07-05-2007
- Port Moresby, Papua Nova Guiné -
Enquanto representantes de governos e madeireiras
se reuniam em hotel da capital, uma faixa
foi estendida pedindo mais ação
da entidade Organizações Internacionais
de Madeira Tropical (ITTO) em defesa das florestas
do planeta. Segundo dados da própria
ITTO, de junho de 2006, menos de 5% das florestas
tropicais eram manejadas de forma responsável.
Ativistas do Greenpeace
escalaram nesta segunda-feira o hotel Crowne
Plaza, no centro de Port Moresby, na Papua
Nova Guiné, para protestar contra a
destruição das florestas tropicais
do planeta. No interior do prédio,
representantes de governos e do setor madeireiro
se reuniam para a 42a. reunião da Comissão
das Organizações Internacionais
de Madeira Tropical (ITTO, na sigla em inglês)
(1).
Uma vez no alto do prédio,
os escaladores abriram uma faixa com a mensagem:
“ITTO, chega de destruição florestal.”
A proteção
de grandes áreas de florestas tornou-se
uma questão global e foi identificada
pelo Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês)
na semana passada como uma das maneiras mais
efetivas para mitigar os efeitos das mudanças
climáticas.
A ITTO foi formada para
buscar equilíbrio entre a conservação
das florestas tropicais e o manejo, uso e
comércio responsáveis dos recursos
florestais. No entanto, as florestas tropicais,
como as da Amazônia, Congo e da região
da Ásia-Pacífico, continuam
sendo destruídas a um ritmo alarmante.
Em 11000, a ITTO adotou
uma meta, chamada de “Objetivo 2000”, para
assegurar que a madeira tropical comercializada
fosse proveniente de áreas manejadas
até o ano de 2000. Segundo avaliação
do próprio ITTO, em junho de 2006,
menos de 5% das florestas tropicais eram manejadas
de forma responsável (2).
“A própria ITTO admite
seu fracasso”, disse Grant Rosoman, do Greenpeace.
“Em seus 20 anos de operação,
a degradação e perda de florestas
se aceleraram em países-membros em
vez da atividade madeireira ser trazida para
a legalidade e controle. Este é um
sinal claro do objetivo implícito dos
membros da ITTO: a contínua exploração
das florestas para o comércio de madeira
tropical.”
As florestas tropicais são
um dos ecossistemas mais ricos e biodiversos
do planeta. São também a casa
de milhões de pessoas, que dependem
das florestas para sobreviver. Além
disso, são depósitos de carbono
e sua contínua destruição
contribui para o aquecimento global. Mais
de 25% das emissões dos gases do efeito
estufa provém de desmatamentos (3).
Desde que a ITTO anunciou
seu “Objetivo 2000”, em 11000, a pressão
sobre as florestas tropicais tem aumentado,
pela exploração ilegal e destrutiva
de madeira e por grandes desmatamentos para
plantio de soja e palmeira (para produção
de óleo).
Entre agosto de 2000 e agosto
de 2005, a Amazônia perdeu 12.8 milhões
de hectares de florestas (4). Sessenta por
cento das florestas da Papua Nova Guiné
já foram destruídas (5). A Indonésia
entrou no Guiness Book, na semana passada,
por destruir suas florestas mais rapidamente
do que qualquer outro país. E a República
Democrática do Congo corre o risco
de perder mais de 40% de suas florestas até
2050 (6).
“Se continuarmos perdendo
tempo em reuniões e discussões,
pode ser que não existam mais florestas
sobrando quando as decisões corretas
forem tomadas”, disse Marcelo Marquesini,
do Greenpeace na Amazônia.
“O projeto de concessões
florestais na Amazônia, por exemplo,
contou com apoio do Greenpeace, pois acreditamos
que o manejo responsável da floresta
é uma alternativa ao desmatamento desenfreado
nas regiões destinadas à produção
florestal. No entanto, a iniciativa pode fracassar
se os governos estaduais e federal não
garantirem estrutura – financeira, técnica
e humana – para a implementação
adequada do projeto. Se não houver
governança, em vez de promover o uso
racional dos recursos naturais, o atual modelo
adotado apenas perpetuará a legalização
da destruição", afirmou
Marquesini.
NOTAS
1) A 42a. reunião
da ITTO está sendo realizada na capital
de Papua Nova Guiné entre os dias 7
e 11 de maio. Os membros da ITTO incluem todos
os maiores países produtores de madeira
e todos os maiores países consumidores
de produtos florestais.
2) ITTO, 2005. “Status of
tropical forest management 2005”
3) Houghton, RA (2003).
Revised estimates of the annual net flux of
carbon to the atmosphere from changes in land
use and land management (Estimativas revisadas
do fluxo líquido de carbono liberado
na atmosfera anualmente proveniente de mudanças
no uso e manejo da terra)1850 – 2000. Tellus
55B: 378-90; & Houghton, RA (2005a) Tropical
Deforestation as a source of greenhouse emissions
(Desmatamento tropical como fornte de emissão
de gases do efeito estufa).
4) INPE (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), Programa para Avaliação
do Desmatamento na Amazônia Legal Brasileira
usando imagens de satélite (PRODES).
5) Mapa da Conservação
(Roadmap to Recovery), Greenpeace International,
2006.
6) Relatório Carving
Up The Congo - Greenpeace International, April
2007.