DECISÃO JUDICIAL DETERMINA REFLORESTAMENTO DE TERRA TRADICIONAL DOS XAVANTES

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2007

8 de Fevereiro de 2007 - Juliane Sacerdote - Da Agência Brasil - Brasília - A decisão judicial que devolveu aos índios Xavante a terra Marãiwatséde, em Mato Grosso, também prevê que os atuais ocupantes reflorestem os 160 mil hectares que estejam devastados. A área foi usada durante 40 anos para as atividades de agricultura e pecuária e hoje está “bastante devastada”, segundo o coordenador do Programa Xavante e administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Goiânia, Edson Beirez.

“Agora, os índios vão poder retomar suas atividades, como plantar, caçar, fazer os rituais e festas tradicionais. Mas, infelizmente, a área está bastante devastada pela agricultura e pecuária realizadas ao longo desse tempo. Os rios estão contaminados por defensivos agrícolas. É preciso fazer um trabalho cuidadoso e de longo prazo para recuperarmos essa área, para que os índios possam viver de forma digna”, afirmou Beirez, em entrevista à Agência Brasil.

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, dissei que o reflorestamento, por parte dos fazendeiros, pode demorar muito ou também não acontecer, por isso, a Funai vai buscar recursos em grupos internacionais dispostos a ajudar no reflorestamento dessa mata.

“Vamos trabalhar para obter recursos para reflorestar, vamos obter recursos de fora. Os índios estão dispostos a trabalhar cinco, dez anos no reflorestamento de suas terras. Está previsto na decisão que os posseiros têm que reflorestar, mas isso é difícil de acontecer, não vamos esperar que eles venham reflorestar”, acrescentou o presidente da Funai.

Ocupação de terra tradicional deve ser feita com planejamento, aponta administrador da Funai

8 de Fevereiro de 2007 - Juliane Sacerdote - Da Agência Brasil - Brasília - Com a decisão judicial de segunda-feira (5) favorável aos índios Xavantes, a retomada da terra Marãiwatséde, em Mato Grosso, nos municípios de São Félix do Araguaia e Alto da Boa Vista, deve ser realizada a partir de um plano, garantiu o coordenador do Programa Xavante e administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Goiânia, Edson Beirez.

“Vamos fazer um plano para a reocupação e isso vai feito em conjunto com a Funai, com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), com o Ministério Público e com a Polícia Federal. Nossa preocupação inicial é com aqueles moradores da reforma agrária. Já temos uma área destinada a isso, na fazenda Guanabara. Os fazendeiros e invasores já foram notificados a desocupar o local”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.

Questionado sobre a possibilidade de haver resistência por parte dos fazendeiros e invasores, Beirez explicou que “se houver resistência, a Polícia Federal vai ser chamada, mas que “vai fazer de tudo para evitar conflitos e para que o processo aconteça na maior paz possível”.

Ele explicou também que os índios pretendem construir pelo menos outras quatro aldeias no terreno, pois já existe uma, com cerca de 600 índios, mas quando a área for totalmente ocupada, deve chegar a cerca de 1.500 indígenas.

Índios Xavante retornam à terra tradicional em Mato Grosso

8 de Fevereiro de 2007 - Juliane Sacerdote - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Os índios Xavante da terra Marãiwatséde, de Mato Grosso, conseguiram, na segunda-feira (5), o direito legal de retornar à sua terra tradicional. Pelo menos 1.500 índios poderão viver na área de onde foram retirados há 40 anos, por aviões da Força Área Brasileira, por fazendeiros e padres. Durante todo esse tempo, a área ficou ocupada por fazendeiros, jagunços e moradores de assentamentos da reforma agrária.

A peregrinação dos indígenas foi longa. Eles passaram por vários territórios, sofreram com a retirada forçada e com as doenças que mataram dois terços da aldeia. Cerca de 230 índios foram retirados das terras. Segundo o coordenador do Programa Xavante e administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Goiânia, Edson Beirez, eles foram persistentes e pacientes em esperar pela decisão da Justiça.

