CULPA DO AQUECIMENTO É DA HUMANIDADE, AFIRMA CLIMATOLOGISTA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

4 de Março de 2007 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A temperatura do planeta está subindo, disso ninguém duvida. O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado no início de fevereiro em Paris (França), detectou um aumento de temperatura global entre dois e quatro graus e meio a mais do que os níveis registrados na era pré-industrial. As estimativas mais prováveis falam num aumento médio de três graus, o que ocorreria se os níveis de emissão de dióxido de carbono (CO²) se estabilizassem em 45% acima da taxa anual.

Também não há mais dúvida de que a ação do homem é a grande responsável pelo chamado aquecimento global. Atividades como pegar o ônibus ou tirar o carro da garagem, passar roupa e fazer o costumeiro arroz com feijão, consomem gasolina, energia elétrica e gás metano, que juntos lançam dióxido de carbono na atmosfera. Este, por sua vez, é um dos responsáveis pelo chamado efeito estufa, que impede que os raios solares deixem a atmosfera provocando o aquecimento da terra.

O climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre lembra que o relatório do IPCC divulgado no dia 2 de fevereiro deixou claro que, com 90% de probabilidade, o aquecimento dos últimos 50 anos se deve mesmo às atividades humanas.

“É lógico que quase todas as emissões são feitas no nosso modelo moderno de produção e uso de energia, indústria e agricultura, que é efetivamente para produzir os bens que a sociedade moderna consome. Então na raiz, o que motiva essa grande emissão é atender às necessidades humanas”, destaca o pesquisador do Inpe.

Segundo o diretor da organização não-governamental Iniciativa Verde, Osvaldo Martins, o padrão de consumo do ser humano está diretamente relacionado com a quantidade de gases emitidos no meio ambiente. “O setor residencial é um grande emissor de gases do efeito estufa e 30% de todas as emissões desses gases são referentes a transportes. Ao nos locomovermos de um lugar para o outro, também existe um pacote grande de emissões”, explica.

Martins lembra que apesar de as indústrias serem o setor da economia que mais polui, os bens de consumo que ela produz são demandas da sociedade. “A gente não pode esquecer que as indústrias, tanto a indústria de bens de consumo quanto a indústria energética, produzem para nós. Então, indiretamente, [o aquecimento também] é de responsabilidade do cidadão”.

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Cidadão libera em média 2 toneladas de gás carbônico por mês na atmosfera, estima ONG

4 de Março de 2007 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A organização não-governamental (ONG) Iniciativa Verde calcula que cada cidadão libera em média 2,07 toneladas de gás carbônico ou dióxido de carbono na atmosfera por mês.

Na página eletrônica da ONG (www.thegreeninitiative.com), é possível calcular a emissão individual dos gases que causam o efeito estufa e a quantidade de árvores que cada pessoa deveria plantar para neutralizar isso. O cálculo leva em consideração o consumo de energia elétrica, de gás de cozinha e o tipo de transporte utilizado.

Em relação ao consumo de energia elétrica, a ONG considera que o consumo médio por pessoa é de 100 quilowatts-hora por mês, o que gera uma emissão de 0,32 tonelada de CO². Por ano, a emissão passa a ser de 3,84 toneladas desse gás por habitante.

Sobre o consumo de gás de cozinha por pessoa, o levantamento mostra que no Brasil a média é de quatro milímetros cúbicos por mês (ou três botijões por ano), o que perfaz uma média de 0,20 tonelada de CO². Por ano, a emissão é de 2,4 toneladas.

Por último, a ONG considerou a média de combustível fóssil (petróleo e derivados) queimado por habitante, levando em conta que cada pessoa percorre cerca de 850 quilômetros por mês. Em um carro pequeno movido a gasolina, com motor até 1.4, cada pessoa liberaria 1,55 tonelada de CO² na atmosfera por mês, ou 18,6 toneladas por ano.

Resumindo, se uma pessoa consumir esses valores médios de energia elétrica, de gás e de combustível, estará liberando na atmosfera 2.07 toneladas de gás carbônico por mês, em média, ou 24,84 toneladas por ano. Para compensar esses níveis de emissões, a Iniciativa Verde recomenda que cada cidadão plante 14 árvores por mês ou 168 por ano, já que as árvores absorvem o gás carbônico.

