TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO DEPENDE DO CUMPRIMENTO DE 51 CONDIÇÕES

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

23 de Março de 2007 - Érica Santana - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A licença de instalação concedida hoje (23) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) para que o Ministério da Integração Nacional inicie as obras de transposição do Rio São Francisco está ligada ao cumprimento de 51 condicionantes. A licença tem validade de quatro anos desde a sua assinatura.

As principais condicionantes, de acordo com o Ibama, referem-se à priorização da contratação de mão-de-obra local e a apresentação de um plano de ação solicitado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O Ministério da Integração terá que assinar um acordo com a Funai garantindo o desenvolvimento das comunidades indígenas Truká, Tumbalalá, Pipipã e Kambiwa.

O Ministério da Integração também deverá possibilitar o acompanhamento pela Fundação Cultural Palmares na implementação do Programa de Apoio às Comunidades Quilombolas. Outra condicionante se refere ao reassentamento das populações atingidas pelas obras. Eles terão que ser instalados em áreas agricultáveis, a uma distância de 2,5 quilômetros, a partir de cada uma das margens dos canais.

O Ibama também vai monitorará mais de uma dezena de programas, entre eles uma para redução de perdas e reúso de água, um de controle da erosão e outro de prevenção à desertificação.

O diretor de licenciamento do Ibama, Luiz Felippe Kunz Júnior, disse que durante o período de instalação o órgão acompanhará a construção por meio da avaliação de relatórios feitos pelo Ministério da Integração Nacional e de vistorias em campo. De acordo com ele, a licença de operação só será conceda se houver o atendimento a todas exigências.

“Agora a fase é de monitorar e acompanhar as obras. Como qualquer empreendimento, se não houver o cumprimento das condicionantes, se a obra for feita em desacordo com a licença, o Ibama pode exercer medidas de fiscalização que vão desde a atuação até o embargo da obra. Essa é uma atribuição nossa para qualquer projeto”, explicou Kunz Júnior, em entrevista à Agência Brasil.

O diretor disse que os principais impactos se referem à própria transposição, como o corte de rodovias, de infra-estrutura da região, da vegetação nativa e a mudança no regime de alguns rios, que passarão a receber água continuamente.

Luiz Felippe Kunz Júnior descartou qualquer a possibilidade de suspensão da licença de instalação: “Só se tivéssemos um fato extraordinariamente significativo que trouxesse essa possibilidade, mas eu nem imagino que fato seria esse”. Perguntado sobre a recomendação feita nesta semana pela Procuradoria da República do Distrito Federal para que orgão não concedesse a licença, ele respondeu que “não há que tratar de recomendação”. “Se o procurador quiser alguma coisa, consiga uma decisão judicial no Supremo [Tribunal Federal]. Não estamos mais tratando dessa fase”, comentou.

As obras vão ser iniciadas nos 1 e 2 do Eixo Norte e no trecho 5 do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional.

Fazem parte da infra-estrutura do projeto a construção de estações de captação e bombeamento de água, aquedutos, túneis e reservatórios. As obras vão atingir Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Ibama autoriza início das obras para a transposição do São Francisco

23 de Março de 2007 - José Carlos Mattedi - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o início das obras de transposição de águas do São Francisco. A informação foi divulgada hoje (23) pela assessoria de comunicação do instituto.

Ontem, o coordenador do Projeto de Integração do Rio São Francisco às Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, Rômulo de Macedo Vieira, do Ministério da Integração Nacional, disse em entrevista exclusiva à Agência Brasil que homens do Exército já se encontravam a postos para dar início ao projeto tão logo a licença fosse emitida. A previsão é que em quatro anos as obras estejam concluídas, com custo estimado de R$ 4,2 bilhões.

Nesta semana, a Procuradoria da República no Distrito Federal havia recomendado ao Ibama que não concedesse o licenciamento sem novas audiências públicas sobre os estudos complementares exigidos após a emissão da licença prévia ao projeto.

Segundo levantamento do ministério, o Nordeste conta com apenas 3% da água doce do país, dos quais a Bacia do São Francisco responde por 70%. O projeto de transposição prevê a construção de dois canais: um a Leste, que levará água para Pernambuco e Paraíba, a partir da captação no lago da barragem de Itaparica; e outro na direção Norte, abastecendo o Ceará e o Rio Grande do Norte com a retirada sendo feita nas imediações da cidade de Cabrobó (PE).

Em apresentação a integrantes do governo, o coordenador descartou alternativas sugeridas ao projeto, como a construção de cisternas, adutoras e açudes, abertura de poços, reaproveitamento de águas já utilizadas, dessalinização de águas subterrâneas e chuvas artificiais. “São todas alternativas caras e renderiam pouco volume de água”, frisou. Segundo Macedo, a transposição vai custar cerca de R$ 400 por habitante, enquanto a construção de uma adutora não sairia por menos de R$ 1.000.

Para abastecer os dois canais da transposição, a Agência Nacional de Águas (ANA) outorgou a retirada contínua de 26 metros cúbicos de água por segundo, ou 1,4% da vazão firme do rio (a mínima garantida), que é de 1.850 metros cúbicos por segundo na foz. No período de chuvas, o volume captado pode chegar a 127 metros cúbicos/segundo. De acordo com Vieira, esse uso é “mínimo” em comparação com a atual retirada feita para irrigação nas margens do rio (91 metros cúbicos por segundo) e para consumo humano (360 metros/segundo).

O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e deságua no Oceano Atlântico na divisa de Sergipe e Alagoas, cerca de 2.700 quilômetros adiante. Foi descoberto em 1502 e ficou conhecido como o Rio da Integração Nacional (por ser o caminho de ligação do Sudeste e do Centro-Oeste com o Nordeste) e como Velho Chico. Do seu volume de água, 75% são gerados no estado mineiro e 12% na Bahia, segundo Rômulo de Macedo Vieira.

A primeira proposta de transposição do Velho Chico, como o rio também é conhecido, surgiu em 1847, no Congresso Nacional da época, e foi feita por um parlamentar cearense.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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