INDIGENISTA DO MT RECEBEM AMEAÇAS POR TELEFONE

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2007

04 de Setembro de 2007 - Greenpeace pede ao governador Blairo Maggi investigação sobre ameaças feitas a funcionários da Opan e da Funai em Juína.

O Greenpeace encaminhou nesta terça-feira ao governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, pedido de apuração de ameaças telefônicas sofridas por funcionários da Operação Amazônia Nativa (Opan) após a publicação de um vídeo-denúncia que mostra incidente ocorrido na cidade de Juína (a 550 quilômetros ao norte de Cuiabá) nos dias 20 e 21 de agosto.

O vídeo mostra fazendeiros e lideranças políticas da cidade matogrossense agindo com truculência para evitar que uma equipe de nove pessoas composta por ativistas do Greenpeace, indigenistas da Opan e jornalistas europeus visitasse a Terra Indígena Enawene Nawe.

Após a publicação do vídeo, funcionários da Opan tiveram que deixar a cidade de Juína. As ameaças continuam ocorrendo por meio de ligações telefônicas anônimas. Funcionários do posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína também vêm sofrendo intimidação por motoqueiros nas ruas da cidade. Além dos Enawene-Nawe, esse posto da Funai trabalha com as etnias Rikitibatsa, Mikis, Cinta-Larga, Nambiquara, Arara e Kayaby, cujos representantes vêm sofrendo hostilidades quando precisam ir à área urbana. Os Enawene estão evitando ir a Juína desde o episódio no mês passado.

O Greenpeace pede também ao governador Blairo Maggi providências urgentes para preservar a integridade física de antropólogos e indigenistas que prestam assessoria aos povos indígenas na região.

Veja abaixo carta enviada ao governador:

Exmo. Sr.
Blairo Maggi
Governador do Estado do Mato Grosso
São Paulo, 03 de setembro de 2007

Exmo. Sr. Governador,

Há duas semanas (20 e 21/08), representantes do Greenpeace e da Opan (Operação Amazônia Nativa), acompanhados de dois jornalistas franceses, foram expulsos de Juína, no noroeste do Mato Grosso, por um grupo de fazendeiros e políticos locais, depois de serem mantidos durante toda a noite sob vigia num hotel da cidade.

O grupo de nove pessoas estava de passagem pela cidade em direção à terra indígena (TI) Enawene Nawe, com o objetivo de documentar áreas recém-desmatadas e mostrar a convivência de um povo indígena – que vive da agricultura e da pesca – com a floresta e seu papel em preservar a biodiversidade.

A área onde está localizada a TI está em disputa entre os Enawene Nawe e os fazendeiros da região. Os indígenas reivindicam a reintegração de uma área de pesca cerimonial, fundamental nos rituais sagrados dos Enawene, que teria ficado de fora da demarcação. Os fazendeiros, por sua vez, alegam que a terra é deles e estão dispostos a lutar para mantê-las. A disputa expressa o conflito da expansão agrícola sobre áreas protegidas e territórios de povos indígenas.

Durante o incidente, o grupo foi levado à Câmara Municipal (20/08), onde uma sessão foi rapidamente organizada, para prestar esclarecimentos sobre os objetivos da viagem. Estavam presentes, como o prefeito da cidade, Hilton Campos; o presidente da Câmara, vereador Francisco Pedroso, conhecido como “Chicão”; o presidente da Associação dos Produtores Rurais da região do Rio Preto (Aprurp), Aderval Bento; vários vereadores e mais de 50 fazendeiros, além da Polícia Militar de Juína.

Durante seis horas, os fazendeiros repetiram que a entrada do grupo na terra Enawene Nawe não seria permitida e que seria “perigoso” insistir na viagem. Esmurrando a mesa, o prefeito de Juína, Hilton Campos, afirmou que não iria permitir a ida do grupo para o Rio Preto, sendo aplaudido fervorosamente pelos colegas fazendeiros.

Para evitar maiores conflitos, a viagem foi cancelada. Mas nem isso evitou que os fazendeiros continuassem intimidando e ameaçando o grupo, que teve de se refugiar no hotel, de onde não pôde sair nem para comer. Uma viatura da Polícia Militar ficou na área, para impedir qualquer tentativa de invasão, mas não conseguiu impedir que um fotógrafo fosse agredido.

Na manhã seguinte (21/08), 30 caminhonetes lotadas de fazendeiros, com faróis acessos a buzinando sem parar, escoltaram o grupo até o aeroporto, sob insultos e ameaças. Os ambientalistas e jornalistas foram advertidos a decolar imediatamente, ou o avião seria queimado.

Na mesma semana, o grupo pediu ao Ministério Público Federal a apuração dos fatos e determinação das providências cabíveis. Lamentavelmente, representantes da Opan em Cuiabá vêm recebendo, desde então, ameaças por telefone pelo trabalho que desenvolvem junto aos Enawene Nawe.

Senhor Governador,

O Greenpeace reconheceu publicamente a importância das recentes declarações do compromisso de seu governo no combate ao desmatamento e preservação das florestas brasileiras. Entretanto, o episódio em Juína expõe um clima de violência anunciada no Mato Grosso e mostra que a presença do Estado ou é frágil ou ainda está muito longe da região. Consideramos inaceitável que fazendeiros, com o apoio de autoridades locais, cerceiem a liberdade que todo cidadão tem de ir e vir e ajam como verdadeiros donos da floresta e senhores do direito alheio.

Por isso, vimos, por meio desta, solicitar a adoção de medidas efetivas, por parte de seu governo, que assegurem a integridade física dos Enawene Nawe e dos representantes da Opan, ameaçados por tentarem defender seu direito à vida, ao trabalho e à defesa dos interesses dos povos indígenas.

Reiteramos também nosso pedido de investigação das ameaças telefônicas, da apuração dos fatos e providências que levem à punição dos responsáveis por tais atos.

Atenciosamente,

Frank Guggenheim
Diretor Executivo Greenpeace Brasil

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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