VALE VAI SUSPENDER FORNECIMENTO DE MINÉRIO DE FERRO A EMPRESAS QUE DESRESPEITAM LEGISLAÇÃO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2007

6 de Abril de 2007 - Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A Companhia Vale do Rio Doce anunciou que vai suspender a partir de hoje (4) o fornecimento de minério de ferro aos guseiros (produtores de ferro gusa) da região Norte que descumprirem as legislações trabalhista e ambiental vigentes no país. A informação foi dada pelo diretor da área de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins. A decisão foi tomada após suspeita de uso de trabalho escravo em municípios da divisa entre Pará e Maranhão.

Essa será a primeira vez que a companhia tomará uma medida dessa natureza. O diretor salientou que a Vale “nunca tolerou trabalho escravo”. Ele esclareceu que, com essa medida, a empresa vai se antecipar à ação dos órgãos de governo, correndo, inclusive, o risco de sofrer penalidades. No ano passado, a CVRD vendeu para os guseiros do Norte 6 milhões de toneladas de minério de ferro. O volume corresponde a 2% do total produzido pela companhia, informou Martins.

Segundo informou o diretora, quando o parque guseiro do Norte foi criado, na década de 70, o projeto original envolvia a produção sustentável, visando aproveitar a madeira gerada pelo deslocamento da fronteira agrícola, a partir de um amplo programa governamental para ocupação da Amazônia. A motivação da Vale ao apoiar o parque guseiro foi de levar desenvolvimento para a região, tornando a atividade auto-suficiente, frisou o executivo. Como o objetivo do parque parece ter sido desvirtuado, apresentando ações de desmatamento e de trabalho ilegal, a Vale tomou essa decisão, explicou Martins.

Na avaliação do diretor, os órgãos de fiscalização do governo, tanto da parte ambiental, como trabalhista, têm encontrado dificuldades para cassar a licença dos guseiros que utilizam trabalho escravo ou ferem o meio ambiente, uma vez que muitas dessas empresas possuem contratos que são aparentemente legais.

"A gente está notando que essas empresas continuam com suas licenças de instalação e operação. Do ponto-de-vista de fiscalização, nada foi feito para coibir o funcionamento dessas empresas", afirmou. Os guseiros têm um contrato de fornecimento legal com a Vale e pagam regularmente o minério que compram. "Então, a Vale sempre sentiu uma dificuldade de tomar uma decisão unilateral por parte dela, na medida em que os órgãos responsáveis pela fiscalização também têm encontrado dificuldades em conseguir isso".

Martins esclareceu que o fornecimento será suspenso nas empresas em que a Vale encontrar evidências claras de descumprimento de legislação ambiental e trabalhista com relação à procedência de carvão. Essas evidências serão coletadas no dia-a-dia da CVRD na região e também se basearão nas ações dos órgãos de fiscalização, entre as quais as autuações de empresas. "As autuações são uma evidência clara de que alguma coisa está errada”, citou o diretor.

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Empresários do ferro-gusa do Pará pedem nove anos para resolver problema do uso de carvão irregular

4 de Abril de 2007 - Isabela Vieira e Elaine Borges - Da Radiobrás - Brasília - A ação de fiscalização deflagrada pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará sobre as empresas do pólo siderúrgico de Marabá causou reações no Sindicato dos Produtores de Ferro-Gusa do Pará. Os empresários temem que a falta de madeira legal para a produção de ferro-gusa ocasione a redução do volume de produção das indústrias e até mesmo a paralisação das suas atividades. Eles não negam as irregularidades e acreditam que o problema só poderá ser plenamente resolvido por volta de 2015.

O presidente da entidade, Afonso Albuquerque, avalia que cerca de 35 mil pessoas podem perder o emprego. A possibilidade de demissão de funcionários, embora não em tão larga escala, não é descartada pelo secretário de Meio Ambiente do estado, Valmir Ortega: “Nós não podemos, pelo argumento do emprego, permitir que um crime ambiental se perpetue”.

