FUNDOS SETORIAIS ARTICULA SUB-REDE DE INOVAÇÃO PARA EXPLORAR BIODIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2007

Desenvolvimento Sustentável - 05/06/2007 - Organizar e integrar a pesquisa dos institutos e universidades da Amazônia à produção de bens e serviços, para intensificar a incorporação de conhecimento em processos e produtos e assim garantir o uso sustentável da biodiversidade da região. Com esse objetivo, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) coordenou, em 2006, o estudo Rede de Inovação da Biodiversidade da Amazônia – a pedido do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Subsidiado pelo estudo, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) decidiu aportar R$ 5 milhões em uma ação transversal dos fundos setoriais, para a implantação de uma sub-rede de inovação específica para o segmento de fitoterápicos. A Fundação Oswaldo Cruz e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) estão integrados ao esforço.

Rede de Inovação da Biodiversidade
O estudo apresenta o conceito de redes de inovação e de conhecimento. E mapeia as iniciativas e recursos já presentes na região e que podem vir a dialogar com a Rede de Inovação.

No enfoque apresentado, a Rede é, principalmente, uma estrutura de gestão e governança. De acordo com o conceito proposto, a rede pode ser definida como "um conjunto de atores heterogêneos" – laboratórios, grupos de pesquisa, empresas, por exemplo -, articulados "por meio de acordo ou contrato", para desenvolver uma atividade conjunta, "desempenhando papéis complementares".

A definição enfatiza que o espectro de colaboração pode "se iniciar na pesquisa (multi ou interdisciplinar) e ir até a produção de bens e serviços"; e conclui: "Esses atores compartilham conhecimentos, experiências, recursos e habilidades múltiplas, que levam a contribuir para o alcance do objetivo estratégico definido pela rede".

Opinião
A pesquisadora Bertha Becker, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez parte da equipe responsável pela elaboração do estudo. Segundo ela, "a rede organizaria todas as pequenas e médias empresas que existem, desde o âmago da floresta", explicou, e chamou atenção para a necessidade de se agregar valor à produção desde o início da cadeia, no local da produção.

"Para evitar que as comunidades sejam exploradas, é necessário organizar o transporte, garantir o acesso delas ao mercado", recomenda. Os investimentos necessários para isso, na opinião da professora, devem surgir de parcerias público-privadas. "Já há pequenas redes que têm foco em comunidades e devem ser fortalecidas", acrescenta. No conceito empregado pelo estudo, essas redes devem ser integradas ao padrão de governança, que é a definição última da Rede de Inovação.

Bertha vê na dificuldade de acesso ao mercado o maior entrave à realização do potencial da economia familiar na Amazônia. Do lado acadêmico, ela chama a atenção para uma tarefa necessária: formar recursos humanos.

Falta muito ainda para os cientistas conhecerem a biodiversidade amazônica. O que fazer então? A professora não tem dúvida quanto a isso: "O fato de a biodiversidade ser muitíssimo pouco conhecida não pode impedir que comecemos. Não se pode esperar pelo conhecimento para então começar a utilizar a biodiversidade. Além do mais, enquanto se vai utilizando adequadamente os recursos da floresta, também se vai ampliando o conhecimento", conclui.

Sub-rede de fitoterápicos
O foco no tema fitoterápicos surge da atenção mundial ao assunto e do potencial da Floresta Amazônica em plantas cujos princípios ativos têm ação já comprovada ou ainda a identificar para a saúde. A bioprospecção com o objetivo de localizar essas plantas interessa ao setor farmacêutico e ao setor de cosméticos; o conhecimento tradicional da população local dá pistas à prospecção.

O estudo aponta dados que dimensionam a oportunidade que a exploração do potencial das plantas para a produção de fármacos e medicamentos pode trazer para a região: demanda mundial por extratos de plantas da ordem de US$ 2 bilhões anuais; crescimento da indústria mundial de fármacos a partir de plantas em torno de 10 a 20% ao ano; mercado mundial estimado para produtos fitoterápicos de US$ 22 bilhões; atualmente, já há 5 mil princípios ativos identificados em plantas brasileiras.

Hoje, a Amazônia faz pouco nessa área, considerando o seu potencial. Niomar Lins Pimenta, diretor da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) do Amazonas, fez seu doutorado no assunto: o título de sua tese, defendida em 2005 na Coppe-UFRJ, é: " A formação das redes de conhecimento nas áreas de fármacos e cosméticos no estado do Amazonas".

Ele explica que o maior gargalo para a implementação de uma sub-rede de inovação e conhecimento no tema é a falta de empresas e empresários que aproveitem os conhecimentos já existentes e os transformem em produtos.

O diagnóstico sobre a distância entre a pesquisa acadêmica e o setor produtivo não é novo nem se aplica exclusivamente à região amazônica. Niomar avalia, porém, que a Rede é uma ferramenta útil, em especial se forem construídos programas mobilizadores "que sejam instrumentos para delimitar as redes e identificar os atores que podem participar delas".

O trabalho agora
Para a implementação da sub-rede de fitoterápicos, no conceito desenvolvido pelo estudo do CGEE, é preciso definir a forma de governança. No mês de abril, Carmem Sílvia Bueno, coordenadora do estudo, fez uma rodada de visitas para conversas nas instituições da região, entre elas, as secretarias de estado de Ciência e Tecnologia, a própria Fucapi, as universidades e institutos de pesquisa e o Centro de Biotecnologia da Amazônia.

