CONSERVAÇÃO E MANEJO DOS PRIMATAS AMAZÔNICOS
TERÁ DOIS PLANOS DE AÇÃO ATÉ 2008

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2007

João Pessoa (19/04/07) - A elaboração para 2008 de dois planos de ação, com o objetivo de estabelecer medidas que sejam efetivamente úteis para conservação das espécies foi o resultado da reunião do Comitê Internacional de Conservação e Manejo dos Primatas Amazônicos ocorrida em São Luiz.

O primeiro plano contemplará o sagüi-de-Manaus (Saguinus bicolor) espécie considerada criticamente em perigo, com área de ocorrência restrita ao município de Manaus e arredores. O segundo plano de ação dará ênfase a quatro espécies, duas criticamente em perigo, o guariba (Alouatta ululata) e o caiarara (Cebus kaapori). Este último se encontra em situação especialmente preocupante, pela dificuldade atual em encontrar populações remanescentes na natureza, associado à perda de seus habitats no Maranhão e no Pará, e à retirada desses animais da natureza pela caça ou para servir como pets. O cuxiú-preto e o cuxiú (Chiropotes satanas e Chiropotes utahickae) são as outras espécies contempladas neste plano, consideradas respectivamente em perigo e vulnerável, e que ocorrem ao Sul do Rio Amazonas.

O Comitê identificou, ainda, a necessidade de pesquisas de inventário para as áreas no Sul do Pará, Alto Solimões e Sul do Estado do Amazonas, com objetivo de preencher lacunas de conhecimento sobre algumas das outras 11 espécies ameaçadas. Estas poderão ser alvo de planos de ação a partir de 2009, como os uacaris (Cacajao calvus calvus e Cacajao calvus rubicundus).

Segundo o biólogo Marcelo Marcelino, chefe do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros “vamos tentar organizar ainda este ano pelo menos uma expedição a alguma delas, possivelmente para o Sul do Pará”, aproveitando a logística das unidades de conservação situadas próxima a estas áreas. Os técnicos registraram, também, a necessidade de priorizar pesquisas para melhorar as informações sobre as espécies consideradas com conhecimento deficiente. Elas podem estar ameaçadas, por estarem possivelmente em áreas de pressão de desmatamento ou de instalação de hidrelétricas, com destaques para três espécies de micos cuja ocorrência no Brasil é ainda incerta (Mico marcai, Saguinus fuscicolis cruzlimai e Saguinus fuscicolis crandalli).

O Comitê recomendou também que quatro espécies (Cebus kaapori, Ateles marginatus, Saguinus bicolor e Chiropotes satanas) sejam alvo de programas de manutenção de populações em cativeiro, cujo objetivo é estabelecer “poupanças genéticas” que poderão ser utilizadas em programas de reintrodução, caso seja necessário.

Durante o encontro dos especialistas, houve especial preocupação quanto à necessidade de se melhorar a destinação dos primatas resgatados de áreas inundadas em projetos de implantação de hidrelétricas. Um documento com sugestões será elaborado pelo Comitê para a Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama (Difap). O Comitê inclusive sugeriu que esta questão seja alvo de pesquisas específicas em áreas a serem alvo de projetos de hidrelétricas.

Segundo Júlio César Bicca Marques foram destinados cerca de 19.500 macacos-guaribas e 2.500 macacos-pregos, no resgate de fauna da Usina de Tucuruí, a maioria soltos em outras áreas, cujo impacto é até desconhecido.

O Comitê ainda demonstrou a preocupação de realizar na próxima reunião uma discussão do efeito da caça na Amazônia sobre as populações de primatas e quais as medidas podem ser identificadas para tentar reduzir esta pressão. Assim como discutir os efeitos das mudanças climáticas para algumas espécies ameaçadas, especialmente aquelas que habitam ambientes de várzea, já que modelagens matemáticas indicam uma possível redução drástica de populações de algumas destas espécies, podendo levá-las à extinção.

O encontro - A reunião do Comitê Internacional para discutir a conservação de Manejo dos Primatas Amazônicos aconteceu nos dias 17 e 18 deste mês, em São Luiz (MA). Participaram deste evento representantes da Universidade Federal da Amazônia, do Museu Emilio Goeldi, da Conservation International, da World Conservation Society, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), Universidade de Roehampton (Inglaterra), Universidade Federal do Pará, Fundação Oswaldo Cruz, da Universidade Federal de Rondônia e do Ibama, através da sua Coordenação de Fauna Ameaçada, da Coordenação Geral de Florestas Nacionais, Coordenação Geral de Unidades de Conservação, do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros e da Superintendência do Maranhão, entre outras autoridades.

O Comitê foi instituído pelo Ibama no final de 2005, como órgão de assessoramento para identificação e proposição de medidas de manejo e conservação para as 11 espécies de primatas, que estão relacionadas na lista oficial da fauna brasileira ameaçada.
Aldo Sérgio Vasconcelos
Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB)

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Reunião do Comitê Internacional para Conservação dos Primatas Amazônicos discute espécies ameaçadas

João Pessoa (18/04/07) - O Comitê Internacional para Conservação e Manejo dos Primatas Amazônicos se reúne para avaliar a situação atual de 11 das 26 espécies de macacos constantes da lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção. O encontro dos cientistas e autoridades ambientalistas de diversas instituições do Brasil e exterior que começou ontem (17) e vai até hoje (18), em São Luiz , no Maranhão.

A agenda de reunião tratará da situação dos primatas no trecho da Amazônia mais afetada pelo desmatamento, abrangendo os Estados do Pará e Maranhão, com especial interesse na reserva Biológica de Gurupi, onde são encontradas populações importantes de duas espécies ameaçadas: cuxiú (Chiropotes satanas) e o macaco caiarara ( Cebus
kaapori). O Comitê é um órgão colegiado de assistência e consultoria ao Ibama e funciona com um fórum permanente de discussões para definição de métodos e ações voltadas a conservação das espécies.

Entre outros temas serão discutidas também as estratégias para o desenvolvimento integrado de pesquisas, voltadas para gerar informações dos planos de ação. Segundo Onildo Marini, coordenador de Fauna Ameaçada e Migratória do Ibama, “todo esse conhecimento é fundamental para a conservação das espécies e, em especial na Amazônia, temos grandes lacunas que precisam ser urgentemente preenchidas”.

Macaco Caiarara - A situação do macaco caiarara é a que mais preocupa os pesquisadores. Ocorre que poucas populações estão sendo encontradas, o que indica que estes animais podem estar sendo especialmente afetados pela alteração do ambiente, diferentemente de outras espécies do gênero Cebus.

O Centro de Proteção de Primatas Brasileiros do Ibama (CPB/Ibama) vem realizando extenso trabalho de localização das populações remanescentes dessa espécie. Já foram realizadas quatro expedições cobrindo a Amazônia Maranhense, e atualmente, uma quinta expedição encontra-se em operação. Até agora já foram investigadas mais de 100 áreas em cerca de 60 municípios do Maranhão, tendo registro de apenas oito áreas com indício de ocorrência da espécie. Para Marcelo Marcelino, chefe do Centro Primatas, durante a reunião do Comitê ficará definida quais as espécies serão prioritariamente, objetos de Planos de Ação. Para o biólogo, o macaco caiarara é um dos alvos preferenciais para um esforço ordenado de ações voltadas para sua conservação.
Aldo Sérgio Vasconcelos
Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB)
Fotos: Ibama

 
 

Fonte: Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (www.ibama.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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