Segundo ele, o desafio do governo do estado e também das empresas é garantir que o pólo funcione dentro da legalidade. O secretário acredita que a regularização de terras no estado vai garantir áreas para a produção de madeira legal para alimentar os fornos das indústrias.

“Estamos em várias frentes. Na região do pólo guseiro em Marabá, trabalhamos em parceria com o Ibama e com o Instituto de Terras do Pará (Iterpa). Grande parte das terras tituladas são privadas e não produzem madeira de forma adequada por causa de passivos ambientais, sobretudo reservas. Estamos criando um programa de regularização dentro de um processo de Zoneamento Ecológico e Econômico que criará condições de liberar terra para produção florestal sustentável", explica o secretário, admitindo que o processo pode levar tempo.

O governo do Pará estima que as sete indústrias do pólo de Marabá produzam cerca de 2 milhões de toneladas de ferro-gusa por ano. Para essa produção, são necessários aproximadamente 4 milhões de metros cúbicos de carvão. O gusa produzido no pólo é exportado, principalmente, para Estados Unidos, China e Europa.

Mauro Correia, diretor executivo do sindicato dos produtores, informa que as siderúrgicas estão negociando um prazo com a Secretaria do Meio Ambiente para obter a auto-sustentabilidade. O problema é que, mesmo que as empresas invistam agora em reflorestamento, as árvores levam cerca de seis anos para darem o retorno esperado. Segundo Correia, somente a partir do ano de 2015 as siderúrgicas poderão atender a todas as exigências ambientais.

Fiscalização ambiental no Pará encontra irregularidades em todas as empresas de pólo siderúrgico

4 de Abril de 2007 - Isabela Vieira e Elaine Borges - Da Radiobrás - Brasília - Uma ação de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente do Pará, realizada nas últimas duas semanas, constatou que todas as sete siderúrgicas do pólo de Marabá estão descumprindo a legislação ambiental. Em alguns casos, os fiscais flagraram a utilização de carvão vegetal de origem não comprovada, ou seja, oriundo de possíveis desmatamentos na floresta nativa, para produção de ferro-gusa.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente do Pará, Valmir Ortega, o Ministério Público Federal no Pará e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) têm constatado situações semelhantes em diversas operações, nos últimos dois anos. Ao todo, o Pará tem 12 empresas de siderurgia.

O carvão exerce duplo papel na produção de gusa: como fonte de calor, para alcançar temperaturas altas necessárias à fusão do minério de ferro, e para auxiliar na transformação quiímica do minério em ferro metálico, ou gusa.

Este ano, a Secretaria de Meio Ambiente está revisando a licença ambiental das empresas, com objetivo de exigir que todo o carvão vegetal utilizado nas siderúrgicas tenha origem legal. A operação é uma ação integrada entre as secretarias de Indústria, Comércio e Mineração, Meio ambiente e Fazenda e tem apoio da Polícia Militar.

“As empresas terão que adequar a produção de ferro-gusa ao limite em que conseguem provar a origem legal de carvão. A capacidade autorizada de produção da indústria vai ter que ser compatível com aquilo que ela tem de matéria-prima. Não é admissível continuar produzindo carvão por meio do desmatamento da floresta Amazônica”, ressaltou Ortega em entrevista à Rádio Nacional.

Na fiscalização feita nas duas últimas semanas, mesmo tendo sido avisadas com antecedência da ação dos fiscais, as siderúrgicas foram flagradas em diversas irregularidades relacionadas ao meio ambiente. Em apenas um dia de operação, 31 caminhões com carvão de origem não comprovada foram apreendidos seguindo para uma mesma indústria.

A partir desta semana, as siderúrgicas têm um prazo para se defender, porém, se comprovada a ilegalidade, poderão pagar multas de até R$ 1,5 milhão. Em um caso mais extremo, a licença para o exercício da atividade pode ser suspensa.

Além das irregularidades encontradas na utilização da carvão vegetal, uma das empresas foi flagrada despejando resíduos de limpeza dos alto fornos no solo e em um riacho que, indiretamente, banha Marabá. O riacho desagua no rio Iatacaúna, um dos mais importantes da região.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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