Se você achou essa meta difícil de cumprir, saiba que existe outra maneira de compensar o meio ambiente: diminuir a emissão do dióxido de carbono pessoal na atmosfera. O diretor da Iniciativa Verde, Osvaldo Martins, recomenda que se consuma menos de tudo. Segundo ele, o que vai mudar o atual quadro de emissão de gases é a mudança de comportamento.

“Primordialmente o que a gente deveria fazer é consumir menos de tudo. Diminuir desde o nosso consumo de energia elétrica, apagando a luz quando sai de um ambiente, substituindo o nosso chuveiro elétrico por um aquecimento mais eficiente, utilizando mais o transporte público, dando carona para pessoas, tentando otimizar o uso dos recursos naturais, reduzindo o consumo e consumindo de maneira mais consciente”.

Reciclar óleo de cozinha pode contribuir para diminuir aquecimento global

4 de Março de 2007 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A simples atitude de não jogar o óleo de cozinha usado direto no lixo ou no ralo da pia pode contribuir para diminuir o aquecimento global. O professor do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Alexandre D’Avignon, explica que a decomposição do óleo de cozinha emite metano na atmosfera. O metano é um dos principais gases que causam o efeito estufa, que contribui para o aquecimento da terra. Segundo ele, o óleo de cozinha que muitas vezes vai para o ralo pia acaba chegando no oceano pelas redes de esgoto.

Em contato com a água do mar, esse resíduo líquido passa por reações químicas que resultam em emissão de metano. “Você acaba tendo a decomposição e a geração de metano, através de uma ação anaeróbica [sem ar] de bactérias”.

Mas o que fazer com o óleo vegetal que não será mais usado? A maioria dos ambientalistas concorda que não existe um modelo de descarte ideal do produto. Uma das alternativas é reaproveitar o óleo de cozinha para fazer sabão. A receita é simples e está no final desta matéria.

D’Avignon defende que quanto mais o cidadão evitar o descarte do óleo no lixo comum, mais estará contribuindo para preservar o meio ambiente. Segundo ele, uma das soluções é entregar o óleo usado a um catador de material reciclável ou diretamente a associações que façam a reciclagem do produto.

“Se nós conseguirmos dar algum valor de compra desse óleo para o catador, para que ele seja usado na produção de biodiesel, a gente vai fazer com que haja um ciclo de vida desse produto, para que ele volte para o sistema produtivo e produza biodiesel e isso substitua o consumo de óleo diesel”, sugere o professor.

Receita para fazer sabão a partir do óleo de cozinha

Material

5 litros de óleo de cozinha usado
2 litros de água
200 mililitros de amaciante
1 quilo de soda cáustica em escama

Preparo

Coloque a soda em escamas no fundo de um balde cuidadosamente
Coloque, com cuidado, a água fervendo
Mexa até diluir todas as escamas da soda
Adicione o óleo e mexa
Adicione o amaciante e mexa novamente
Jogue a mistura numa fôrma e espere secar
Corte o sabão em barras

ATENÇÃO: A soda cáustica pode causar queimaduras na pele. O ideal é usar luvas e utensílios de madeira ou plástico para preparar a mistura.

Agricultura não é responsável pelo aquecimento global, defende ministro

Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, durante debate sobre impactos do aquecimento global na agricultura, oferta de água e saúde pública
Brasília - O ministro da Agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, defendeu hoje (28) que a agricultura não seja responsabilizada pelas mudanças climáticas e aumento da temperatura do ar. Ambientalistas sustentam que diversas práticas agrícolas degradam o solo e causam a desertificação de algumas regiões, contribuindo para o aumento da temperatura do ar.

“Não se pode absolutamente atribuir à agricultura, no caso específico do Brasil, a responsabilidade pelo aquecimento global”, disse o ministro, que participou do seminário Mudanças Climáticas e seus Efeitos na Agricultura, Recursos Hídricos e Saúde Pública. O evento ocorreu na sede do Instituo Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília.

Guedes Pinto afirmou que o Brasil duplicou a produção de grãos nos últimos 15 anos, tendo aumentando em apenas 20% a área plantada. O ministro citou também os milhões de hectares que já foram utilizados e hoje são terras em descanso. Quanto à área de pastagem, ele disse que a tecnologia existente pode reduzir cada vez mais a necessidade do uso da terra para plantação de capim.

“Eu diria que a situação é preocupante, que merece ser estudada detalhadamente. Essa discussão deve ser qualificada, deve ser feita com base no conhecimento científico hoje existente.”

