CIENTISTAS CONTRA TRANSGÊNICOS SÃO BARRADOS DA AUDIÊNCIA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2007

19-03-2007 – Brasília - CTNBio não aprovou a participação deles na discussão sobre o milho geneticamente modificado. Há sete pedidos de liberação comercial na pauta da Comissão. Duas variedades - uma da Bayer e outra a Monsanto - poderão ser votadas e aprovadas ainda esta semana, em reunião da CTNBio marcada para quarta e quinta-feira, também em Brasília.

Na vã tentativa de opor ciência e o meio ambiente, a CTNBio deixou de fora da audiência pública desta terça-feira um rol de cientistas contrários à aprovação comercial do milho transgênico no Brasil. Eles tentaram se inscrever para a discussão, mas seus nomes não foram aprovados pela CTNBio.

O encontro, transmitido online ao vivo pelo Greenpeace, discute o milho transgênico da Bayer e outras seis variedades, o pedido de liberação comercial delas no Brasil e as preocupações da comunidade científica e ambientalista em relação aos impactos negativos desse organismo geneticamente modificado no país.

A realização da audiência foi exigida pela Justiça, para que a CTNBio fosse obrigada a discutir a liberação comercial das variedades de milho transgênico em pauta.

Após a realização da audiência pública, a CTNBio está autorizada a discutir, votar e aprovar ou não os pedidos da Bayer e de outras empresas de biotecnologia. A próxima reunião da CTNBio para discutir o tema acontecerá no dia seguinte, quarta-feira (dia 21) e poderá ser a primeira sobre as novas regras da MP 327.

O presidente Lula está com MP em mãos para vetá-la ou sancioná-la. A decisão tem que ser tomada até quarta-feira (dia 21), dia da reunião da CTNBio. Duas emendas inseridas na MP por deputados federais tornam ainda mais urgente o veto presidencial. Uma reduz o número de votos necessários para a aprovação comercial de transgênicos na CTNBio e outra legaliza plantações irregulares de algodão no país.

Reunião da CTNBio é cancelada

22-03-2007 – Brasília - Após sanção presidencial da MP 327, que reduz quorum de aprovação da CTNBio, encontro de membros da Comissão é suspensa por impasse sobre a participação da sociedade civil

A reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) que aconteceria nesta quinta-feira em Brasília foi cancelada pelo presidente, Walter Colli, após longa discussão sobre a participação da sociedade civil como ouvinte-observador na reunião.

No dia 15 de março, o Greenpeace enviou requerimento para participar da reunião da Comissão, conforme previsto na Lei de Biossegurança e no regulamento interno da CTNBio. Na manhã desta quinta-feira, no início da reunião, os ativistas Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética, e João Alfredo, assessor de políticas públicas, foram até o local da reunião e, embora tivessem o direito jurídico de permanecer na sala, alguns membros da Comissão insistiam que a reunião só deveria continuar quando fossem retirados do local. Por fim, os membros da Comissão não conseguiram chegar a um acordo sobre o requerimento: parte era favorável à presença da sociedade civil na reunião, e outra era contrária.

O Greenpeace acredita que a participação da sociedade civil, mesmo que seja apenas como ouvintes, sem direito a voz ou voto, é absolutamente pertinente e necessária, uma vez que a liberação comercial de variedades transgênicos pode ter impactos na vida de todos os brasileiros.

“O fato de alguns membros da CTNBio não quererem a presença da sociedade civil na reunião coloca em dúvida toda a certeza e segurança que eles dizem haver sobre a liberação comercial dos transgênicos”, disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace. “Se de fato existe cautela na tomada de decisões, não há porque restringir a participação da sociedade. Mas agora cabe perguntar, afinal, o que esses membros da Comissão tentam esconder ao vetar a nossa presença”.

A reunião foi cancelada e a CTNBio volta a se reunir nos dias 18 e 19 de abril. A decisão sobre a liberação comercial do milho Liberty Link, da Bayer ficou para a próxima reunião, a ser realizada nas dependências do Ministério de Ciência e Tecnologia, já com o novo quórum de 14 votos, devido à sanção do presidente Lula dada quarta-feira à Medida Provisória 327 com a emenda que prevê a redução do número de votos necessários na CTNBio para a liberação comercial de transgênicos no país.