O desenho e a formatação da sub-rede devem considerar e incluir todas as etapas compreendidas na produção de um fitoterápico: bioprospecção de plantas; sua domesticação; a produção por comunidades locais; logística para transporte; e a produção do fitoterápico final. A cadeia não termina na produção: há ainda, a necessidade de incluir as atividades relativas a testes de toxidade e testes clínicos, exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a comercialização dos fitoterápicos.

Como próxima etapa do estudo, considera-se a definição de um projeto que servirá como uma experiência piloto para o uso sustentável da biodiversidade amazônica por meio de uma sub-rede de inovação de fitoterápicos.
(As informações são do Notícias CGEE)
Assessoria de Imprensa do MCT

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Estudos em igarapés no estado do Amazonas revelam nova espécie de peixe

Descoberta Científica - 05/06/2007 - Após duas expedições feitas na Bacia do rio Urucu, a 600 km de Manaus (AM), biólogos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT)) descobriram uma nova espécie de peixe ornamental do gênero Corydoras, pertencente à família dos Callichthyidae. De acordo com o biólogo, Luciano Montag, os corydoras são conhecidos como peixes-gato, e são exclusivos da América do Sul.

A espécie foi encontrada entre mais de 5 mil exemplares já coletados pelo grupo de pesquisadores. Ela, geralmente, atinge cinco centímetros e sempre procura comida no fundo dos rios e igarapés. A descrição da nova espécie está sendo realizada pela equipe de Ictiologia do Museu Goeldi, e pelo pesquisador Marcelo Britto, do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

A descoberta foi feita no âmbito do projeto que estuda a integridade biótica dos igarapés localizados na Base Petrolífera Geólogo Pedro de Moura (BPGPM). A pesquisa é desenvolvida por Montag em parceria com o pesquisador Wolmar Wosiacki (ambos do MPEG) e faz parte do projeto "Dinâmica de Clareira sob impacto da exploração petrolífera PT-1", da Rede CT- Petro Amazônia.

A rede é coordenada pelo pesquisador da Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), Luiz Antônio de Oliveira. O projeto conta com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) e da Petrobras.

Em relação à descoberta, o pesquisador falou que ela revela a importância de se manter a integridade dos recursos hídricos da região amazônica, sendo um dos fatores determinantes para a conservação das comunidades de peixes.

Ele disse que a ictiofauna (fauna de peixes) encontrada nos igarapés de Urucu segue o padrão amazônico, onde a dominância é de Characiformes (piava, traíras e aracus) totalizando 50% da amostra, em seguida, com 30% de espécies capturadas estão os Siluriformes (peixes de couro).

Para Luiz Antônio, a quantidade de amostras coletadas ainda não é satisfatória. "Temos algumas estimativas que ainda poderão ocorrer o aparecimento de várias outras novas espécies. Nessa fase, foram analisados 15 trechos com extensão de 20 metros de igarapés", ressaltou.

As análises do material coletado vão permitir traçar um perfil da qualidade biótica de igarapés na BPGPM. A intenção é verificar de que forma as ações da retirada de material vegetal para a abertura de clareiras, para extração de petróleo e gás natural, agem sobre a ictiofauna de igarapés da região.

Montag explicou que a retirada de vegetação marginal dos igarapés próximos às áreas de exploração petrolífera podem causar assoreamentos nos igarapés. "Essas atividades podem ocasionar perda da diversidade biológica e modificações profundas nos processos ecológicos de todo o sistema". Essas modificações, segundo o pesquisador, também podem influenciar na alteração do comportamento das comunidades biológicas.

"Essa alteração pode ser na composição da fauna onde podemos ter a perda da espécie ou na quantidade de indivíduos por espécie, o que chamamos de diversidade. Em algumas situações, a perda de indivíduos pode tornar a espécie rara no ambiente. Já em outras, pode ocorrer o superpovoamento de uma determinada espécie. Essas modificações alteram toda a estrutura ecológica do igarapé", afirmou.

Etapas Futuras
O próximo passo, segundo Montag, é dar continuidade à identificação do material zoológico coletado. Os exemplares coletados estão sendo incorporados à coleção ictiológica do Museu Goeldi e posteriormente vão ser classificados pelas funções que exercem nos igarapés.

Feita a classificação, os pesquisadores deverão estabelecer a qualidade biótica dos igarapés estudados aplicando o IBI (índice de integridade biótica). O método avalia a qualidade do ambiente aquático por meio dos estudos do comportamento das comunidades de peixes existentes na área de pesquisa.

"Após a avaliação, um ‘igarapé referência ou modelo’ é estabelecido e, a partir dele, começam as análises dos outros igarapés que de alguma forma são atingidos pela exploração dos recursos minerais. A idéia, agora, é a partir de uma nova expedição determinar o igarapé referência e verificar o que causa maior impacto aos igarapés se é a abertura de clareiras ou se são as estradas", explicou Montag.

"A principio não existem clareiras próximas aos igarapés. O que nos leva a acreditar que as estradas são a principal causa de impacto nos igarapés da região", finalizou.
(Rosilene Corrêa / Rede CT-Petro)
Assessoria de Comunicação do INPA

 
 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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