servem como base para coordenar a saúde em uma região).

Segundo o presidente da Funasa, Paulo Lustosa, 40 postos e cinco pólos-base já estão concluídos, aguardando inauguração, e as obras de outros 50 postos e de um pólo base estão em fase de conclusão.

De acordo com Lustosa, os locais de construção dos postos de saúde e pólos-base foram definidos com base em índices epidemiológicos e após reuniões com lideranças e representantes dos conselhos distritais de saúde indígena. O total de investimento nas obras é de cerca de R$ 12 milhões, e os recursos são do projeto Vigisus II, parceria da Funasa com o Banco Mundial.

Dez estados serão atendidos pelos serviços das novas unidades de saúde: Minas Gerais, Mato grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Roraima.

Segundo a Funasa, os novos postos de saúde são de dois tipos: 64 são do chamado tipo 1, e 26, do tipo 2. O posto de saúde tipo 1 conta com área de 42 metros quadrados e é destinado ao atendimento simplificado, ou seja, não abriga equipe médica permanente, apenas um agente indígena de saúde.

Já o posto de saúde do tipo 2 tem área de 103 metros quadrados e é destinado a atendimento básico, com atuação contínua de auxiliar de enfermagem. Serve também como base para as equipes multidisciplinares.

A Funasa considera que a população indígena hoje é de 470 mil índios, divididos em 3.300 aldeias. São, nas contas da fundação, 170 etnias, espalhadas por todo o Brasil, com concentração maior em 13 estados e 1.300 municípios. As comunidades indígenas contam hoje com 737 postos de saúde em todo país. Com a entrega das novas unidades, o número chegará a 833.

Hoje, a Funasa também é responsável pelo abastecimento de água potável em 1.200 aldeias. Em 2006, foram vacinados 104 mil índios. A fundação também faz acompanhamento do estado nutricional das crianças indígenas e o controle entre os índios da ocorrência de doenças como AIDS, tuberculose, malária e hepatites. Doenças mentais, suicídios e saúde bucal são outras preocupações da fundação.

Além das 96 unidades de saúde a serem inauguradas até março, também devem ser concluídas nesse prazo as obras de ampliação da Casa de Saúde Indígena (Casai) de Roraima. As obra de outros nove postos de saúde devem ser iniciadas nos próximos meses, segundo a Funasa.

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Para líder indígena, faltou diálogo com comunidades sobre novos postos de saúde

31 de Janeiro de 2007 - Gláucia Gomes - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Representante indígena no Conselho Nacional de Saúde, Jecinaldo Barbosa Cabral diz que os movimentos indígenas não foram informados da construção de 96 unidades de saúde indígena, previstas para serem inauguradas pela Fundação Nacional de Saúde até o início de março.

Cabral, que é também coordenador geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o maior agrupamento do gênero no Brasil, diz que a necessidade de construção de mais postos foi debatida em vários encontros, como o Fórum Nacional de Presidentes de Conselhos Distritais de Saúde Indígena, mas, em nenhum momento, os representantes indígenas foram consultados ou informados sobre a definição de local ou de formato dos novos postos.

O líder indígena diz que fica “insatisfeito” com essa falta de diálogo no caso dos postos, mas que isso não representa propriamente uma novidade. “Falta uma maior aproximação do trabalho indígena com o governo federal. E, por que não dizer, do governo federal com os indígenas”, diz ele. “A política do governo ainda é unilateral, ao invés de ser mais participativa. Não é debatido com os indígenas as questões relativas a eles.”

O maior exemplo dessa falta de diálogo, segundo Cabral, é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no último dia 22. “De forma geral, falta diálogo, haja vista o PAC, que para nós será uma tragédia”, lamenta ele, em referência, especialmente, às grandes obras previstas na Amazônia pelo PAC, como a hidrelétrica de Belo Monte, em Mato Grosso, e a hidrovia do rio Madeira, entre Rondônia e o Amazonas.

Para o líder indígena, que é da etnia Sateré-Mawé, do Amazonas, a construção de postos de saúde não resolve os problemas que a saúde indígena apresenta hoje. O maior problema, segundo ele, ainda é o tratamento dispensado pelas prefeituras à questão da saúde indígena. “Na maioria das vezes, os municípios são antiindígenas e não têm uma política especifica para atender essas populações”, diz ele.

“O problema macro perpassa pela descentralização, pela autonomia dos distritos sanitários especiais indígenas (Dsei’s) e pela estruturação que a Funasa está tentando fazer e que já deveríamos estar além disso para que esses absurdos (como a morte de crianças indígenas) não acontecessem”, completa.

Para o líder indígena, a maior dificuldade ainda é a promoção do acesso das comunidades aos serviços oferecidos. “Os Dsei’s não têm autonomia e, por mais que construa postos, não vem atacar diretamente o problema da gestão e a municipalização da saúde das populações indígenas”, diz ele.

De acordo com Cabral, ainda existe um déficit na estruturação dos postos de saúde já existentes, com falta de equipes e de equipamentos. A centralização promovida pela Funasa em relação aos recursos também é prejudicial, segundo o líder.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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