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MPF defende participação do Greenpeace em reunião da CTNBio

23-03-2007 – Brasília - Procuradora divulgou nota à impresa para explicar a polêmica sobre a participação da ONG na reunião realizada quinta-feira em Brasília. Para a representante do Ministério Público, houve abuso de poder por parte do presidente da CTNBio, Walter Colli.

A procuradora regional da República, Maria Soares Cordioli, representante do Ministério Público Federal (MPF) na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), afirmou em nota divulgada à imprensa que impedir a presença de integrantes do Greenpeace na 100a. reunião da Comissão, realizada quinta-feira em Brasília, foi um abuso de poder do presidente Walter Colli

“Nos causou constrangimento a forma como o sr. Colli tratou a questão toda, inclusive ameaçando retirar os representantes da sociedade civil com uso de força policial”, afirmou Cordioli, após a reunião da CTNBio ter sido cancelada devido ao impasse criado. “As reuniões da Comissão são públicas e o direito de acesso a elas está garantido na Constituição.”

Segundo a procuradora Cordioli, o Ministério Público Federal adotará providências para garantir o livro acesso e participação, como ouvintes, de qualquer pessoa nas reuniões da CTNBio, “exceto em momentos de discussão e deliberação de procedimentos sigilosos”, diz ela.

Confira a íntegra da nota à imprensa:

Reuniões da CTNBio: ausência de transparência, e ética nas discussões do âmbito da comissão

Relato da audiência de 22 de março fluente.

Os fatos abaixo relatados e que podem ser confirmados com a degravação da reunião da CTNBio de 22 de março fluente, realizada no auditório do Bloco L, da Agência Nacional das Águas - ANA, demonstram à exaustão o difícil exercício da transparência, , legalidade e moralidade inerentes à democracia e cidadania.

O episódio, de hoje pela manhã, ao nosso sentir, foi o mais deplorável e lastimável que pude registrar em mais de 16 anos de atuação como representante do Ministério Público Federal, tendo em vista o abuso de autoridade por parte da Presidência da CTNBio, diante dos seguintes fatos:

Aberta a reunião, o Presidente da Comissão, Doutor Walter Colli, anunciou a existência de pedido formulado pelo Greenpeace protocolado na Comissão, em 15 de março último, e oficio desta Procuradora Regional protocolado no último dia 21, data na qual tive conhecimento de seus termos. De acordo com organização não governamental, foi solicitada autorização da presença de três representantes da sociedade civil organizada para participarem das reuniões de 21 e 22 deste mês, na qualidade de ouvintes observadores.

Ocorre que, Sua Senhoria, o Dr. Walter Colli, iniciou a sua fala, determinando a retirada do Plenário de tais representantes, a fim de deliberar, sigilosamente, sobre o pedido em questão.

Em face da ordem de retirada e impedimento aos requerentes de permanecerem no recinto, para ouvir qual a decisão do Presidente ou do Plenário sobre a solicitação, pedi a palavra, em questão de ordem. Salientei, na oportunidade, que tal postura afronta aos princípios constitucionais inscritos nos artigos 37 e 5°, inciso LV, da CF, que estabelecem, como regra a , a moralidade e legalidade das reuniões e atos dos órgãos públicos, aos quais a Comissão está obrigada a seguir, por sua natureza pública e de prestação de serviços de relevância pública e do interesse da sociedade brasileira como um todo, referidos no ofício que protocolizei ontem na Comissão.

O Presidente utilizou como argumento para manter o sigilo a necessidade de que a participação nas reuniões da CTNBio de "pessoas estranhas" à Comissão fosse precedida de convite desta "em caráter excepcional". Ele invocou o art. 26 do Decreto n° 5.591/2005, que regulamenta a Lei n° 11.105/2005, com a mesma redação do art. 11, §10° desta, com a seguinte redação: "Poderão ser convidados a participar das reuniões, em caráter excepcional, representantes da comunidade científica, do setor público e de entidades da sociedade civil, sem direito a voto."

