SERRA VETA PROJETO DE LEI QUE VISA PRESERVAR O RIO RIBEIRA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2007

O governador José Serra não sancionou o PL 394/2007, que declara o rio Ribeira de Iguape "Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental" de São Paulo. O veto foi anunciado na sexta-feira passada, o mesmo dia em que uma audiência na Assembléia Legislativa do Estado reuniu centenas de pessoas contrárias à construção de barragens no Ribeira, entre elas o geógrafo Aziz Ab'Sáber.

O governador de São Paulo, José Serra, vetou integralmente o Projeto de Lei 394/2007, aprovado na Assembléia Legislativa do Estado e que declara o rio Ribeira de Iguape "Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Estado". O veto foi publicado no Diário Oficial do Estado da última sexta-feira, 27 de julho, e contraria a expectativa de quem acredita que o Ribeira - o último grande rio de São Paulo que ainda mantém grande parte de suas características naturais - deva ser preservado para as futuras gerações.

O Instituto Socioambiental (ISA) é uma das entidades que participam da Campanha contra barragens no Ribeira, cuja página na Internet disponibilizou, por uma semana apenas, uma carta pedindo a sanção do PL 394/2007. Nesse período, mais de 450 pessoas enviaram a mensagem ao governador José Serra.

Caso o PL 394/2007 tivesse sido sancionado pelo governador, a nova lei estadual proibiria a instalação de obras ou empreendimentos que alterassem de forma significativa as condições naturais do rio em seus aspectos estético, físico, químico ou biológico, como é o caso de grandes indústrias poluidoras, de canais ou de barragens. Atualmente o rio Ribeira vem sendo alvo de investida da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que deseja construir a Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto no seu alto curso. No começo de julho, uma série de audiências públicas sobre os impactos de Tijuco Alto foi realizada pelo Ibama em cidades do Vale do Ribeira como parte do processo de licenciamento ambiental do empreendimento. Na ocasião, a grande maioria das pessoas presentes se manifestou contra a execução da obra.

Ao vetar o PL 394/2007, o governador afirma que o projeto é inconstitucional, pois, ao determinar a proteção administrativa de um determinado bem, estaria invadindo atribuições do Poder Executivo. Em mensagem ao deputado Vaz de Lima, presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, o governador diz que “a concretização da medida objetivada na propositura que, em resumo, consiste na prática de ato de intervenção ordenada do Estado, visando à proteção do patrimônio cultural e natural, implicando restrições de uso, é típico ato jurídico praticado no exercício de função administrativa. Nessa perspectiva, o projeto, por incursionar em campo reservado à exclusiva atuação do Poder Executivo, incide em irremissível vício de inconstitucionalidade”.

Para Raul Silva Telles do Valle, advogado e coordenador do Programa de Política e Direito Socioambiental do ISA, a justificativa encontrada pelo Poder Executivo para vetar o projeto não procede. “A proposta não tombava bem algum, apenas reconhecia o valor do rio para a sociedade paulista e, em função disso, limitava a instalação de determinados tipos de empreendimentos que pudessem lhe causar grandes alterações”. De acordo com o advogado, medidas desse tipo não são novidades. Há várias unidades de conservação criadas por lei e um grande número de leis que trazem restrições de uso a determinados recursos naturais. “O Código Florestal, por exemplo, que é de 1965, faz exatamente a mesma coisa ao definir que os proprietários rurais não podem desmatar as faixas de florestas existentes ao longo dos rios. Recentemente o STF analisou a constitucionalidade dessas limitações administrativas e as considerou absolutamente constitucionais, mesmo tendo sido instituídas em lei” complementa.

“O Ribeira é um reservatório de futuro”

O veto de Serra decepcionou especialmente os participantes da audiência realizada na sexta-feira na Assembléia Legislativa de São Paulo para discutir os impactos da construção de barragens no rio Ribeira. Em um auditório lotado, pequenos agricultores, lideranças indígenas e comunidades quilombolas, entre outros presentes, manifestaram seu desapontamento com a decisão do governador. “Vamos seguir mobilizados para que o movimento contra as barragens no Ribeira se fortaleça”, disse o deputado Raul Marcelo (PSOL), autor do PL 394/2007. Ao final da audiência o deputado anunciou a intenção de criar um comitê suprapartidário em defesa do Vale do Ribeira.

O principal destaque da audiência, contudo, ficou por conta da presença do geógrafo Aziz Ab’Sáber, professor da Universidade de São Paulo e um dos mais respeitados intelectuais do País. Em sua intervenção, Ab’Sáber destacou a importância do Vale do Ribeira para a conservação do que resta de Mata Atlântica no território nacional e atacou diretamente a CBA, empresa interessada em Tijuco Alto. “O rio Ribeira é um reservatório de futuro, é um rio do Brasil, de todos os brasileiros, e não pode ser cedido a uma empresa muito rica, que fez riqueza exatamente por exercer enorme pressão sobre o meio ambiente”.
ISA, Bruno Weis.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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