PARA SECRETÁRIO DE RECURSOS HÍDRICOS, FALTA DE ÁGUA PREOCUPA MAIS QUE DE PETRÓLEO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2007

27 de Agosto de 2007 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A preocupação com a água é uma resposta aos sinais de que se nada for feito, as mudanças climáticas e o desperdício vão provocar desabastecimento mundial. E isso gera um alerta maior até do que em relação à falta de petróleo. A opinião é do secretário de Recursos Hídricos e Ambientes Urbanos do Ministério do Meio Ambiente, Luciano Zica.

"Enquanto na América Latina há um volume muito grande de água sem que haja nenhum cuidado na sua preservação, a perspectiva de mudanças climáticas indica que poderemos enfrentar graves problemas para suprir de água uma boa parte da população mundial", afirmou à Agência Brasil o secretário, que foi orador em um dos painéis do 4º Diálogo Interamericano sobre Gestão das Águas (D6), realizado este mês na Guatemala.

Zica retornou ao Brasil convencido de que os países, principalmente sul-americanos, precisam estabelecer uma agenda comum para cuidar da qualidade das águas transfronteiriças.

"Há maior conscientização quanto à importância da água. O mundo já começa a vê-la com uma importância maior que o petróleo no século passado. Até porque há alternativas energéticas para substitui-lo, enquanto a água não tem substituto. Daí a necessidade de uma gestão continental, que quem sabe evolua para uma administração mundial", defende o secretário.

Citando como exemplos as Bacias Hidrográficas Amazônica e do Prata e o Aqüífero Guarani, ele explica que o cuidado com a qualidade das águas deve transcender as fronteiras políticas. "Temos países que compartilham bacias hidrográficas conosco. Portanto, se queremos a Bacia Amazônica preservada, dependemos de que eles administrem bem os recursos. Da mesma forma, temos responsabilidade com os países que compartilham conosco a Bacia do Prata. Se não fizermos uma boa gestão, será um desastre para eles. Um evento como esse consolida a responsabilidade compartilhada e impõe a necessidade de todos termos políticas de gestão harmônicas".

Cerca de 58% dos mais de 6 milhões de quilômetros quadrados da Bacia Amazônica, a maior do mundo, fica em território brasileiro, mas o restante se espalha por Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname e Guiana. A Bacia do Prata fica no Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. E o Aqüífero Guarani, maior manancial transfronteiriço mundial de água doce subterrânea, ocupa 1,2 milhão de quilômetros quadrados no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.

Segundo Luciano Zica, o Brasil ocupa lugar de destaque no movimento em prol do gerenciamento sustentável da água, tendo sido o primeiro país da América Latina a elaborar um Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado em 2006. Ele diz ter sido procurado, na Guatemala, por representantes de outros países, interessados na experiência brasileira. "Representantes do Departamento de Engenharia das Forças Armadas norte-americanas vêm ao país em outubro para conhecer nossa experiência".

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Especialista acha possível evitar escassez mundial de água

26 de Agosto de 2007 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e vice-presidente do Conselho Mundial de Águas, Benedito Braga, não concorda com as avaliações de que o mundo está à beira da escassez de água. Ele, que participou neste mês da Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na Suécia, acredita que o pior cenário ainda pode ser evitado.

"Temos de chamar a atenção para a boa gestão dos recursos hídricos. Só faltará água se não fizermos os investimentos necessários ao funcionamento do setor", afirmou à Agência Brasil.

Para Braga, boa parte dos problemas existentes hoje podem ser superados com as tecnologias disponíveis, muitas delas simples e baratas, por exemplo no Nordeste. "Em termos de escassez de água, a região se parece com o Oriente Médio ou com locais áridos do Chile e do Peru. Só que no Nordeste chove e a água não é armazenada. Então seria muito importante termos recursos para a construção de reservatórios onde se armazene água por períodos mais longos".

