PREVISÃO DE RECORDE HISTÓRICO NO COMBATE AO DESMATAMENTO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2007

10/08/2007 - Marca de 10 mil quilômetros quadrados de florestas derrubadas, anunciada nesta sexta-feira, pode ser a menor área desde 1988, quando os números começaram a ser apurados. Governo estima uma redução de aproximadamente 30% entre 2005-2006 e 2006-2007. Cálculo foi feito com combinação de informações inédita. A ministra Marina Silva comemorou o feito, mas rechaçou o estabelecimento de metas de desmatamento no País.

De agosto de 2006 a agosto de 2007, teriam sido desmatados cerca de 10 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica, com uma margem de erro de 10% para mais ou para menos. Trata-se da menor área quando os números começaram a ser registrados, em 1988. A previsão foi divulgada pelo governo nesta sexta-feira (10/8), em Brasília. Também foi divulgado o número consolidado para o período 2005-2006: 14,4 mil quilômetros quadrados. Estima-se, assim, uma redução de aproximadamente 30% entre um período e outro. Em relação a 2004-2005, já havia sido confirmada uma queda de 25%. É o terceiro ano consecutivo de queda, portanto.

“Já é certo que teremos o menor número da história. Voltamos a patamares de desmatamento dos anos 1970 e isso num momento de crescimento econômico”, comemorou a ministra Marina Silva, durante o anúncio dos números. Ela ressaltou que, por conta de índices bem abaixo dos observados nos últimos anos, o combate ao desmatamento ficará ainda mais difícil, o que vai exigir uma revisão geral do plano de combate ao desmatamento.

Marina rejeitou a possibilidade de o governo instituir metas de desmatamento. O Brasil também tem sido criticado nos debates internacionais sobre mudanças climáticas por resistir à proposta de um sistema internacional com o mesmo fim. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), se confirmada a estimativa anunciada, o Brasil terá evitado a emissão de cerca de 500 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. São mais de 10% da redução de emissões prevista, entre 2008 e 2012, pelo Protocolo de Kioto, tratado internacional sobre o tema.

Apesar da comemoração da ministra, o recorde negativo de desmatamento continua sendo uma estimativa e foi obtido por um cálculo que é uma novidade. Os técnicos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) conjugaram dados do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real) com uma tendência dos pequenos desmatamentos (abaixo de 50 hectares) obtida por meio do Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia Legal). Este produz a taxa anual oficial do desmatamento. O Deter foi projetado para fornecer informações em curto espaço de tempo e subsidiar ações rápidas de fiscalização.

Ocorre que as imagens do Deter são de regiões diferentes e de menor resolução que aquelas captadas pelo Prodes. O Deter não identifica os desmatamentos menores que 25 hectares. Além disso, a quantidade de nuvens presentes em cada área observada também gera distorções, que têm de ser levadas em conta na composição dos índices. Assim, o Deter apresenta sempre resultados subestimados. Desde sua criação, em 2004, o governo afirmava que ele não poderia fixar um índice sobre a área total desmatada, mas apenas projetar uma tendência. Novos investimentos no Inpe teriam permitido o avanço.

Para se ter uma idéia, o número calculado pelo Deter para o desflorestamento entre 2006 e 2007, também divulgado hoje, foi de 4,8 mil quilômetros quadrados, bem abaixo dos quase 10 mil quilômetros previstos com dados adicionais do Prodes. Para 2005-2006, a diferença foi de 10 mil quilômetros fixados pelo Deter para 14 mil quilômetros, pelo Prodes (número oficial).

Anúncio concorrido

Ao contrário do que aconteceu nos anos anteriores, o anúncio da boa notícia ocorreu no Ministério do Meio Ambiente e foi bastante concorrido. Além de Marina Silva, estavam presentes os ministros Dilma Rousseff, da Casa Civil, Reinold Stephanes, da Agricultura, e Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário. Todos foram unânimes em atribuir a queda histórica no desflorestamento às ações de comando e controle ambiental e de regularização fundiária efetivadas pelo governo federal. A queda nos preços dos produtos agrícolas, como a soja por exemplo, entre 2005 e 2006, foi considerada menos importante.

O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, enfatizou que houve um aumento percentual dos pequenos desmatamentos, com até 50 hectares. Para ele, isso aconteceu porque as ações do governo priorizaram as grandes derrubadas, com mais de 300 hectares. O fato confirma relatos de organizações da sociedade civil que trabalham em algumas regiões da Amazônia, como a Terra do Meio, por exemplo. Lá, as madeireiras ilegais estariam multiplicando os pequenos desmates justamente para evitar as fotografias dos satélites usados pelo Inpe e, assim, a fiscalização.

A nova estratégia foi considerada pelo secretário como um dos fatores que deverá ser levado em conta na revisão do plano de combate ao desmatamento que estaria sendo requerida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Capobianco citou ainda como condicionantes para isso a necessidade de reocupar áreas abandonadas pela agropecuária, a variação do preço das comoditties agrícolas, a gestão das florestas públicas e a manutenção da fiscalização. “Quebrado o ritmo do crescimento do desflorestamento, o desafio é mudar o modelo econômico da região”. Organizações ambientalistas vêm cobrando do MMA uma maior participação na avaliação e monitoramento do plano, mas nenhuma menção foi feita ao assunto durante a coletiva de apresentação dos índices.

Os números oficiais consolidados também confirmaram a redução de 39% do desmatamento no Mato Grosso e de apenas 4,4% no Pará, entre 2004-2005 e 2005-2006. O Pará assume, assim, o primeiro lugar em área desmatada para o último período, com 5,5 mil quilômetros quadrados contra 4,3 mil quilômetros quadrados no Mato Grosso. O Mato Grosso era praticamente o campeão da derrubada de florestas na Amazônia desde 1992. O ritmo dos desmates cresceu apenas em 9 estados da Amazônia, no Amazonas (3,7%) e em Roraima (73,6%)

Também foi divulgada uma queda de 56%, para 2005-2006, nas Unidades de Conservação (UCs) federais. Segundo o MMA, 98,8% das florestas dessas áreas estariam preservadas.
ISA, Oswaldo Braga de Souza.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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