O técnico da área de meio ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Carlos Filho, afirmou que a entidade vai procurar cientistas e setor público para descobrir qual é a influência da agricultura no aquecimento global.

“Acreditamos que não só a agricultura, mas todos os setores, não só o industrial, não só o comercial, mas também a própria população estão ligados a esse problema do aquecimento”, reconheceu o técnico.

O pesquisador do Inpe José Marengo, que apresentou ontem um estudo sobre as mudanças climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade brasileira, destacou no seminário os principais pontos do relatório do Painel Intergovernamental para Alterações Climáticas (IPCC).

Divulgado no começo do mês em Paris, na França, o documento prevê que até o fim deste século a temperatura da terra suba até 4 graus. O nível dos oceanos, segundo o relatório, vai aumentar de 18 para 59 centímetros, o que poderá levar 200 milhões de pessoas a abandonarem sua casas. O documento diz ainda que as chuvas devem aumentar cerca de 20% e que o aquecimento será mais sentido nos continentes.

Sobre a influência das previsões do IPCC na agricultura brasileira, Marengo afirmou que a agricultura de subsistência do Nordeste pode ser a mais comprometida. Já no Sul e no Sudeste, regiões que usam mais tecnologia e variedades de sementes melhoradas, o impacto deverá ser menor.

“É possível combater a mudança climática ou se adaptar às mudanças climáticas com novas variedades, ou mudar um pouco o tipo de cultura, ou mudar as áreas a serem cultivadas", sugeriu o pesquisador do Inpe.

"Já o Nordeste é um problema porque se não chove não tem agricultura de subsistência e a população, ou fica imóvel, ou muda para outras cidades. Ou seja, o impacto existe, só que algumas regiões podem enfrentar melhor o problema do que outras.”

Queimadas na Amazônia são maior contribuição brasileira para aquecimento global, diz cientista

4 de Março de 2007 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Comparado aos países desenvolvidos do hemisfério norte, o Brasil contribui pouco para a emissão global dos gases do efeito estufa, embora as queimadas na Amazônia sejam o grande “pecado” brasileiro quando o assunto é a emissão dos gases que acabam provocando o aquecimento global.

De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, José Marengo, "nós temos uma contribuição relativamente importante na forma de queimadas associadas ao desmatamento”.

O país é ecologicamente correto na geração de energia, já que 80% da principal fonte energética do país (a energia elétrica) é gerada a partir de hidrelétricas, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA). O Brasil também ganha pontos por possuir um programa de substituição de combustíveis fósseis por renováveis, o Programa Nacional do Biodiesel. No momento, o etanol (nome científico do álcool da cana-de-açúcar) alcança 45% da matriz energética brasileira, segundo o MMA.

As queimadas da Amazônia, de acordo com a organização não-governamental Iniciativa Verde, respondem por aproximadamente 70% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa. “O mais urgente, em questão de mudança climática, é estancar as queimadas na Amazônia a qualquer custo. É inadmissível que o país tenha essa postura indolente em relação a um crime ambiental dessa monta”, reivindica o diretor da Iniciativa Verde, Osvaldo Martins.

“O nosso principal vilão das emissões brasileiras são os desmatamentos na Amazônia. Se não fossem os desmatamentos na Amazônia o Brasil seria um país que emitiria muito pouco, porque os desmatamentos aumentam muito essas emissões”, concorda o climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec-Inpe).

O governo brasileiro conseguiu reduzir em 52% o desmatamento da Amazônia nos últimos dois anos. De acordo com o MMA, a redução do desmatamento evitou a emissão de cerca de 430 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Outra atitude tomada para evitar as queimadas foi a criação de novas unidades de conservação federal, que atualmente já superam 50 milhões de hectares.

O consumidor, por sua vez, também pode contribuir para a diminuição das queimadas na Amazônia. Nobre lembra que o cidadão é quem consome a madeira que muitas vezes é extraída ilegalmente, com desmatamentos ilegais. Ou então consome a carne da pecuária que invadiu a floresta com queimadas ilegais para plantar pasto.

“O consumidor consciente, o consumidor responsável, [verifica] a origem dos produtos. Ele vai olhar os produtos que vêm da Amazônia e vai olhar a origem. Se não for legal, ele não consome. Como isso o consumidor estará dando uma enorme contribuição à redução dos desmatamentos na Amazônia que, como eu falei, é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa”.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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