“Ficamos surpresos com a postura dos índios em esperar a decisão judicial de forma tranqüila. Os Xavantes são conhecidos como guerreiros, mas ficamos bastante satisfeitos porque a decisão foi favorável e, finalmente, a justiça foi feita. A decisão tem uma significância grande na sobrevivência cultural dos Xavantes”, destacou Beirez, em entrevista à Agência Brasil.

O processo tramitava na Justiça desde 1995. Em 2004, a ministra Ellen Gracie, atual presidente do Supremo Tribunal Federal, concedeu uma liminar favorável aos Xavantes. Eles ocuparam cerca de 40 mil hectares e já têm uma aldeia formada. Faltava a decisão da Justiça sobre a devolução da terra, em sua totalidade, aos índios. A área soma 165 mil hectares e se localiza nos municípios de São Félix do Araguaia e Alto da Boa Vista, em Mato Grosso.

Na opinião do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, a decisão mostra “que a justiça tarda, mas não falha” e que a história dos índios é quase de “genocídio”, já que vários morreram apenas 15 dias após a retirada de 1966.

“Eles foram vivendo em várias terras, mas sempre pensando em voltar para a Marãiwatséde. Lutaram muito, demos nosso apoio, e eles esperaram a sentença da Justiça. Essa decisão é importante porque reconhece de fato a terra indígena, de direito, e prevê a retirada daqueles que não são indígenas. Ficamos muito felizes. Podemos comemorar que a justiça tarda, mas não falha”, avaliou Pereira.

O sertanista da Funai na região Denivaldo da Rocha conta que a comunidade indígena está em festa e que tudo que os índios queriam na vida era ocupar suas terras tradicionais. “O cacique veio falar comigo, me cumprimentar e contar que a aldeia está em festa, e que os índios estão muito felizes com a decisão”.

A decisão da 5º Vara da Justiça Federal de Cuiabá, assinada pelo juiz José Pires da Cunha, prevê a desocupação dos fazendeiros, posseiros e qualquer outro invasor da terra de Marãiwatséde imediatamente, e que essa pessoas façam o reflorestamento da área.

O juiz determina ainda que os posseiros cadastrados no Programa de Reforma Agrária, cerca de 3 mil famílias, sejam reassentados na fazenda Guanabara, próxima à terra indígena. Elas não terão direito a nenhuma indenização, já que, na opinião do juiz, as ocupações foram de má-fé.

Justiça decide que hidrelétrica em área indígena deve ter autorização do Congresso

5 de Fevereiro de 2007 - Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na área de geração de energia precisará do consentimento do Congresso Nacional. Por unanimidade, a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região tornou ineficaz o decreto legislativo de 2005 que autorizou a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

A turma acatou parecer da desembargadora federal Selene Maria de Almeida. A magistrada entendeu que o Congresso é o responsável pelas consultas públicas às comunidades indígenas que serão afetadas pela usina, em vez do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O julgamento ocorreu no último dia 13 de dezembro do ano passado, mas a decisão só foi publicada hoje (5) no Diário da Justiça.

Segundo a desembargadora, a própria Constituição estabelece que somente o Congresso Nacional pode autorizar a exploração de recursos energéticos em áreas indígenas após ouvir os índios. Na avaliação da 5ª Turma, a consulta às comunidades indígenas não deve ser confundida com as audiências públicas realizadas pelo Ibama com a população ribeirinha na região da obra, que fica no rio Xingu. Na decisão, o TRF ressaltou ainda que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das obras e o laudo antropológico também deverão ser submetidos à apreciação dos parlamentares.

Com previsão de gerar 5.681 megawatts, a hidrelétrica de Belo Monte abrangerá quatro municípios paraenses: Vitória do Xingu, Altamira, Senador José Porfírio e Anapu.

Para o Ministério Público Federal em Altamira, que entrou com a ação, a construção da usina interromperá o transporte de passageiros e cargas entre os rios Xingu e Bacajá, o que afetará as comunidades ribeirinhas da região.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério de Minas e Energia informou que a decisão não deve acarretar, em curto prazo, atrasos. Isso porque o TRF não proibiu a continuidade dos estudos de viabilidade ambiental. De acordo com o ministério, a obra propriamente dita ainda nem tem data para ser iniciada.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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