PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO NÃO PODEM SER BODE EXPIATÓRIO NA QUESTÃO CLIMÁTICA, DIZ, MARINA SILVA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2007

6 de Abril de 2007 - Juliana Andrade - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Ao avaliar a segunda parte do relatório Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas ( IPCC, sigla em inglês), divulgado hoje (6) pela Organização das Nações Unidas (ONU), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que a posição do governo brasileiro é de preocupação. Ela ressaltou que os países em desenvolvimento, contudo, não podem ser transformados em "bode expiatório de uma questão grave e dramática”.

Para Marina Silva, é preciso que os países desenvolvidos assumam uma responsabilidade no que diz respeito ao problema gerado pelas mudanças climáticas. “Nós temos que dar nossa parcela de contribuição, mas tendo a clareza de que os países ricos precisam fazer muito mais do que estão fazendo”.

Um dos riscos apontados na segunda parte do IPCC é que o aumento da temperatura do planeta associado à redução da disponibilidade de água poderá transformar a Amazônia em savanas (vegetação composta por gramíneas, árvores esparsas e arbustos, semelhante ao cerrado) até a metade do século.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, a ministra Marina Silva ressaltou que o combate aos efeitos das mudanças climáticas requer um esforço global e não apenas local, nacional ou regional. “Mesmo que os países em desenvolvimento façam 100% do seu dever de casa, reduzindo 20% de suas emissões [de gases poluentes causadores do efeito estufa], se os países ricos - que são responsáveis por 80% dessas emissões - não fizerem as suas metas, mesmo assim nós seremos drasticamente afetados”, alertou a ministra, sem se referir a nenhum país especificamente.

Pelo Protocolo de Quioto, as nações industrializados que ratificaram o documento devem reduzir, até 2012, suas emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis de 11000. Já os países em desenvolvimento não têm metas obrigatórias para redução de suas emissões. Entre os países que não ratificaram o protocolo estão os Estados Unidos e a Austrália.

Segundo a ministra Marina Silva, o governo brasileiro adotou “uma postura proativa” para que cenários traçados no relatório não se transformem em realidade. Ela destacou a importância do Plano Nacional de Enfrentamento às Mudanças Climáticas, que está sendo elaborado pelos Ministérios do Meio Ambiente, das Relações Exteriores e da Ciência e Tecnologia.

"O plano vai juntar todas as ações já existentes dentro do governo, que não são poucas, se comparadas a outros países. Para se ter uma idéia, os países ricos têm cerca de 6% da sua matriz energética renovável. Os outros países em desenvolvimento têm cerca de 13% e o Brasil tem 45%".

A proposta, de acordo com a ministra, está sendo traçada nos moldes do Plano Nacional de Combate ao Desmatamento. Marina Silva explicou que, no caso brasileiro, a principal colaboração com o processo de aquecimento global vem do desmatamento, um dos maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa. No casos de muitos países desenvolvidos, o maior problema é a queima dos chamados combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural.

Segundo a ministra, nos últimos dois anos o plano de combate ao desmatamento foi responsável pela redução de 430 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. “Teremos que aprofundar cada vez mais a nossa contribuição”, defendeu, ao destacar que o país também tem investido na produção de biocombustíveis e no uso de energias renováveis.

“O importante é que cada um faça a sua parte na medida do necessário, e o Brasil está tomando essa medidas, com o plano de combate ao desmatamento, todo o plano voltado para as energias renováveis, todo o esforço que estamos fazendo no sentido de ter um Plano Nacional de Enfrentamento às Mudanças Climáticas. Mas essas contribuições precisam ter o sentido da urgência, da dramaticidade, por todos os países do mundo, e todos nós temos que dar a nossa parcela de contribuição”, reforçou.

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Culturas de trigo, milho e café poderão ser mais afetadas por aquecimento global

6 de Abril de 2007 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Uma das prováveis conseqüências do aquecimento global, de acordo com o segundo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado hoje (6), é o aumento da ocorrência de chuvas pesadas, acompanhadas de tempestades e ciclones. Esses fenômenos poderão causar prejuízos a diversos tipos de plantações, afirma a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente Magda Lima.

“O aumento de temperatura, associado com o aumento de concentração de gás carbônico (CO²), vão influenciar certos tipos de espécies, de cultivares, por exemplo, trigo, milho e café, que poderão ser afetados em maior escala”, diz a pesquisadora.

Segundo ela, apesar do cenário ser de perdas agrícolas, algumas espécies como a soja estarão protegidas dos efeitos do aquecimento. Mesmo assim, ela afirma que é necessário investigar mais profundamente os efeitos do aquecimento em outras espécies, inclusive em pastagens e animais.

“Tudo precisa agora ser melhor avaliado porque esse foi o principal alerta que houve até o momento de que realmente nós estamos vivendo o aquecimento global e que temos agora que tomar algumas iniciativas para nos defendermos dos possíveis impactos.”

Segundo Magda Lima, o aumento da seca em algumas regiões fará com que se desenvolvam novas espécies mais resistentes à seca. A pesquisadora acredita que algumas variedades deverão sofrer uma espécie de melhoramento genético, de modo que possam se adaptar a um novo tipo de clima. Também poderá haver o deslocamento de algumas culturas para áreas mais favoráveis ao seu desenvolvimento.

No Brasil, ela afirma que a região Amazônica poderá sofrer um fenômeno conhecido como savanização, ou seja, a provável seca que virá com o aquecimento poderá transformar a floresta amazônica em área de Cerrado. Na Região Nordeste, a cientista afirma que o principal efeito será a diminuição da oferta de água, como já ocorre há alguns anos.

Para tentar evitar o cenário descrito, Magda Lima orienta que as pessoas usem os recursos naturais de forma racional, utilizando fontes alternativas de energia, evitando as queimadas, entre outras ações. “É só uma questão de consciência da sociedade porque todos nós fazemos parte do planeta, e se nós não fizermos um esforço conjunto, as futuras gerações realmente sofrerão os impactos mais severos desse aquecimento global."

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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