Pedi a palavra novamente, para informar que a interpretação do dispositivo citado pelo ilustre Presidente deve guardar conformidade com os princípios constitucionais. O MPF entende que a Lei de Biossegurança alcança somente a participação de convidados à apresentação de palestras, conferências, estudos científicos e outros temas de interesse da coletividade com repercussão nos assuntos de atribuição da CTNBio.

Os ânimos se acirraram, com manifestações a favor e contra a posição do Presidente da CTNBio, que decidiu por encerrar a reunião, informando que a presença de “pessoas estranhas” somente seria autorizada por “ordem judicial”.

Eu, como representante do Ministério Público na Comissão, informo que serão adotadas as providências necessárias para garantir o livre acesso e participação, como ouvintes, sem direito de manifestação e voto de qualquer do povo nas reuniões da CTNBio, exceto nos momentos em que haja discussão e deliberação de procedimentos sigilosos.
Maria Soares Camelo Cordioli
Representante do MPF na CTNBio

MP vai entrar com ação para anular audiência pública da CTNBio

20-03-2007 – Brasília - Procuradora do Ministério Público Federal afirma que a Comissão descumpriu decisão judicial ao incluir no debate desta terça-feira outras seis variedades de milho transgênico além do Liberty Link, da Bayer, objeto principal do encontro.

A procuradora Maria Cordioli, do Ministério Público Federal, afirmou que entrará com uma ação para anular a audiência pública desta terça-feira na CTNBio, que analisou o pedido de liberação comercial do milho transgênico Liberty Link, da Bayer, além de outras seis variedades que estão na pauta da Comissão. Segundo Cordioli, a Comissão de Biossegurança não cumpriu os requisitos básicos exigidos pela decisão judicial que determinou a realização da audiência pública realizada em Brasília - e transmitida pela internet na íntegra e ao vivo pelo Greenpeace.

"Me pergunto se os membros da CTNBio terão tempo de refletir sobre tantas questões levantadas na audiência antes da votação do pedido de liberação comercial do Liberty Link, marcada para quinta-feira. Creio que não. Fica parecendo que eles quiseram apenas tirar o problema da frente para votar logo, o que não é razoável", afirmou Cordioli.

“Eles estão aqui discutindo um tema tão polêmico sem sequer apresentar a documentação existente deste produto para consulta dos que participaram da audiência. Isso é inaceitável”, disse ela, referindo-se ao fato do presidente da CTNBio não ter apresentado documentos e estudos pertencentes ao processo de liberação do Liberty Link na CTNBio.

Rubens Nodari, representante do Ministério do Meio Ambiente na Comissão, pediu vistas ao processo do Liberty Link durante a audiëncia, afirmando que a Bayer não havia entregue estudos de impactos ambientais. O representante alegou que os estudos foram entregues e faziam parte do processo. Criou-se um impasse e Nodari pediu para que o processo foi conferido. No entanto, o presidente da CTNBio, Walter Colli, afirmou que não havia cópia do processo no local.

Além disso, Colli incluiu na pauta de discussão a análise de pedidos de liberação de outras seis variedades de milho transgênico, além do Liberty Link. Em apenas um dia é impossível analisar de forma minimamente satisfatória tantos pedidos.

Para piorar, vários cientistas que têm um posicionamento contrário aos transgênicos foram impedidos de se posicionar durante a audiência. O senador Eduardo Suplicy até compareceu à reunião na parte da manhã e fez um apelo para que todos os cientistas barrados pudessem falar. No entanto, até as 16h, apenas um deles, Flavio Lewgoy, da UFGRS, pöde se manifestar.

Após a realização da audiência pública, a CTNBio está autorizada a discutir, votar e aprovar ou não os pedidos da Bayer e de outras empresas de biotecnologia. A próxima reunião da CTNBio para discutir o tema acontecerá no dia seguinte, quarta-feira (dia 21) e poderá ser a primeira com as novas regras da MP 327.

O presidente Lula está com a MP em mãos para vetá-la ou sancioná-la, e a decisão tem que ser tomada até quarta-feira (dia 21). Duas emendas inseridas na MP por deputados federais tornam ainda mais urgente o veto presidencial. Uma reduz o número de votos necessários para a aprovação comercial de transgênicos na CTNBio e outra legaliza plantações irregulares de algodão no país.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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