O diretor da ANA completa seu raciocínio explicando que os açudes não bastam. "Não adianta construir somente o açude. São necessárias adutoras que levem a água, sem desperdício, até as casas e as indústrias. Temos exemplos de construção de açudes ao longo dos últimos 100 anos que não foram muito eficientes".

Braga defende que os brasileiros que têm acesso à água encanada dispõem de um produto saudável. O problema, segundo ele, são os cerca de 10% da população que ainda não contam com o serviço. "Quase 90% da população brasileira recebe água tratada, de boa qualidade. Mesmo assim, ainda há muita gente que não a recebe, principalmente nas zonas rurais. Isso tem de ser corrigido urgentemente. Nosso grande problema é a falta de saneamento, o esgoto lançado diretamente nos rios".

Ele garante que a água de poços profundos é de boa qualidade, mas faz uma ressalva: a possível contaminação do Aquífero Botucatu, na região de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), por fertilizantes e agrotóxicos empregados na agricultura.

Apesar do otimismo quanto às reservas mundiais de água, Braga acha essencial um investimento maior nos sistemas de armazenagem e gerenciamento. "Se aqueles que têm a condição de fazer os investimentos de forma correta não o fizerem, aí sim nós teremos uma grande crise em um futuro próximo. Muito mais complexa que uma crise de petróleo, que pode ser substituído por outras fontes energéticas".

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Especialistas pedem políticas continentais de gestão das águas

26 de Agosto de 2007 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Dois eventos dedicados a discutir a importância da água e a necessidade de gerenciar os recursos hídricos de forma adequada e integrada, com a participação da sociedade e de países vizinhos, demonstraram, em agosto, que as iniciativas de preservação da qualidade dos recurso hídricos têm de extrapolar as fronteiras nacionais.

Entre os dias 12 e 17 de agosto, a Cidade da Guatemala, na Guatemala, sediou o 6º Diálogo Interamericano sobre Gestão das Águas (D6). Já a capital da Suécia, Estocolmo, realizou entre os dias 12 e 18 deste mês a Semana Mundial da Água.

O D6, cujo lema este ano era "Do Diálogo à Ação: Fortalecendo Alianças e Construindo as Bases para Alcançar os Objetivos do Milênio", reuniu representantes dos países americanos e quase 400 especialistas. Em pauta, os desafios para conciliar o gerenciamento da água com o desenvolvimento econômico, a gestão dos recursos hídricos em zonas áridas e semi-áridas e o uso sustentável da água.

Para os organizadores do encontro, a participação variada e ampla, tanto nos programas de aproveitamento da água, como em outras políticas públicas, pode ajudar a acabar com a fome e a miséria; garantir educação básica de qualidade a todos; promover a igualdade entre sexos e a valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a Aids, a malária e outras enfermidades; melhorar a qualidade de vida e proporcionar um engajamento amplo que contribua para o desenvolvimento econômico mundial.

Para o secretário de Recursos Hídricos e Ambientes Urbanos do Ministério do Meio Ambiente, Luciano Zica, o encontro organizado pela Rede Interamericana de Recursos Hídricos (RIRH) permitiu que os representantes dos países americanos, entre eles, vários que compartilham reservatórios transfronteiriços, se reunissem com alguns dos principais agentes financiadores de ações e programas de revitalização de bacias e programas de saneamento, como o Banco Mundial (Bird) e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Orador em uma das plenárias do seminário, Zica apresentou um painel sobre os percalços do gerenciamento de águas e como estes contribuem para a evolução institucional dos países. Zica voltou ao Brasil convicto da necessidade de as nações, principalmente as sul-americanas, estabelecerem uma agenda comum para cuidar das águas. "Há a necessidade de elaborarmos uma política regional para a América do Sul, já que temos um volume muito grande de águas transfronteiriças. A conservação da qualidade e da quantidade de recursos hídricos do Brasil depende da cooperação internacional com os países vizinhos", explicou.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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